Um Bom Ano 2010 para todos.
20091231
20091224
20091222
«Arbeit macht frei»
20091221
As «costas largas» da Justiça
Não concordo com o presidente do STJ. Mas é um facto que a actividade jornalística está muito desregulada e o cruzamento de profissionais sem ética com operadores judiciários menos escrupulosos, é uma mistura explosiva. A violação do segredo de justiça, nesse quadro, é uma inexorabilidade.
Dois dos últimos proeminentes ministros da justiça chamam-se Costa. Talvez por isso, a Justiça, tenha as «costas largas».
20091217
Casamento de pessoas do mm. sexo: exultai, ó vítimas da discriminação.
Muito estranho, mesmo.
A razão invocada seria suficiente para que se percebesse, sem a expressa menção no comunicado. Mas dizer «Assim, esta Proposta de Lei afasta, clara e explicitamente, a possibilidade das alterações agora introduzidas no regime do acesso ao casamento se repercutirem em matéria de adopção», só por má consciência ou reserva mental.
De discriminação em discriminação, até à hecatombe final.
Assim vai a actividade legiferante e "fracturante" deste País.
Porto preterido
20091215
Qual é o drama?
O Governo foi eleito para governar: onde está a novidade?
A AR deve fiscalizar o Governo: qual é a dúvida?
Parece que, durante algum tempo, alguém confundiu, na verdade, maioria absoluta com poder absoluto. Isso, sim, foi uma anomalia desviante.
Voltar às regras do Estado democrático será assim um absurdo tão grande?
20091214
O Direito do Estado e o Estado de Direito
Crime Bem Organizado
«A ONU já viu provas de que o único "investimento líquido de capital" que foi disponibilizado a alguns bancos veio de gangues de crime organizado, algo para o qual foi alertado por agências de combate ao crime há cerca de 18 meses. "Em muitos casos, o dinheiro da droga era a única liquidez disponível. Na segunda metade de 2008, a falta de liquidez era o maior problema do sistema bancário, logo ter liquidez em capital tornou-se um factor muito importante", salientou ao jornal britânico. Antonio Maria Costa revelou que algumas das provas a que o seu departamento teve acesso mostram que muito deste dinheiro sujo foi mesmo aproveitado para salvar algumas instituições financeiras em risco devido ao congelamento dos empréstimos interbancários. "Há alguns sinais que alguns bancos foram assim salvos", acusa sem pruridos, negando-se porém a nomear bancos ou países que possam estar envolvidos. "O dinheiro faz agora parte do sistema e já foi lavado", aponta mesmo.»
Conjugando-se essa notícia com a da "emigração" de cerca de 5.000 altos quadros britânicos para os Paraísos Fiscais criados pelos Estados nos tempos da "liberdade de iniciativa e empreendedorismo" (eufemismo para neoliberalismo furioso e selvagem), para fugir às taxas sobre os prémios, tudo isso dá ideia de como os Estados se encontram, de facto, à mercê dos gangs, capturados por estes (e depois vêm falar das corporações).
O crime organizado caracteriza-se, aliás, por paralisar o braço que o deve combater.
Todas as (piores) previsões se confirmam.
O segredo e a justiça
É feito da mesma massa. Não admira que se protejam, utilizando todos os meios, todos os palcos e todas as artimanhas.
É que parece que nunca se noticiou ou pretendeu que a. vara fosse "a cabeça de um polvo corruptor, teria recebido dinheiro vivo, organizaria encontros e abriria portas ao tráfico de influências".
Ou ter-lhe-á fugido a boca para a verdade?
20091213
Pelourinhos mediáticos?
O escândalo, parece ser, afinal, não sabermos a razão pela qual milhares de arguidos menos notáveis, em processos criminais, não são entrevistados em prime rate: porque te discriminam, bruno pidá? Porque não te convidam, big mário? Porque te esquecem, zé das hortas?
O "número" de encenação manipulatória da opinião pública da entrevista a a. vara na RTP1 não foi, apenas, indecoroso. Foi um atentado à imparcialidade de informação de uma estação de televisão paga com os nossos impostos e um instrumento de intoxicação com versão, sem contraditório, de um arguido, como milhares de outros. Mas que não podem defender-se em prime time. Só se defendem no sítio devido, i. e, no tribunal.
20091212
20091210
Enriquecimento ilícito: dizes tu, digo eu.
Não é. É uma questão de concepção.
É certo que na base da proposta dos partidos da oposição está uma ideia um pouco voluntarista, de facilidade técnica, decorrente de um pensamento inconsequente e pouco reflectido sobre a criminalização do "enriquecimento inexplicado".
O PS, por seu lado, está cativo de preconceitos (pretextos?) de constitucionalidade a outrance, procurando uma solução que se desvie de um raciocínio efectivamente redundante: "todo o enriquecimento ilícito decorre de outros crimes; provem-se estes, e provar-se-á a ilicitude do enriquecimento".
O problema está, justamente, a montante, nas dificuldades de prova dos "outros crimes". Mais, pode nem todo o enriquecimento injustificado resultar da pratica de crimes (mas de outras infracções).
Assim, se o "enriquecimento ilícito" nem sempre é, por isso, consequência ou resultado da prática de crimes, teria de ser expressamente criminalizada essa hipótese.
Por outro lado, as dificuldades vitimo-sociológicas da prova dos crimes subjacentes ao enriquecimento é que fizeram as instâncias internacionais, como a ONU, impor a criminalização do enriquecimento ilícito, na Convenção da ONU Contra a Corrupção (de 31-10-2003, em vigor em Portugal), aprovada pela Resolução da AR n.º 47/2007 (DR de 21-9-2007) e que reza assim:
Artigo 20.º
Enriquecimento ilícito
Sem prejuízo da sua Constituição e dos princípios
fundamentais do seu sistema jurídico, cada Estado Parte
deverá considerar a adopção de medidas legislativas e de
outras que se revelem necessárias para classificar como
infracção penal, quando praticado intencionalmente, o
enriquecimento ilícito, isto é o aumento significativo do
património de um agente público para o qual ele não consegue
apresentar uma justificação razoável face ao seu
rendimento legítimo.
20091209
Circo ou hospício?
* Sob reserva de não pretender ofender os palhaços e os alienados mentais.
20091208
Sérgio, moçambicano, 19 anos, uma rara elegância humana
Mas o documento é, talvez involuntariamente, muito mais do que isso. Revela a grandeza humana e fraternal dos deserdados, dos desvalidos, dos esquecidos (mas não por todos, pois mostra os esforços de algumas atitudes de apoio e solidariedade).
É muito comovente ouvir o Sérgio, 19 anos - órfão de pais, a cuidar de mais três irmãos -, com uma invulgar elegância linguística (que valoriza imensamente o português) dizer, quando lhe é perguntado se precisa(ria) de alguma coisa: «Não. Só...Nada, nada, nada. Está tudo bom.».
