20070731
A «coragem» dos talibãs
Quem faz estas estas coisas infames é a «mesma gente» (?!).
As vítimas costumam ser os «cordeiros humanos da actualidade»: voluntários trabalhando para a ONU, ONG´s e beneméritos que pensam poder ser úteis.
Acabam por arriscar a vida e ser mortos.
20070729
«Double standarts», negócios e infâmia
20070728
MC Roger - «Patrão é patrão»
Antes, criticavam-nos por sermos "maus socialistas".
Agora, criticam-nos por sermos "bons capitalistas".
20070727
Disse «Simplex» inconstitucional, Prof. Canotilho?
M.ª Manuel Marques - «ideóloga» do Simplex (no qual aquelas medidas se integram) e mulher do seu companheiro constitucionalista Vital Moreira - é que deve estar, a esta hora, a franzir o sobrolho. Não é caso para menos...
Mas, o que é isso interessa? O premiozito de «excelência»(?) já cá canta.
20070726
Pelourinhos contemporâneos
20070724
É impressão minha, de certeza
Khadafi, as enfermeiras búlgaras, o médico palestiniano e o «gesto humanitário»
A libertação, cujos detalhes se podem ver aqui, ocorreu depois de complexas negociações encetadas pela Comissão Europeia, que teve de abrir os cordões à bolsa com um milhão de Euros para as famílias de cada vítima, contra a declaração destas de que não havia oposição à comutação da pena (de morte, entretanto convolada para prisão perpétua) apesar de os «condenados» sempre terem protestado inocência e alegado tortura para confessar.
Depois disto, Sarkozy e Durão Barroso (sempre esse formidável filantropo) ainda vêm agradecer o «gesto humanitário» da Líbia.
É caso para perguntar: quem vai indemnizar os «condenados»?
20070723
20070722
Como se saboreasses a fome
como se visses o invisível
como se tacteasses o ar
como se ouvisses o silêncio
seriam improváveis
os teus trabalhos
se fossem esses
ou os que, outrora,
num registo reminiscente
procuraste desenvolver
pelo inverso mergulho
todo dirigido às constelações.
A «natalidade» depois do aborto?
Não sei se haverá algum resultado visível dessas políticas materialistas de subsídios, sem as complementar com um efectivo apoio social e com medidas de enquadramento consequente da maternidade/paternidade.
O que sei é que se devia ter começado por aqui, em vez de se ter começado a dar o sinal contrário, com a liberalização do aborto.
20070721
E ao 365.º post, a mudança
Este é o 365.º post dest blog.
Era altura de o alterar. Como se diz, de fazer um lifting, um reestyling, seja o que for.
Mudar é sempre bom. Para já, a imagem. Os conteúdos, talvez depois.
Opiniões serão bem vindas.
Aproveita-se para indicar este outro sítio onde também estarei, doravante.
20070720
As idades das pedras
das pedras?
elas que sempre estiveram ali
martirizadas, explodidas, aparelhadas
numa pedreira ou num muro
Existiu uma infância das pedras?
Das pedras
que pavimentam
as ruas e os sonhos?
Das pedras que guiam
a nossa memória
Existirá uma velhice
das pedras
que perdem qualidades
e se esboroam
por detrás da cal?
Que idade têm as pedras?
Saramago e a Ibéria
Saramago - já não é de hoje - defende a Ibéria e o iberismo, acreditando que um destino português na «grande Espanha» só teria vantagens. A ideia é repulsiva para um certo nacional-situacionismo, mas também entendo que em tempos de queda de tabus, nada deve ser sagrado. É de saudar o debate.
Saramago pode ter muitos defeitos: ser arrogante e vaidoso, presunçoso, estalinista, iberista, etc.; ninguém o pode acusar de hipócrita. A frontalidade e a sinceridade são apanágio dele, como de muitos outros. E não é isso que o fará redimir de tudo o mais.
No D.N. de 18/7/2007, F. Venâncio chamou-lhe «traidor» com todas as letras. E em castelhano.
Na carta aberta que lhe escreveu, revela que, tendo sido convidado para uma conferência na Galiza lhe terão pedido que falasse em português. Saramago não falou em português, não falou em galego, mas sim em castelhano.
Eu também acho que isso foi uma dupla afronta.
É que Saramago não ganhou o Nobel a escrever em castelhano.
20070719
Crime, dizem eles.
Como habitualmente, há opiniões «técnicas» para todos os gostos.
Há quem tenha dito que o facto de o aborto (continuar a) ser praticado num vão de escada «não autorizado» só configura um «mero ilícito administrativo», por falta de licenciamento para a finalidade (!!!).
