Agora, algo ligeiramente mais "ligeiro"...
20070531
20070530
20070528
20070527
Causas
Podia defender muitas causas, múltiplas causas. Causas como Timor, a libertação de Ingrid Betancourt, o fim das atrocidades no Darfour, os imigrantes dos cayucos, as vítimas de violência doméstica, etc, etc. Não faltam temas nem pretextos a inspirar campanhas pela sua visibilidade.
Hoje, no entanto, só me apetece defender uma causa: cultivar o esquecimento, ou, como escrevia S. Alba, «cultivar a surdina». Também tenho momentos destes.
Será isto a inconsequência na defesa das causas?
Hoje, no entanto, só me apetece defender uma causa: cultivar o esquecimento, ou, como escrevia S. Alba, «cultivar a surdina». Também tenho momentos destes.
Será isto a inconsequência na defesa das causas?
Não o fazia tão senil...
"Almeida Santos, que falava à saída da reunião da Comissão Nacional do PS, é contra a construção do aeroporto na Margem Sul, mas invoca razões relacionadas com a defesa nacional, nomeadamente o risco de destruição de uma das pontes sobre o Rio Tejo.
O presidente socialista explicou que um aeroporto na Margem Sul do Tejo implica passar sobre pontes e que estas podem ser destruídas por terroristas".
E eu, que afinal estava convencido que o «presidente socialista» advoga o «diálogo com os terroristas» e que não estaria particularmente preocupado com uma tal eventualidade...
Para se chegar a esta argumentação, o estado de desespero é total. Fica claro que não há mais argumentos para defender a Ota.
O presidente socialista explicou que um aeroporto na Margem Sul do Tejo implica passar sobre pontes e que estas podem ser destruídas por terroristas".
E eu, que afinal estava convencido que o «presidente socialista» advoga o «diálogo com os terroristas» e que não estaria particularmente preocupado com uma tal eventualidade...
Para se chegar a esta argumentação, o estado de desespero é total. Fica claro que não há mais argumentos para defender a Ota.
20070524
Felicidade
«Só somos felizes, verdadeiramente felizes, quando é para sempre, mas só as crianças habitam esse tempo no qual todas as coisas duram para sempre».
José Eduardo Agualusa, O vendedor de passados.
José Eduardo Agualusa, O vendedor de passados.
20070521
Às vezes, a realidade, a cores e ao vivo...
Do Sol on line:
«No Médio Oriente, trocam-se acusações quanto à origem da recente onda de violência no Líbano, com Beirute a acusar a Síria de tentar destabilizar o pequeno país, e Damasco a negar qualquer laço coma a Fatah al-Islam que, por sua vez, é acusada pelos sírios de ter laços com a Al Qaeda de Osama Bin Laden.
Vários membros deste grupo radical islâmico foram detidos nos últimos dias. Entre os militantes contam-se cidadãos da Síria, Arábia Saudita e Argélia, bem como um libanês suspeito de ter estado envolvido na preparação de um atentado na Alemanha, no ano passado, que foi evitado pelas autoridades germânicas.
Poucas centenas de quilómetros a sul do Líbano, a situação não é melhor. Na Gaza palestiniana, continuam os confrontos entre os militantes radicais do Hamas e os moderados da Fatah, apesar dos apelos dos seus líderes para o fim dos combates.
Ao mesmo tempo, militantes do Hamas continuam a disparar rockets a partir de Gaza para a cidade israelita de Sderot, do outro lado da fronteira. Esta segunda-feira, uma mulher perdeu a vida quando o seu carro foi atingido por um destes mísseis.
Israel, entretanto, continua a responder às acções do Hamas e ameaça agora eliminar altas figuras do governo palestiniano, incluindo o primeiro-ministro Ismail Haniyeh, membro do movimento radical.
Na Jordânia, no entanto, o Rei Abdullah apelou ao fim da violência no Médio Oriente. Em entrevista à BBC, o monarca afirmou que «dentro de dois anos, pouco restará de um possível Estado palestiniano» se prosseguirem as disputas internas. O rei da Jordânia aconselhou ainda Israel a ter «cabeça fria» e a não responder aos ataques do Hamas».