20091206
Onde está Saramago?
Mas há afrontas mais alarmantes, que deveriam ser questionadas com mais prioridade do que a (in)tolerância paisagística (não concebo que o resultado do referendo suiço tenha tido uma base religiosa).
Por exemplo: a coexistência de ordens jurídicas no Estado laico e republicano. Será possível tolerar a prática de crimes em nome de uma religião?
20091204
Sentimento de cerco
20091201
1.º de Dezembro
Mas eu nem queria acreditar que é o Henrique Neto - esse mesmo, o militante do PS - que escreve isto.
Depois de ler o que este destacado militante socialista pensa, abstenho-me de dizer, seja o que for.
20091129
Onde estão as promessas?
A Espanha, exemplo apontado de potência económica emergente - que devíamos seguir -, estagnou no pântano de betão em que se converteu.
Pelos vistos, o nosso Estado é hipertrofiado e tem gastos a mais, com gente a mais e serviços péssimos.
Pois; em contrapartida, a Noruega, com mais de 50% da população a depender, directa ou indirectamente, do Estado, tem um Fundo de garantia para a sustentabilidade de duas gerações.
Há exemplos que gostamos de seguir. Portugal não pode, por isso, ter um destino diferente daqueles que irresponsavelmente quis decalcar, nos últimos anos.
Os responsáveis esquivam-se, apontando a má vontade e o boicote das novas "forças de bloqueio" (coligação negativa).
É deles que os portugueses querem ver soluções.
Onde estão as promessas? Só ouvi falar em casamento gay, mais endividamento e retracção económica. Será que chega?
20091128
Um painel pouco florentino
Dubai, o grande embuste
Construir ilhas no golfo Pérsico, transformar um deserto inexpressivo e poeirento em jardins de plástico, cidades sem habitantes, mão de obra escrava a edificar cidades tecnológicas, tudo isso me parecia surreal. Um "país fantasma", sem alma, sem história e sem futuro.
Os factos parecem ter confirmado isso. O Dubai faliu? Está em vias de recuperação?
A megalomania também tem os seus limites. Mesmo muito dolorosos, às vezes.
Segredo de justiça
Quando toda a gente pensava que, afinal, a UMRP (do actual ministro rui pereira e do ex-ministro alberto costa) tinha "pacificado" o panorama das leis penais, a realidade teima em contrariar a bondade e a adequação das soluções a que se chegou.
O crime violento explodiu, a corrupção grassa e corrói o Estado e a sociedade, perante a indiferença, a cumplicidade e o autismo dos responsáveis, que não escondem a falta de soluções ou de propostas.
O País, endividado, continua a penalizar os mais desfavorecidos. Os grupos económicos do regime, as figuras gra(ú)das, os arrivistas e os amigos, esses, nunca tiveram tão bom "ambiente de negócios".
20091126
Camilo - A Fotobiografia
Não só no Porto, no Douro ou no Minho, lugares mais insistentemente revisitados pelo escritor. Mas um pouco por todo o País.
A mordacidade, a lucidez e a objectividade impiedosa do retrato que nos deixou da sociedade que conheceu, seriam bem precisos hoje, neste ambiente da acomodação, de receio e de letargia.
É, por isso, que se saúda o livro que José Viale Moutinho (tinha que ser alguém como ele) acaba de publicar: A Fotobiografia de Camilo Castelo Branco.
O burlesco e o real
A «imparável dinâmica reformista»
Os excessos de uma maioria arrogante e pesporrente desaguaram numa calamidade orçamental, financeira e económica, como, há muito, Portugal não via (nem os piores momentos de Santana Lopes se lhe comparam).
Mesmo que esse estado de coisas não se possa imputar à "coligação negativa", o governo pretenderá, agora, insinuar que a responsabilidade do marasmo e da incapacidade para arrancar é da oposição.
Esta que se cuide. A máquina de intoxicação mediática do ps já deu provas da sua extraordinária eficácia.
20091124
Atentado ao estado de direito?
Mas, agora, começa a perceber-se melhor até onde terão ido os equívocos procedimentais dos dois.
Estará descoberta uma forma processual secreta, à margem da lei de processo penal - despachos jurisdicionais (inexistentes?) proferidos em expedientes avulsos ordenando a nulidade de escutas telefónicas regularmente feitas noutro processo -, que impeça o seu escrutínio pelos cidadãos e interessados? Só porque o visado é 1.º ministro do País?
Maior criatividade para a blindagem dos crimes do poder, não poderia ser encontrada...
O que dizer de mais este "atentado ao Estado de Direito"?
Who cares?
20091119
Pasárgada, os poderosos e o seu labirinto
Voltou, agora, a propósito de ruídos, equívocos e mistificações em torno do processo «Face oculta», sem qualquer receio ou preconceito, relembrar coisas simples, mas aparentemente esquecidas dos «taumaturgos» do poder judicial, no Público de 18-11-2009.
Assim mesmo:
«A começar, uma escuta, autorizada por um juiz de instrução no respeito dos pressupostos materiais e procedimentais prescritos na lei, é, em definitivo e para todos os efeitos, uma escuta válida. Não há no céu-no céu talvez haja!- nem na terra, qualquer possibilidade jurídica de a converter em escuta válida ou nula. Pode, naturalmente, ser mandada destruir, já que sobra sempre o poder dos factos ou o facto de os poderes poderem avançar à margem da lei ou contra a lei. Mas ela persistirá, irreversível e "irritantemente", válida! ».
« Sendo válida, o que pode e deve questionar-se é- coisa radicalmente distinta- o respectivo âmbito de valoração ou utilização. Aqui assoma uma outra e irredutível evidência: para além do processo de origem, ela pode ser utilizada em todos os demais processos, instaurados ou a instaurar e relativos aos factos que ela permitiu pôr a descoberto, embora não directamente procurados ( "conhecimentos fortuitos"). Isto se- e só se- estes conhecimentos fortuitos se reportarem a crimes em relação aos quais também se poderem empreenderem escutas. Sejam, noutros termos, "crimes do catálogo".
De qualquer forma, e com isto se assinala uma outra evidência, a utilização/valoração das escutas no contexto e a título de conhecimentos fortuitos não depende da prévia autorização do juiz de instrução: nem do comum juiz de instrução que a lei oferece ao cidadão comum, nem do qualificado juiz de instrução que a lei dispensa - em condições de total igualdade, descontada esta diferença no plano orgânico-constitucional- aos titulares de órgãos de soberania. De forma sincopada: em matéria de conhecimentos fortuitos, cidadão comum e órgãos de soberania estão, rigorosamente, na mesma situação.Nem um, nem outro gozam do potencial de garantia própria da intervenção prévia de um juiz de instrução a autorizar escutas. »
« Uma outra e complementar evidência soa assim: as escutas podem configurar, no contexto do processo para o qual foram autorizadas e levadas a cabo, um decisivo e insuprível meio de prova. E só por isso é que elas foram tempestivamente autorizadas e realizadas. Mas elas podem também configurar um poderoso e definitivo meio de defesa. Por isso é que, sem prejuizo de algumas situações aqui negligenciáveis, a lei impõe a sua conservação até ao trânsito em julgado. Nesta precisa medida e neste preciso campo, o domínio sobre as escutas pertence , por inteiro e em exclusivo, ao juiz de instrução do localizado processo de origem. Que naturalmente, continua a correr os seus termos algures numa qualquer Pasárgada, mais ou menos distante de Lisboa».