Osvaldo Castro, essa inenarrável personagem (mas responsável por uma Comissão parlamentar !!), disse qualquer coisa como a questão ser de ordem regulamentar e «já não ser nada com a A.R.». Como se a definição do conteúdo de tipicidade e ilicitude criminal pudesse alguma ser relegada para o domínio regulamentar...
Parece que a Direcção-Geral de Saúde emitiu um parecer a defender o entendimento de que nessas situações há crime.
Eu pensava que a questão tinha ficado resolvida com a resposta no referendo.
20070717
Homens que são como lugares mal situados IV
[...]
Não levantemos os homens que se sentam à saída
Porque se movem em seus carreiros interiores
Equilibram com dificuldade uma ideia
Qualquer coisa muito nítida, semelhante
A uma folha vazia
E põem ninhos nas árvores para se libertarem
Da gaiola terrível, invisível muitas vezes
De tão dura
Não nos aproximemos dos homens que põem as mãos nas grades
Que encostam a cabeça aos ferros
Sem outras mãos onde agarrar as mãos
Sem outra cabeça onde encostar o coração
Não lhes toquemos senão com os materiais secretos
Do amor.
Não lhes peçamos para entrar
Porque a sua força é para fora e a sua espera
É a fé inabalável no mistério que inclina
Os homens por dentro
Não os levantemos
Nem nos sentemos ao lado deles.
Sentemo-nos
No lado oposto, onde eles podem vir para erguer-nos
A qualquer instante
[...]
Daniel Faria, Excerto do Livro de Homens que são como lugares mal situados, Fundação Manuel Leão, Porto, 1998
20070716
Máximas
Sabedoria árabe, Pergaminho.
20070715
Homens que são como lugares mal situados III
Homens que trabalham sob a lâmpada
Da morte
Que escavam nessa luz para ver quem ilumina
A fonte dos seus dias
Homens muito dobrados pelo pensamento
Que vêm devagar como quem corre
As persianas
Para ver no escuro a primeira nascente
Homens que escavam dia após dia o pensamento
Que trabalham na sombra da copa cerebral
Que podam a pedra da loucura quando esmagam as pupilas
Homens todos brancos que abrem a cabeça
À procura dessa pedra definida
Homens de cabeça aberta exposta ao pensamento
Livre. Que vêm devagar abrir
Um lugar onde amanheça.
Homens que se sentam para ver uma manhã
Que escavam um lugar
Para a saída.
[...]
Daniel Faria, Homens que são como lugares mal situados, Ed. Fund. Manuel Leão, Porto, 1998.
20070714
Pena de água
A pena de água é o direito que têm - ainda hoje - os vizinhos da freguesia de S. Victor, em Braga, de aproveitamento (comum) da água do complexo hidráulico-arquitectónico oitocentista das Sete Fontes.
Este conjunto monumental, aliás justificadamente classificado como Monumento Nacional, está presentemente ameaçado pelo projecto de uma variante com 50 metros de largura (de acesso ao novo Hospital), que, apesar de planeada em viaduto, terá impacto irreversível para todo o conjunto patrimonial, pois irá afectar a captação de água e pôr em perigo a estabilidade das construções e aquedutos.
E há uma, pelo menos uma das arcas de água que se sabe já que será inapelavelmente destruída. Chama-se a «mina dos órfãos», porque era a «mina» que abastecia a Obra do Colégio dos Órfãos (de S. Caetano), mandada edificar pelo seu benemérito Frei Caetano Brandão (arcebispo e senhor de Braga).
Vai ser destruída a «mina dos órfãos». É oficial.
Metáfora irónica de uma sociedade voltada para o imediato e indiferente à solidariedade.
Homens que são como lugares mal situados II
Homens que são como projectos de casas
Em suas varandas inclinadas para o mundo
Homens nas varandas voltadas para a velhice
Muito danificados pelas intempéries
Homens cheios de vasilhas esperando a chuva
Parados à espera
De um companheiro possível para o diálogo interior
Homens muito voltados para um modo de ver
Um olhar fixo como quem vem caminhando ao encontro
De si mesmo
Homens tão impreparados tão desprevenidos
Para se receber
Homens à chuva com as mãos nos olhos
Imaginando relâmpagos
Homens abrindo lume
Para enxugar o rosto para fechar os olhos
Tão impreparados tão desprevenidos
Tão confusos à espera de um sistema solar
Onde seja possível uma sombra maior
[...]
Daniel Faria, excerto do Livro Homens que são como lugares mal situados, Porto, 1998.
20070713
Uma certa hora do dia
é a hora do fecho das lojas
a hora de saída das caixeiras
a hora em que elas lavam as vidraças dos estabelecimentos
que trabalham
e mostram - quero acreditar que inadvertidamente - o interior gostoso
dos decotes
e o fundo tatuado das costas
a chatice é que,
depois,
entram nos carros dos namorados.