(SOL com agências)
Convém ter a noção que as coisas no Médio Oriente (e nomeadamente na Palestina) não acontecem por acaso e não são, exactamente, a "preto e branco"...
«No Médio Oriente, trocam-se acusações quanto à origem da recente onda de violência no Líbano, com Beirute a acusar a Síria de tentar destabilizar o pequeno país, e Damasco a negar qualquer laço coma a Fatah al-Islam que, por sua vez, é acusada pelos sírios de ter laços com a Al Qaeda de Osama Bin Laden.
Vários membros deste grupo radical islâmico foram detidos nos últimos dias. Entre os militantes contam-se cidadãos da Síria, Arábia Saudita e Argélia, bem como um libanês suspeito de ter estado envolvido na preparação de um atentado na Alemanha, no ano passado, que foi evitado pelas autoridades germânicas.
Poucas centenas de quilómetros a sul do Líbano, a situação não é melhor. Na Gaza palestiniana, continuam os confrontos entre os militantes radicais do Hamas e os moderados da Fatah, apesar dos apelos dos seus líderes para o fim dos combates.
Ao mesmo tempo, militantes do Hamas continuam a disparar rockets a partir de Gaza para a cidade israelita de Sderot, do outro lado da fronteira. Esta segunda-feira, uma mulher perdeu a vida quando o seu carro foi atingido por um destes mísseis.
Israel, entretanto, continua a responder às acções do Hamas e ameaça agora eliminar altas figuras do governo palestiniano, incluindo o primeiro-ministro Ismail Haniyeh, membro do movimento radical.
Na Jordânia, no entanto, o Rei Abdullah apelou ao fim da violência no Médio Oriente. Em entrevista à BBC, o monarca afirmou que «dentro de dois anos, pouco restará de um possível Estado palestiniano» se prosseguirem as disputas internas. O rei da Jordânia aconselhou ainda Israel a ter «cabeça fria» e a não responder aos ataques do Hamas».
(SOL com agências)
Convém ter a noção que as coisas no Médio Oriente (e nomeadamente na Palestina) não acontecem por acaso e não são, exactamente, a "preto e branco"...
20070519
salazarismos de repartição
Consta do Público de hoje (19/5/2007) que a directora regional da DREN (Direcção Regional de Educação do Norte) ordenou a suspensão de um professor por este ter dito uma piada sobre a licenciatura do 1.º ministro.
Que "foi no seu local e horário de trabalho..." invocou a zelosa burocrata, considerando a ocorrência um "insulto" (não se sabendo se o visado teve conhecimento da grave infâmia).
Alguém se admira que o "fantasma" de Salazar ganhe o concurso «grandes portugueses»?
Que "foi no seu local e horário de trabalho..." invocou a zelosa burocrata, considerando a ocorrência um "insulto" (não se sabendo se o visado teve conhecimento da grave infâmia).
Alguém se admira que o "fantasma" de Salazar ganhe o concurso «grandes portugueses»?
20070518
Como «destragedear» a Vida?
O desaparecimento de crianças é um pesadelo fantasmático do tempo actual, que nos remete para o domínio dos piores receios e inseguranças de um mundo em processo contínuo de avolumar crescente dos (mega)riscos.
A propósito do desparecimento da criança inglesa Madeleine, no Algarve - cujo esclarecimento se antevê como algo de complexo e, porventura, surpreendente - convoquemos o caso dessa autêntica «Mulher-Mãe-Ícone» Filomena Teixeira, cuja exemplar persistência na lembrança da ausência inexplicada e no esforço de resgatar um filho desaparecido em 4/3/1998, o Rui Pedro, é indesejavelmente, insuportavelmente inspiradora.
O extremo da dor da incerteza de não saber de um filho desaparecido é possivelmente (se é que a dor é mensurável) mais devastador do que sabê-lo morto.
Isso mesmo atesta Filomena, ao sentir e viver, também fisicamente, as consequências dessa trágica ocorrência.
Filomena, uma mulher que nos interpela a todos, de algum modo passivos cúmplices do mal que grassa nas nossas comunidades, quiçá nas nossas casas.