«(...) não se imagina- horribile dictum-ver as autoridades superiores da organização judiciária a decretar a destruição de meios de prova que podem ser essenciais para a descoberta da verdade. Pior ainda se a destruição tiver também o efeito perverso de privar a defesa de decisivos meios de defesa.
Por ser assim, uma vez recebidas as certidões ou cópias, falece àquelas superiores autoridades judiciárias, e nomeadamente ao presidente do STJ, legitimidade e competência para questionar a validade de escutas que, a seu tempo, foram validademente concebidas, geradas e dadas à luz. Não podem decretar retrospectivamente a sua nulidade. O que lhes cabe é tão-só sindicar se elas sustentam ou reforçam a consistência da suspeita de um eventual crime de catálogo imputável a um titular de órgão de soberania. E nesse sentido e para esse efeito, questionar o seu âmbito de valoração ou utilização legítimas. O que não podem é decretar a nulidade das escutas: porque nem as escutas são nulas, nem eles são taumaturgos.»
É, por isso, natural que mário soares e "os de sempre" não tolerem mais uma "ousada ingerência" do poder judicial nas coisas da política. Mesmo quando estas possam configurar indícios de crime...
20091116
Espionagem vs. «bom senso»
Tudo isto revela uma grave falta de sentido de Estado e da compreensão do que é a separação de poderes. Se é que ainda significam alguma coisa.
20091114
Terei ouvido (lido) bem?
Pois, as "escutas em Belém" eram um folhetim de mau gosto.
As ecutas em S. Bento são um lodaçal do qual ninguém sairá incólume.
20091113
«Face oculta», III
Helena Garrido, "Diário Económico", 12-11-2009
Devia ser assim. Deve ser assim. Porém, os protagonistas do sistema já fizeram o trabalho de casa, descredibilizando (desde há muito) a investigação e os seus (evidentes) bons resultados. Com uma ajuda preciosa dos principais responsáveis das instituições judiciárias, diga-se em abono da verdade.
«Onde é que eu já vi este filme?.»
20091111
Uma reforma providencial?
20091108
O «amigo joaquim»...
20091105
«Portugal é um dos países europeus com mais toxicodependentes infectados com HIV»
Grande fraude.
20091103
20091102
António Sérgio
Deixou-nos o homem do «Som da frente», do «Lança chamas» e da «Hora do lobo» e de alguns mais, luzes na música moderna menos conhecida.
Obrigado António Sérgio por nos teres dado a conhecer tantas boas músicas.
P.S.: O ionline recorda a play-list do António Sérgio. Bem lembrado.
20091031
Este homem vai ser morto
O executor da camorra napolitana foi identificado pelo registo da filmagem.
Penso que o debate sobre a tutela da privacidade deve contar com exemplos destes.
Face oculta II
Francisco José Viegas, O Mar em Casablanca
20091030
Dez mil €uros?
Desde uma palete de cimento para um cabo da GNR até 27o mil euros para Paulo Penedos, e 10 mil euros de gratificação a armando vara...
É, pois, natural que um seja candidato (derrotado) a secretário geral do ps e outro seja vice-presidente do BCP, tomado de assalto pelo ps.
Não nos devemos esquecer é que Teófilo Santiago foi cilindrado por "não ter dado cavaco" às chefias aquando do «Apito dourado». Será que, agora, cumpriu os protocolos?
Agora, que se fala numa reforma da reforma penal e processual penal, ou me engano muito, ou ainda vamos assistir a uma "reforma" que vai estatuir que um suspeito não pode ser vigiado mais de 48 horas. Tudo em homenagem aos direitos de personalidade e de imagem, claro.
Os lentes penalistas esfregam as mãos, com os pareceres que lhes irão pedir...
20091029
Face oculta
20091027
20091024
Deus e saramago ou um debate inconsequente
Que um escritor prémio Nobel venha denegrir e veicular ciclicamente uma leitura literalista da Bíblia (e de outros textos religiosos fundacionais?) é episódio que ameaça converter-se num folhetim de recorte habitual e com contornos pouco edificantes e que pouco acrescentam ao debate. Mas há quem continue a "morder o isco".
Sinceramente, penso que saramago tem todo "o direito à heresia", concebida esta como uma forma de intolerância não violenta, o que se compreende no quadro dos Estados contemporâneos, em que a separação da Igreja e do Estado é um assunto pacífico.
Que saramago aponte os efeitos nocivos da religião, e que dirija as sua críticas a uma hierarquia da Igreja acomodada e conservadora, pouco (pre)ocupada com as necessidades dos desfavorecidos é compreensível, e dessa perspectiva comungam muitos crentes.
O problema é quando a mensagem não é mais do que um truque provocatório e de baixo perfil intelectual.
"Ler" a Bíblia de uma forma imediatista e literalista é um erro básico, que todo o catecúmeno sabe que não deve cometer. A Bíblia não é, de resto, apenas um Livro, é uma Biblioteca, no sentido de lá se encontrarem respostas para as mais diversas interrogações do Homem. Respostas com as quais se pode concordar - e praticar -, ou não. Sem que isso nos dê o direito à infâmia ou à ignomínia, como parece,mais uma vez, fazer saramago. Este nunca repudiou os "gulags" ou as purgas de estaline, nunca se lhe ouviu uma palavra crítica para com os sistemas do Leste, com todo o seu cortejo de opressão e obscurantismo dos povos, numa época histórica em que aqueles já coexistiam com sistemas políticos democráticos e livres.
Mas compraz-se em exautorar os efeitos nefastos de interpretações da Bíblia historicamente situadas em períodos de generalizado obscurantismo.
Certo, hoje ninguém ousa defender as cruzadas ou a inquisição. Vituperar hoje estes feitos históricos, soa a algo de tão artificial como elementar.
No entanto, é legítimo questionarmo-nos: estaríamos dispostos a "apagar" as cruzadas e a inquisição da História, prescindindo da Arte, da Música e da Cultura de inspiração cristã?
A resposta já será, seguramente, mais resoluta se a opção fosse entre "apagar" o estalinismo e o maoismo, abdicando de Marx.