20070712
luz meridional
por ser um flamengo deslumbrado
pela luz meridional
ou, talvez, Gaugin
que retratou tão bem
os corpos lassos
das moças gentias
com os mares do sul
em fundo
eu, seguramente que não.
Desconsegui aproximar-me
com a mínima honesta fidelidade
da transparência esmeralda
desse mar pouco oceano
coroado por palmares
sibilantes
que silenciam
o chilrear dos bandos.
20070711
O volteio táctil
a obliquidade zenital
da sombra das árvores
com a sua contingência
excepto no equinócio
da tua vida
que é quando consegues
ouvir o volteio táctil
dos morcegos
20070710
Homens que são como lugares mal situados I
Homens que são como casas saqueadas
Que são como sítios fora dos mapas
Como pedras fora do chão
Como crianças órfãs
Homens sem fuso horário
Homens agitados sem bússola onde repousem
Homens que são como fronteiras invadidas
Que são como caminhos barricados
Homens que querem passar pelos atalhos sufocados
Homens sulfatados por todos os destinos
Desempregados das suas vidas
Homens que são como a negação das estratégias
Que são como os esconderijos dos contrabandistas
Homens encarcerados abrindo-se com facas
Homens que são como danos irreparáveis
Homens que são sobreviventes vivos
Homens que são como sítios desviados
Do lugar
[...]
Daniel Faria (1971-1999)
Excerto do livro Homens que são como lugares mal situados, Porto, 1998
20070709
sete - "maravilhas" - sete
Hoje são "maravilhas". Quem diria?
Atestou-se, além do mais, a "irrelevância maravilhosa" do continente africano (como se a mesquita de Tombuctu, as pirâmides do Egipto ou o "grande Zimbabwe" não existissem).
Ainda bem que não perdi tempo nenhum com aquilo.
20070708
Exortação animal I
as matérias líquidas
e perderias
o objecto corpóreo
dessa liturgia
sugiro-te que exortes
uma rola
ou uma lagartixa
e dá-lhe um nome de pessoa
como a um filho.
Terá sido aí?
Ruanda, nos Balcãs ou no Iraq?
Infindáveis nomes
de infinitos sofrimentos.
Nalgum destes lugares ressurgiu o mal
como método infalível de extermínio demencial?
Terá sido aí ou dentro de nós?
20070707
Polícias e bandidos
20070706
Benfica SAD (de olhos em bico?)
A consequência mais visível do incentivo feito na China pelo ministro da Economia, está à vista.
Lá, estimulou os empresários chineses a investir no País, por causa dos salários «competitivos» praticados em Portugal.
Eles, agora, não se fizeram rogados...
Parece que apareceu alguém para complicar os planos do Joe.
20070704
Let´s twin(s) again
As lógicas da simetria inspiram as práticas políticas actuais.
Há, hoje, um curioso movimento pendular em que as tendências do «fim da história», do «pensamento único» não se fazem mais em termos concorrenciais externos, mas em termos de concorrência osmótica.
A dita «esquerda» esvazia o espaço da «direita», ousando aplicar medidas programáticas desta, mas cujos custos sociais a levou a adiá-las ou a suavizá-las.
A chamada «direita» replica o modelo, esvaziando o espaço da «esquerda», implicando personalidades d(e) movimentos sociais e políticos das áreas da solidariedade e promoção da cidadania.
É isso que sucedeu em Inglaterra, em Espanha, em Portugal e, ultimamente em França (Sarkozy, que há pouco mais de um ano chamava «racaille» à juventude da banlieue parisiense, propõe-se hoje um inaudito programa de integração social desses jovens).
Com matrizes originárias diversas, os poderes político-governativos tendem hoje a um unanimismo de fusão meta-ideológica, que pode deixar os eleitores confusos.
É um cenário em que a imagem é decisivamente essencial. Logo, um contexto em que os media, motivados por interesses múltiplos, são um factor privilegiado de promoção dos protagonistas.
Os valores e as ideologias estão, definitivamente, não nas gavetas, mas nos anais da História.
A morte não é eterna
ferindo a areia lisa das praias
persistindo na memória
mesmo ao invés da razão
e há pessoas que são como chamas
cuspidas do brilho das estrelas
iluminando-nos os dias
e forçando-nos a viver
ainda que, por vezes, sintamos
que pode não haver amanhã
ou que a morte seja eterna.
20070702
20070701
Já abriu, mesmo
Finalmente, após dezassete (17) anos de prolongada espera...
Foi tamanha a espera que o site da instituição ainda não está actualizado.
Divulgue-se.
Cabotagem memorial
a memória litoral
na sombra rala das casuarinas
e sob um inclemente
Ilha de Moçambique II
Para reflectir e aprender.
Os meus agradecimentos a José Pimentel Teixeira. Um grande conhecedor.