De uma forma singularmente bela e intensa, ela tem resistido a tudo com uma imensa dignidade, mas, sobretudo, tem resistido à indiferença, ao desânimo e ao conformismo. Merece mais do que qualquer pseudo-edificante homenagem, o reconhecimento da solidária dedicação a uma causa que teve que absolutizar, em prejuízo de outros interesses e de outras prioridades.
Continua, Filomena, a iluminar e inquietar as más (e também as boas) consciências oficiais (e as outras).
Tens que saber que te devemos muito. O teu exemplo é de uma impressionante e incomparável coragem.
És daquelas pessoas que um poeta disse, uma vez, serem as «indispensáveis».
Perante isso, como «destragedear» a vida?
A propósito do desparecimento da criança inglesa Madeleine, no Algarve - cujo esclarecimento se antevê como algo de complexo e, porventura, surpreendente - convoquemos o caso dessa autêntica «Mulher-Mãe-Ícone» Filomena Teixeira, cuja exemplar persistência na lembrança da ausência inexplicada e no esforço de resgatar um filho desaparecido em 4/3/1998, o Rui Pedro, é indesejavelmente, insuportavelmente inspiradora.
O extremo da dor da incerteza de não saber de um filho desaparecido é possivelmente (se é que a dor é mensurável) mais devastador do que sabê-lo morto.
Isso mesmo atesta Filomena, ao sentir e viver, também fisicamente, as consequências dessa trágica ocorrência.
Filomena, uma mulher que nos interpela a todos, de algum modo passivos cúmplices do mal que grassa nas nossas comunidades, quiçá nas nossas casas.
De uma forma singularmente bela e intensa, ela tem resistido a tudo com uma imensa dignidade, mas, sobretudo, tem resistido à indiferença, ao desânimo e ao conformismo. Merece mais do que qualquer pseudo-edificante homenagem, o reconhecimento da solidária dedicação a uma causa que teve que absolutizar, em prejuízo de outros interesses e de outras prioridades.
Continua, Filomena, a iluminar e inquietar as más (e também as boas) consciências oficiais (e as outras).
Tens que saber que te devemos muito. O teu exemplo é de uma impressionante e incomparável coragem.
És daquelas pessoas que um poeta disse, uma vez, serem as «indispensáveis».
Perante isso, como «destragedear» a vida?
20070516
Assim na Terra...
Era ainda o tempo futurível
dos avatares sublimes
e de nos adentrarmos
nessa noite insone
inscrevendo
segredos ágrafos
em cânones sânscritos
era o tempo circular
desde a idade fundacional
à fusão do átomo
e de como não haver amanhã.
dos avatares sublimes
e de nos adentrarmos
nessa noite insone
inscrevendo
segredos ágrafos
em cânones sânscritos
era o tempo circular
desde a idade fundacional
à fusão do átomo
e de como não haver amanhã.
20070515
20070514
Talvez haja uma hipótese...
«Les réserves de main-d'oeuvre bon marché s'épuisent en Chine. Un rapport de l'Académie chinoise des sciences sociales de Pékin tire la sonnette d'alarme : «La Chine est en train de passer d'une ère d'excédent de main-d'oeuvre à une ère de pénurie, qui sera effective d'ici à 2010», rapporte le China Daily de samedi. Estimée jusqu'à présent à 100 ou 150 millions de travailleurs, la réserve d'«ouvriers à tout faire» de moins de 40 ans ne serait plus que de 52 millions, hommes et femmes confondus».
Libération on line, de 14/05/2007.
Libération on line, de 14/05/2007.
20070513
deusa acidental
Não te soubeste anunciar
terrena deusa acidental
incendiando esta mediterrânica
ordem previsível
e o voo sossegado das águias
na surdina
dum ambíguo destino
com a tua ausência
vais adiando
as pressas e anseios
ordinários
tua presença
seria, porém,
incerto sobressalto
numa duradoura
paz imperial
terrena deusa acidental
incendiando esta mediterrânica
ordem previsível
e o voo sossegado das águias
na surdina
dum ambíguo destino
com a tua ausência
vais adiando
as pressas e anseios
ordinários
tua presença
seria, porém,
incerto sobressalto
numa duradoura
paz imperial
20070512
Mão morta - «Cantos de maldoror»
A ver no Theatro Circo, de Braga - 11 e 12 de Maio. 19 de Maio, no C.A.Espectáculos de Portalegre.