20091020
O cego de Landim
Quem ouvisse discursar o presidente sociologicamente, ficaria em dúvida se furtar era ciência ou arte. Pinto Monteiro enxertava nas suas prelecções acerca da propriedade umas vergônteas que depois enverdeceram com estilo menor nas teorias de Cabet. Os malandrins mais inteligentes, depois que o ouviram, desfizeram-se de escrúpulos incómodos, e entre si assentiram que não eram ladrões, mas simplesmente deserdados pela sociedade madrasta e vítimas de uma qualificação já obsoleta».
Camilo Castelo Branco, O cego de Landim
20091019
O «senhor amargo»
O nosso prémio Nobel veio mais uma vez procurar notoriedade cavalgando a intolerância religiosa e o dogmatismo ateu, declarando que a «Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana». E disse mais: não deve esta mensagem afectar os cristãos, porque estes não lêem a Bíblia, mas talvez agastasse os judeus, mas «isso pouco o importa».
O facto é, em si mesmo, grave, pela desenvolta manifestação de uma sobranceria intelectual a todos os títulos reprovável - mas a esconder mal uma ignorância hermenêutica dos textos religiosos antigos - num ancião por quem se devia ter respeito. Apesar disso, o espírito proverbialmente tolerante dos portugueses, perdoar-lhe-á o disparate.
Mas, mais grave é que a comunicação social tenta, a todo o custo, silenciar, agora, o que o provecto escritor disse acerca do Corão e de Maomé.
Era bom que houvesse a coragem - em nome da fidelidade da informação e da liberdade de expressão - que os media reproduzissem o que o Nobel português disse sobre a questão. Para que os muçulmanos se possam pronunciar.
Eles também têm o direito a ser informados e a pronunciar-se.
20091015
Uma «Reforma Penal» pelas ruas da amargura
Em dois anos, o novo modelo mostrou-se inadequado, rígido e pouco flexível, não tendo introduzido especiais garantias processuais em matérias sensíveis (recolha de prova como, p. ex., de amostras biológicas), embora pretendesse exteriorizar o atingir de um certo «esplendor garantístico», que defintivamente impediria a repetição de processos como o «casa pia».
Estes relatórios do insuspeito OPJ revelam o segredo de Polichinnelo. Dois anos de pura e dura teimosia governativa, com custos formidáveis no tocante às perturbações de funcionamento do sistema e da modificação de alguns paradigmas, cuja constitucionalidade ainda não foi bem testada.
20091014
Mai-quê proênssa?
Que essa criatura seja uma actriz de tv, famosa por "novelas das 8", já pode sobressaltar os pergaminhos indígenas, se, por exemplo, no tal vídeo, ela cospe numa fonte dos Jerónimos.
O vídeo extravazou a brejeirice e resvalou para o patibular. É um facto.
Mas que isso mereça a indignação pátria e um "abaixo assinado de desagravo", parece-me uma reacção de pseudo patriotismo bacoco, que só promove a estrelato maior a conduta biltre e ignara que desenvoltamente demonstrou a sua autora.
E mais bacoco, ainda, é vir pedir desculpas num outro vídeo, o que só pode reforçar o juízo de burgesso subdesenvolvimento cultural da personagem.
Mas, por favor, que isso não nos tire um espavorido segundo de inquietação.
Há coisas bem mais importantes.
Salvé, João Paulo Borges Coelho
É, de qualquer forma, o reconhecimento merecido do talento e da sabedoria de tecer enredos e histórias da História.
É uma distinção para a cultura moçambicana, em qualquer caso muito esquecida e subalternizada pelos cânones dos best-sellers e dos gonzos literários.
Eu diria até, que João Paulo Borges Coelho não é apenas um dos maiores prosadores moçambicanos actuais, é um dos grandes pensadores moçambicanos. Ponto.
Salvé, pois. Kanimambo, João.
20091013
"Preservação das espécies"
Ainda me hão-de explicar como é que se justifica a proibição dos animais nos circos por razões de saúde pública (cruzes! Quantas epidemias de carraças e de pulgas já apanhei em circos com animais!) e nada se faz para evitar os cocós dos cãezinhos nos passeios.
Acho que vou esperar sentado até me explicarem qual é a diferença entre a crueldade para com os animais no circo e os louváveis atributos da tourada...
Os "iluminados" que aprovam estas medidas higieno-humanistas têm-se esquecido de preservar a sua própria espécie.
E o rebanho indígena acata com bovina condescendência.
20091009
Nobel da Paz 2009
A atribuição do Prémio Nobel da Paz 2009 a Barack Obama significa que se está a abençoar esta administração americana e a alimentar a expectativa de que possa inaugurar um novo modelo de relacionamento dos EUA com o resto do Mundo. Porque, inequivocamente, o Mundo precisa dos EUA e estes precisam do Mundo.
É um sinal de que se "legitima" o poder dos EUA para se apresentar como potência pacificadora, embora só com base no discurso do presidente. O que pode ser um risco.
Resta saber se o decurso da História confirmará, ou não, essa unção.
20091008
E eu a pensar...
Os "portistas" devem ter emigrado todos do Porto...
Jaime Ramos, detective do Porto
Deve estar, nesta altura, a passear no Parque do Covelo, aproveitando os dias de férias que tinha acumulados. Ou, então, a procurar um livro sobre receitas conventuais, nos alfarrabistas da Travessa de Cedofeita.
(Ainda) há juízes em Roma
Em boa verdade, a dita "lei" permitia que qualquer criminoso que se candidatasse a eleições e fosse eleito, veria "absolvidos" os seus crimes praticados antes da sua eleição. O tempo de exercício dos cargos não fazia suspender a prescrição dos crimes e, assim, os políticos imputados poderiam ver prescrever os mesmos, se se aguentassem o tempo necessário para a prescrição. Mesmo que nada tivessem a ver com a actividade política. Seria o caso do próprio berlusconi, a braços com dois processos "estagnados".
A Corte (ainda que com votos contrários) entendeu que essa solução era um absurdo jurídico, pois violava os mais elementares princípios da igualdade dos cidadãos perante a lei criminal, além de outra argumentação convincente.
Isto passou-se em Itália, o único país europeu - além do nosso governo, que para isso desautorizou o embaixador M. Maria Carrilho - que apoiou para secretário-geral da UNESCO um cavalheiro que disse que queimaria pessoalmente todos os livros hebraicos da biblioteca de Alexandria.
20091007
«O Mar em Casablanca» de Francisco José Viegas
Aguarda-se gulosamente mais esse episódio de um detective tão familiar.
Boa investigação.
20091005
República
O que parece é que vai havendo consulados de gente "predestinada" que julga ver numa escolha eleitoral, um aval para projectar o poder pelo poder. Mas isso é perigoso, porque em vez de se fazer a pedagogia da participação cívica e popular, afasta cada vez mais os cidadãos da República (o que talvez seja o objectivo último dessa gente ou, ainda mais preocupante seria, se não houvesse objectivo nenhum)
É preciso que não haja um "Buíça da República".
20091003
Pela boca morre o peixe
Os cidadãos do Porto devem estar advertidos da natureza da pessoa que elegeriam.
20090928
Psicanálise
Aguentem, pois.
Resultados
Lição amarga para quem subestimou a estratégia e o marketing puramente eleitoral, e confiava excessivamente na «verdade» da sua mensagem [psd].
Colheu louros quem investiu numa campanha profissional e numa estratégia de comunicação sem reparos [ps], e quem esteve descontraído, a defender com denodo as suas ideias [be e cds-pp]. O pc continua igual a si próprio.
O País pode ficar menos crispado.
Mas mais endividado. E isso é preocupante, porque não apareceu como mensagem política de nenhum dos partidos.
O Povo, esse, pagará, como sempre, a factura.
20090926
Responsabilidade dos políticos: uma boa questão
A única "responsabilidade política" que existe, é a que pode ser efectivada em sede de «penalização eleitoral». Essa tem sido a doutrina permanente, desde o Estado Novo.
Apesar de os actos (e omissões) da actividade política poderem implicar gravíssimas consequências, com avultados danos, estes não são indemnizáveis, por não haver lei que os tutele.
Daí que o reparo do presidente do STJ deva merecer alguma atenção.
20090925
Justiça de Israel: case study
Ehud Olmert foi governante do Estado de Israel; líder do partido Kadima; teve poder de fogo nuclear. Fez guerra ao Hezbollah e ao Hamas. Mas, sucede que, enquanto autarca de Jerusalém e ministro da indústria e comércio, terá feito favores e recebido luvas de uma empresa, para financiar o seu partido.
"Burn them all"
Mas quando afirma que queimaria pessoalmente todos os livros hebraicos da biblioteca de Alexandria e é apoiado nessa pretensão pelo governo português, desautorizando o seu embaixador Manuel M. Carrilho, é uma vergonha para todos nós.
Louva-se a coragem de Manuel M. Carrilho, apesar de inconsequente e insuficiente.
20090921
Um País «a sério»?
A mais séria e grave crise político-institucional que o País, atónito, vê eclodir, fica abafada pela vertigem da campanha eleitoral.
Disse «séria e grave»? Desculpem-me; isso era se este País fosse a sério...
20090919
Escutas?
Você é que mexeu no "vespeiro", ao destacar o caso das "escutas ao PR" no Público de Agosto (material tão requentado e sensaborão na silly season?).
Agora, das duas, uma: ou tem mais "material explosivo" sobre o caso, ou deve sair de director do Público já. Sob pena de não mais se redimir do ridículo em que caiu e da sujidade de lama que está a atirar em todas as direcções.
Parabéns, Professor Figueiredo Dias
20090918
Venezuelização do País a toda a velocidade (TGV)
Há agora quem venha , de forma completamente farisaica, indignar-se primariamente com a violação do segredo dos jornalistas (acesso indevido a e-mails: não sabiam que também se interceptam?), no caso das «escutas ao Presidente da República».
É de estranhar que ainda não tenham responsabilizado os bodes expiatórios do costume.
20090915
«Bandidos»
moita flores lá saberá a quem se refere: a candidatos a deputados nas listas do PSD, que são arguidos em processos pendentes («pronunciados»; arrenego!!!). Que toda a vida lutou contra «bandidos», que não quer pactuar com isso.
O cavalheiro deve ter muita fé na presunção de inocência; ele é académico, cronista, comentador, novelista, guionista, escritor, presidente da câmara, homem dos sete instrumentos, mas continua com tiques de polícia falhado. Lá isso continua.
Reformas e observatórios
O problema não é, portanto, esse; o problema foi a teimosia, a sobranceria, a hostilidade deste governo e desta maioria que desenvoltamente ignoraram os problemas previsíveis e qualquer crítica construtiva, designadamente na Reforma Penal de 2007.
Agora, não basta um "amistoso" relatório do OPJ para servir de acto de contrição e redimir as flagrantes responsabilidades.
20090905
«Justiça» exemplar
Oops...
20090904
20090903
"asfixia democrática"
Penso é que o timing do silenciamento de M. Moura Guedes talvez não tenha sido bem escolhido. Mas eles lá sabem.
20090902
«bloco central»
O presidente da CM de Paços de Ferreira vai dedicar uma avenida ao doutor manuel pinho. Tony Carreira vai abrilhantar a inauguração.
pina moura elogia o programa económico do PSD, dizendo que «é mais consistente que o do PS». Paulo Mota Pinto não exclui um governo de «bloco central». Não há dúvida: o xadrez eleitoral está confuso. Ou melhor, estão criadas as condições para um «bloco central». Era o pior que poderia acontecer a Portugal, num momento post eleitoral.
Mas paira no ar um cheiro intenso a isso.
20090901
O bando dos 4 («magníficos»)
O cenário não é muito diferente dos outros países: diria mesmo que é um cenário de alívio, perante o que se quer fazer crer do sistema, que "já bateu no fundo", que está "totalmente descredibilizado", etc,
Pode estar em crise, como toda a sociedade está (seria incompreensível que os Tribunais não partilhassem da crise social). Mas o sistema judiciário, no seu todo, tem dado uma resposta melhor do que se poderia esperar.
O que se aguardaria das reuniões dessas 4 individualidades, por sinal as pessoas mais responsáveis pelo estado da Justiça, era que apontassem claramente as soluções adequadas.
Parece que isso não aconteceu.
O que, pelo contrário, talvez suceda, é noronha nascimento reformar-se em breve; p. monteiro arrastar-se penosamente e sem uma ideia própria, por entre "vassalos" que não lhe prestam homenagem; marino pinto voltará em breve ao seu escritório (?); alberto costa talvez escreva um livro chamado «Esta não é a minha justiça».
Eles são bem o «rosto» deste sistema.
20090830
Diabolizar as «corporações»
Se tivesse havido uma estratégia de estímulo e de aproximação dessas classes profissionais, as reformas iniciadas e pretendidas teriam tido um efeito extraordinariamente reprodutivo e multiplicador, em que a massa crítica dessas classes seria o motor de uma transformação.
O efeito foi o contrário: as pessoas que integram essas classes não só foram agredidas no mais elementar da sua dignidade profissional, como dificilmente algum discurso político - por mais positivo e optimista que venha a ser - as irá convencer da necessidade da sua adesão à mudança, às transformações que são precisas (todos o reconhecem).
A «luta contra as corporações» não teve nenhum dos efeitos pretendidos, para além do populismo imediato de confrontar os «bons portugueses» com os «malandros» «parasitas» e «privilegiados».