20070510
20070506
A morte, depois de amanhã...
A morte era, antes, invariavelmente mais acidental, mais doméstica, mais testemunhada.
Isto vem a propósito de ter ouvido dizer: "Amanhã, talvez vá a um funeral!...". Dito assim, parece que a morte é coisa programável. E é, de facto.
Alguém, em estado vegetativo e sem retorno a este mundo dos viventes, aguardava que desligassem as máquinas de suporte e apoio à vida.
Só que - desagradável contrariedade - o médico que deveria proceder à operação de «switch off» da máquina não pôde comparecer à hora aprazada. Resultado: a dita intervenção teve de ser adiada para um dia depois.
E, na verdade, o funeral só se realizou no dia seguinte.
Isto vem a propósito de ter ouvido dizer: "Amanhã, talvez vá a um funeral!...". Dito assim, parece que a morte é coisa programável. E é, de facto.
Alguém, em estado vegetativo e sem retorno a este mundo dos viventes, aguardava que desligassem as máquinas de suporte e apoio à vida.
Só que - desagradável contrariedade - o médico que deveria proceder à operação de «switch off» da máquina não pôde comparecer à hora aprazada. Resultado: a dita intervenção teve de ser adiada para um dia depois.
E, na verdade, o funeral só se realizou no dia seguinte.
20070505
Ahmadinejad goes liberal
Mahmoud Ahmadinejad, esse incompreendido, acaba de retirar mais uma avançada proposta, por ter sentido a censura do establishment dos ayatollahs no poder.
Tinha ele fantasiado a vanguardista medida de autorizar a entrada de mulheres - grandes amadoras da modalidade, no Irão (mascarando-se de homens para se introduzir nos recintos desportivos, sujeitando-se a vexatórias penas) - nos estádios de futebol, quando sentiu recair sobre si as reprovadoras críticas dos ortodoxos.
Entretanto, as autoridades de costumes iranianos endureceram a política de padronização de vestuário "aceitável" e outros devaneios pró-ocidentais.
Anteontem foi, ao que li, severamente censurado pela atitude "indecorosa" e "quase lúbrica" de beijar a mão enluvada da sua velha professora.
Depois da libertação dos marinheiros ingleses e destas ideias, alguém teima em afirmar que o homem tem maus instintos?
Tinha ele fantasiado a vanguardista medida de autorizar a entrada de mulheres - grandes amadoras da modalidade, no Irão (mascarando-se de homens para se introduzir nos recintos desportivos, sujeitando-se a vexatórias penas) - nos estádios de futebol, quando sentiu recair sobre si as reprovadoras críticas dos ortodoxos.
Entretanto, as autoridades de costumes iranianos endureceram a política de padronização de vestuário "aceitável" e outros devaneios pró-ocidentais.
Anteontem foi, ao que li, severamente censurado pela atitude "indecorosa" e "quase lúbrica" de beijar a mão enluvada da sua velha professora.
Depois da libertação dos marinheiros ingleses e destas ideias, alguém teima em afirmar que o homem tem maus instintos?
20070504
Estímulo americano
Há dias, o Departamento de Estado (norte-)americano elogiou, num relatório, o trabalho da luta anti-terrorista levada a cabo pelas autoridades portuguesas. Ao que parece, terão sido instauradas umas dezenas de processos por suspeita de branqueamento de dinheiro ligado ao terrorismo.
O ministro da Justiça, A. Costa, apressou-se a classificar a referência como um «estímulo» ao trabalho das polícias portuguesas, designadamente, da P.J.
A verdade é que não há notícia de resultados quanto a tais investigações, que, devendo estar em segredo de justiça, vêm escarrapachados num relatório americano de duvidoso rigor (pelo menos quanto a Portugal).
Mas, mesmo que isso não fosse assim, o que Alípio Ribeiro não esperava era este «estímulo» do «amigo americano».
O que lhe estava guardado...