Infelizmente, vamos todos pagar a factura desta arrogante e pesporrente posição do governo que cessa. Embora as corporações florescentes do regime não tenham razões de queixa. Essas, podem tratar de incensar o chefe e de tecer loas ao presidente do conselho. E acautelar o futuro, que, de qualquer maneira, lhes sorrirá.
20090827
O programa do PSD
Os visados estão contra.
Será essa a única forma de se premiar o mérito e a celeridade?
Será o "estímulo pecuniário" o único meio de reformar o sistema? Por outras palavras: será suficiente o dinheiro (a mais) para se agilizar a Justiça? Mesmo que isso tenha custos na qualidade?
A questão é interessante e não deve ser liminarmente rejeitada. Deve merecer atenção e ser debatida.
É isso que o PSD pretende?
Quando Portugal tinha um PGR
Com um aviso: «O interesse do Estado nem sempre é o interesse da Justiça».
Desvio de fundos
A mandatária para a juventude do ps
20090826
Um partido «à deriva»?
Confuso? Um bocadinho. Talvez em 27 de Setembro se clarifiquem algumas coisas...
20090825
Caso de polícia
A deslocação de uma pessoa a tribunal pode ser "notícia". A questão é que essa "notícia" pode ser, muito facilmente, transformada num "caso de polícia".
Com uma prosa muito condizente, aliás. Ela, própria também, um autêntico caso de polícia .
O chefe-de-redacção deve estar de férias.
«Chefe-de-redacção»?
20090824
O México e os "gringos"
Certamente que o governo mexicano terá obtido a anuência do grande vizinho do Norte.
Mas será, seguramente, interessante acompanhar o todo processo, e verificar se se tratará de um "laboratório" em que será suficiente a descriminalização do consumo, como forma de travar a deriva dos fenómenos associados ao tráfico.
Máximas
«Para quê?».
«Para passar a ser tudo legal...».
Appaloosa, Dir. Ed Harris
20090820
Celeridade na justiça
Costumamos invocar o salvífico exemplo da Justiça dos EUA para "nos compararmos" e nos auto-flagelarmos, acreditando alguns que ali está a redenção. Outros, mais cínicos, sabem que não é assim. Mas dá sempre jeito o exemplo do sistema judicial americano para desacreditarmos um pouquinho mais o nosso. Então, o caso Madoff, é a "cereja no topo do bolo".
É claro que, às vezes, há uns contratempos destes. Mas isso são danos colaterais desprezíveis. Certamente.
20090819
20090817
Frases (pouco menos que) assassinas
José Luís Judas, I de 17 de Agosto de 2009
20090809
Es-tu-pe-facto?
As patéticas declarações da sra. ex-ministra belém roseira, ao dizer que "sempre pensou que o Prof. Lobo Antunes seria indicado por qualquer entidade, o Conselho de Reitores, ou o Governo", contrariamente ao que pretendia, só agravam o problema.
Estupefactos? Habituem-se!!!
20090808
20090604
A revolução na educação...
Quando o sistema de avaliação de professores chegar à Universidade, qual será a classificação do lente Vital?
20090404
1 de Abril, com sabor retardado?
Quem é que acredita nisto? A. costa, com o seu passado insuspeito de Macau? Era lá capaz disso...
Prelúdio de uma hecatombe?
O que já não é normal é o PGR convocar magistrados para uma inédita «acareação» entre magistrados do MP que, ao que parece, têm uma divergência desse tipo.
Com o contornos e as consequências que se conhecem dessa iniciativa, ninguém poderá sair bem deste caso.
O que, no entanto, seria suicida, era o PGR estar a alinhar, mesmo inadvertida ou involuntariamente, numa jogada de descredibilização da investigação «Freeport». Mas é uma possibilidade.
Afinal, a substância do caso já ficou para segundo plano; se o 1.º ministro está realmente tão interessado «no esclarecimento rápido» do caso, porque não faz o que deve? Dispor-se a colaborar com a investigação, renunciando às prerrogativas de segredo bancário.
Ninguém o ouviu ainda a dizer que está disposto a isso. E talvez fosse um bom sinal.
20090401
Freeport: desafio decisivo para o Ministério Público
Adensa-se, no entanto, um clima semelhante ao que pairava nos "tempos de chumbo" do caso «Casa Pia», em que o condicionamento político-mediático dos agentes da Justiça, nomeadamente do Ministério Público, começa a ser insustentável. A confirmarem-se algumas das últimas notícias sobre a envolvente do Caso Freeport, os implicados no processo podem dormir sossegados, porque parece que o principal interesse é descredibilizar (uma vez mais, repetindo a receita «Casa Pia») os investigadores e a investigação.
Ignoro se esta insólita «acareação» teve algum resultado conclusivo. A finalidade da mesma pressupunha isso, sob pena de algum ou alguns dos envolvidos - todos eles magistrados - não estar a falar a verdade.
Ou então, tudo não passou de um equívoco - como se antevê mais conveniente -, devido à semântica traiçoeira da língua portuguesa. Para mais, um dos envolvidos na avalanche de insinuações e suspeições, só vem a terreiro porque o próprio PGR falou no seu nome.
Em todo o avolumar de pressões, interpretações, «sugestões» e interrogações, de que os jornais e televisões vão continuar a fazer eco, não é difícil concluir que se encontra sempre um elo mais fraco a sacrificar.
Ainda fico espantado é como, não tendo sido o Freeport um processo sujeito a segredo de justiça alguém se admire que sejam tão conhecidos e comentados os seus elementos.
Ou será que já estão arrependidos do regime da publicidade do processo penal que criaram e tanto incens(ar)am?
A publicidade é para tudo e para todos. Não é só para alguns.
20090327
Dinheiros públicos, contas privadas, justiça à deriva
Já no Marco de Canavezes, isso não terá sucedido(?!). Por isso, ferreira torres começa «a acreditar na justiça dos tribunais»
20090325
20090321
Alguém pediu um «Provedor de Justiça»?
20090320
O preservativo «africano»
Nada de novo; nada que não seja a doutrina oficial da Igreja católica no que diz respeito aos comportamentos sexuais aprovados.
Só se percebe o coro de «indignações», levantado um pouco por toda a Europa «bem pensante», por ser em África, continente assolado pela pandemia da SIDA.
Isto não é mais do que neocolonialismo assistencial e uma atitude de sobranceria ideológico-doutrinal.
O que não se disse, foi que a associação da posição oficial da Igreja católica (no que respeita ao preservativo) a posições de hierarcas locais e a responsáveis políticos, é explosiva.
Na verdade, bispos e arcebispos africanos têm denunciado o uso do preservativo, com a falsa alegação de que os europeus é que os contaminam com o vírus da SIDA, o que, num continente com tanta iliteracia e com tão elevado grau de aceitação das «autoridades» tradicionais e religiosas é preocupante. E mais preocupante ainda, a posição oficial do ex-presidente da África do Sul, que negava o carácter epidemológico da SIDA, sendo muito relutante em aceitar as evidências científicas na matéria (o que nunca levantou especial indignação pelos mesmos «bem pensantes» europeus).
Estas posições, de matriz racista e obscurantista, merecem muito maior censura, mas deve ser politicamente incorrecto criticá-las, por os seus autores serem africanos. Africanos, com especiais responsabilidades políticas e religiosas.
Mas os negócios estão primeiro. Foi sempre assim.
20090319
20090307
«magalhaens»
Quando vi alguns, pensei que o programador seria um analfabeto funcional. A seguir, admiti a hipótese de ser estrangeiro (e dominar mal o português).
Agora, tenho a certeza: o tradutor só podia ter sido um estrangeiro analfabeto funcional.
20090306
Portugal-Moçambique: os equívocos da «cooperação»
A nossa relação com África (os «PALOP´s») tem sido um mar de equívocos. Fatais, quanto a mim.
Cavaco está na Alemanha
O «bruxedo» está desfeito.
«Energia» par[a]lamentar a mais
20090305
«Bruxedo», dizem eles
20090304
Os advogados e o imposto de selo
É claro que o valor de € 5,00 por procuração é repercutido nos honorários, que são pagos pelos clientes.
O incumprimento da liquidação obrigará os secretários judiciais a uma participação aos serviços de Finanças, por infracção fiscal (que só será dissuasora, se a coima for de vulto).
A soma dos valores é mais um contributo para a redução do défice. Ignoro se os advogados têm razão. Sei que muitos já estão a liquidar o I.S.
Aguardemos para ver se o «nosso governo» mantém a sua «determinação» e não se deixa "capturar" por mais estes interesses dos advogados.
País real
Quando «magnos acontecimentos» como este são prime time da comunicação social, algo deve estar a entrar em colapso na cabeça dos redactores das televisões e jornais.
Independentemente dos motivos da "ira popular", amplificada pelos protagonistas dos media, o que é apresentado ao público é o requinte da boçalidade, o esplendor do vitupério, a obscenidade de um ultraje anunciado.
Portugal já era uma momumental «ópera bufa», anátema que assenta como uma luva à «dupla» em causa.
Agora, pelos vistos, arrisca-se a transformar-se de vaudeville em sala de alterne.
Com protagonistas reais e tudo.
20090302
Distino di nino
nino vieira foi um escroque que, apoiado por outros [amigos] escroques, ganhou fôlego várias vezes, ressurgindo das cinzas da decadência política, económica, moral e cívica de um território que nem é um país, a Guiné-Bissau.
Por certo, haverá hagiografias piedosas, de outros crápulas africanos, e não só.
Mas, muitos outros, que acamaradaram com ele, irão escarrar na sua campa. Estou certo disso.
20090301
ana gomes, mulher de causas?
Logo agora, depois de o parlamento europeu ter aprovado uma vergonhosa versão de relatório final da comissão encarregada do assunto (para «não pôr em cheque» durão barroso), e de se terem comprovado diversos voos em Portugal?!?...
O arrivismo e a ambição são tramados.
Por um lugarzito no parlamento europeu, até se vendem os "princípios".
20090228
20090227
Ainda a «licenciosidade»
Três dos seus autores já morreram. O que está vivo é A. Almeida Santos.
Talvez a autora da crónica ache oportuno questioná-lo, então, sobre a razão pela qual o anacrónico e decrépito diploma não foi substituído por outro.
É tudo uma questão de seriedade. E de decência.
20090225
«A origem do Mundo»
É preciso caracterizar o local de exposição/venda dos livros e o «público» em causa. Trata-se de uma tenda de saldos de livros onde se encontram amontoados "monos" e livros sem interesse, misturados com outros até interessantes.
O público que visita o «stand» é composto maioritariamente por pessoas ("pais indignados") que nunca leram um livro na vida.
O comerciante pensou que a altura do Carnaval permitiria atrair clientela à «feira». E tinha razão: o tempo estava óptimo, as criancinhas perambulavam pela Arcada e entravam e saíam, mascaradas, na tenda, espreitando a capa "ignominiosa", da pintura de Courbet «A origem do Mundo», exposto, pela 1.ª vez, com menor escândalo, em Paris, em 1866.
Foi excessiva a afronta a uma clientela que está ainda atordoada pelas notícias recentes do Correio da Manhã sobre o presidente da edilidade, Mesquita Machado.
Agora, o Carnaval já acabou (uf!). A "licenciosidade" deixou de ter licença.
20090224
O Entrudo continua...
O que dizem a isto os ministros da Justiça e da Adm. Interna? Vão defender a sua reforma penal. Só podem...
Entrudo espanhol
Com um juiz da Audiência Nacional (Baltazar Gárzon) acometido de ataque de ansiedade?
Que história mal contada.
Lá, como cá, também é Entrudo...
20090223
20090221
Paródia de Carnaval?
Algum sujeito funcionário mal intencionado a trocar as palavras? Algum bug electrónico-digital, ou é apenas a habitual prepotente estupidez?
Está certo. O Carnaval está a passar por aqui
Eutanasiar o sistema de justiça penal: um imperativo cívico
A recorrente falta de investimento no que concerne a meios materiais, recursos humanos e no apoio técnico a investigações criminais que respeitam a relevantes interesses político-empresariais têm de esbarrar na proverbial falta de meios, que prudentemente impossibilite uma efectiva responsabilização dos culpados e dos criminosos.
Vai ser assim no que respeita aos envolvidos em todos os recentes escândalos do sistema financeiro e bancário (BCP - BPN - BPP - ???), no tocante às falências fictícias e às condutas suspeitas de enriquecimento injustificado de muitos responsáveis políticos.
A resposta penal tornou-se um bálsamo contra a má consciência de que não existe outra resposta adequada para tais situações.
Só que a lei penal, quando não sai dos códigos, é melhor que não exista.
A«rábula» a que assistimos - que é séria demais - não pode ter outra saída que não seja proclamar contra a morosidade, o desinteresse, a incompetência, a inoperância e, hélas, a complacência perante os interesses em causa.
No fim de contas, a culpa morrerá viúva - e não "solteira" -, porque o marido, o sistema judicial, esse, já está moribundo.
Os polícias e magistrados entraram numa espécie de "clandestinidade cívica" - remetendo-se a uma cinismo profissional que cada vez mais os afasta dos cidadãos, cujos interesses e direitos fundamentais prioritariamente deviam tutelar -, face a um acosso permanente dos meios políticos e dos media.
Os cidadãos honestos sentem-se atónitos e perplexos, perante a ineficácia de instrumentos jurídicos que julgavam protegê-los e perante a incapacidade de perseguir e punir os culpados por crimes que lesam a comunidade, mas que uma pretensa legitimação democrática tudo parece perdoar.
As instituições públicas pautam-se por agendas que mais parecem emanadas de programas empresariais e lógicas de mera competitividade, desrespeitando e atropelando completamente o cidadão.