O ministro da Justiça, A. Costa, apressou-se a classificar a referência como um «estímulo» ao trabalho das polícias portuguesas, designadamente, da P.J.
A verdade é que não há notícia de resultados quanto a tais investigações, que, devendo estar em segredo de justiça, vêm escarrapachados num relatório americano de duvidoso rigor (pelo menos quanto a Portugal).
Mas, mesmo que isso não fosse assim, o que Alípio Ribeiro não esperava era este «estímulo» do «amigo americano».
O que lhe estava guardado...
U.M.R.P.
A Resolução do Conselho de Ministros n.º 64/2007, de 4 de Maio extiguiu a Unidade de Missão para a Reforma Penal.
Não há mais nada a fazer?
Não há mais nada a fazer?
C.M.L.
Confesso que o folhetim da Câmara de Lisboa não me interessa por aí além. Afinal de contas, não sou alfacinha nem vivo (mas já vivi e trabalhei) em Lisboa. Os incómodos que sofro quando vou à «capital» seriam invariavelmente os mesmos, independentemente dos governantes municipais.
No entanto, sou forçado a reconhecer que apenas Marques Mendes tomou, neste capítulo, uma posição coerente e firme.
Perante uma «(o)posição de direita» inexistente, uma «oposição de esquerda» a apostar numa estratégia de quanto pior melhor, e uma atitude de incompreensível apego ao poder pelo poder, por parte do presidente do executivo, M. Mendes tomou a (única) posição lógica, desassombrada e adequada ao momento: pedir eleições intercalares, para sair do «pântano alfacinha».
Afinal, em matéria de moralidade e ética política ele pode não ter muito a ensinar, mas outros há que têm muito a aprender.
No entanto, sou forçado a reconhecer que apenas Marques Mendes tomou, neste capítulo, uma posição coerente e firme.
Perante uma «(o)posição de direita» inexistente, uma «oposição de esquerda» a apostar numa estratégia de quanto pior melhor, e uma atitude de incompreensível apego ao poder pelo poder, por parte do presidente do executivo, M. Mendes tomou a (única) posição lógica, desassombrada e adequada ao momento: pedir eleições intercalares, para sair do «pântano alfacinha».
Afinal, em matéria de moralidade e ética política ele pode não ter muito a ensinar, mas outros há que têm muito a aprender.
Oitavo dia
O sopro fundador durara sete dias e sete noites
Exangue, o jovem Deus aquietou-se no súbito instante
Em que cada unidade se tornou diferente de outra
E o mar se distinguiu da terra e do céu.
Adormeceu sobre o livro de cada um dos viventes
Que acabara de talhar. Desconfortável, uma ideia de ausência
Sobressaltou-o.
O oitavo dia brilhava quando abriu o capítulo oculto e fez o
homem possuidor da ferramenta matricial: a palavra.
Naquele tempo, pré-Babel, o homem navegou numa só língua
e proclamou universal a descoberta do mistério da vida na
aventura da palavra. Poesia.
J.A.Branco, Pedra Solar.
Exangue, o jovem Deus aquietou-se no súbito instante
Em que cada unidade se tornou diferente de outra
E o mar se distinguiu da terra e do céu.
Adormeceu sobre o livro de cada um dos viventes
Que acabara de talhar. Desconfortável, uma ideia de ausência
Sobressaltou-o.
O oitavo dia brilhava quando abriu o capítulo oculto e fez o
homem possuidor da ferramenta matricial: a palavra.
Naquele tempo, pré-Babel, o homem navegou numa só língua
e proclamou universal a descoberta do mistério da vida na
aventura da palavra. Poesia.
J.A.Branco, Pedra Solar.
20070502
Parabéns, José Eduardo Agualusa
José Eduardo Agualusa ganhou XII Prémio de Ficção Estrangeira do The Independent, com «O Vendedor de Passados».
A distinção britânica da escrita sensível, humorada e elegante de J. E. Agualusa é mais do que merecida. Também fico muito honrado e satisfeito.
A distinção britânica da escrita sensível, humorada e elegante de J. E. Agualusa é mais do que merecida. Também fico muito honrado e satisfeito.
Subscrever:
Mensagens (Atom)