Os responsáveis políticos insinuam responsabilidades alheias para a sua incompetência, falta de criatividade, e incapacidade de respostas.
Sem uma efectiva refundação do sistema de justiça - e, aqui, específica e genuinamente, referimo-nos ao sistema de justiça penal e ao sistema de investigação criminal - mais vale poupar esforços de uma tentativa salvífica ou redentora justicialista de "justificar o injustificável".
E, dessa forma, apressar a morte desse sistema moribundo.
O que vier a seguir, não pode ser pior.
20090220
O triste Carnaval pátrio...
Bom senso, um bem escasso
Paulo Martins, JN de 18-2-2009
O sujeito «ministro malhão»
«Quem se mete com o ps, leva...».
Ainda não aprenderam?
Pelo menos, lá p´ros lados da RTP, já não era sem tempo.
«Respeitinho».
Sá Leão, o advogado
E eu que associava o nome sá leão a um realizador de filmes porno.
20090217
É capaz de ser um bocadinho tarde
A política fiscal «robin dos bosques»
Mas não consegue que a máquina fiscal do Estado controle a tributação da desvergonha dos fundos de investimento no estrangeiro, como nos informa o Público de 16-2-2009.
Definitivamente, um Estado que não consegue cobrar eficazmente impostos de actividades altamente rentáveis, que seriam assinaláveis receitas fiscais, e pretende, em contrapartida, sacrificar pessoas de rendimentos médios declarados, só tem um nome: um Estado salteador, ou um Estado (pobre Estado) capturado por salteadores?
«casamento gay»
Fica, na verdade, alguma elevação de Miguel Vale Almeida e de Vaz Patto.
Quanto ao fundo da questão, já me manifestei aqui: não sendo um apoiante da causa, não tenho objecção relevante à admissibilidade do «casamento gay».
Mas acho de uma confrangedora autocomplacência pretender o acesso à «dignidade e à cidadania, através do acesso ao casamento».
Muitos homossexuais sabem distinguir os planos.
Por mim, acho que os homossexuais já têm dignidade e cidadania plenas. Não precisam do casamento para o demonstrar.
20090215
20090213
Política vs. Justiça
Basta olhar para o que se passa entre nós e em países próximos, como a Espanha - onde se prepara uma greve de juízes - em França - onde já houve uma greve de magistrados e se preparam outras formas de luta contra as determinações do mapa judiciário e de reformas legislativas estruturais - e em Cabo Verde - onde se dá uma situação de dramática ruptura, face ao aumento exponencial e inesperado (?) da criminalidade.
Entre nós, a situação teve a condimentá-la a existência do caso Freeport; para os mais incautos, deve recordar-se que convém atentar quais são os interesses por detrás de toda a trama, do lado inglês/internacional e do lado nacional.
Depois, é tirar conclusões...
20090211
Um nariz de pinóquio...
Vir insurgir-se contra o facto, invocando «campanhas [negras] de ataque à imagem pessoal» do retratado, só pode ser visto como outra patética estratégia de vitimização.
Mas, pode ser que dê resultado.
Como é a palavra dr. freitas? «licenciosidade», não é?
O "segredo da justiça"
E continuam a imputar, sinuosa e torpemente, as responsabilidades pelas violações aos «agentes da justiça», nomeadamente aos magistrados?
Não se dão conta do ridículo em que caem?
Ideias com lucidez
20090210
«Comportar-se como um inocente»
Mas quando o acusado - de factos que, embora nebulosos integram um crime -, é o 1.º ministro de um País, não seria de esperar que, em vez deste disparar com a insinuação de timings eleitorais da Justiça, se dispusesse a colaborar e esclarecer, o mais rapidamente possível todas as insinuações, permitindo a recolha ou entregando os extractos bancários e todos os interesses que possam estar em causa?
É evidente que mesmo aí vigora a presunção de inocência. Sem excepção.
Mas, aproximo-me de João Pereira Coutinho quando escreve, no Expresso de sábado (7-2-2009) que «Começa a ser hora de Sócrates se comportar, verdadeiramente, como um inocente».
Magistrados: 8 ou 80?
A «entrevista» de M.ª José Morgado no corner «vip manicure», a reportagem SIC/Expresso sobre quatro procuradoras, o comentário semanal na RR da procuradora Cândida Almeida, e a entrevista de M.ª José Morgado a Mário Crespo, não será um excesso inconsequente de exposição?
«Casos de polícia»
Que ambos são mega-fraudes, já se sabia à boca pequena. Mas, agora, assume-se.
O efeito do «controlo do sistema financeiro», através da nacionalização e dos avales do Estado, escondem, porventura, uma tentativa de controlar danos de outra natureza.
Ou me engano muito, ou ainda vai ser o sistema de justiça a «pagar a factura».
20090207
A «esquerda», no seu melhor
O que não sabíamos é que há uma «esquerda trauliteira», para levar a sério. Ou melhor, estávamos esquecidos, desdo o ceo da Mota-Engil, o inenarrável j. coelho «Quem se mete com o ps, leva!!!».
As "responsabilidades" da Justiça
No Conselho Superior do Ministério Público, o seu membro não magistrado, dr. João Correia (advogado) solicitou, de forma veemente, um inquérito ao MP e à PJ, no caso Freeport, com vista ao apuramento da violação do segredo de justiça, requerendo a nomeação de uma «Comissão» presidida por um membro do referido CSMP, com tal finalidade.
No Conselho Superior da Magistratura, o Prof. Costa Andrade, opinou que, em seu entender, os factos do Caso Freeport não lhe parecem assim muito difíceis de investigar, pelo que achava tempo excessivo para a duração da investigação.
No primeiro caso, parece haver uma mobilização injustificada do órgão de gestão do MP, com propósitos mais que duvidosos, até porque a «violação do segredo de justiça» já estará nas mãos de M.ª José Morgado.
As preocupações destes conselheiros são louváveis. Mas os motivos da preocupação é que são mais discutíveis.
A "morosidade" da investigação criminal é um dado sistémico, estrutural; nenhum deles o ignorava quando aceitou integrar os conselhos a que pertence. Têm, por isso, que assumir a conjunta responsabilidade do estado de coisas que se mantém, e pelo qual nenhuma preocupação jamais manifestaram anteriormente.
É que todos os problemas da morosidade (ou da falta de "celeridade") da investigação criminal, foram, oportuna e repetidamente denunciados, não pelo poder político (agora, aparentemente, muito incomodado com o estado de coisas), mas pelas entidades representativas dos profissionais do MP e da PJ.
A essas denúncias receberam uma resposta: «Façam melhor com os mesmos meios»; e nesse propósito, foi o PGR invectivado pelo Presidente da República aquando da sua tomada de posse. Julgava-se possível, efectivamente, melhorar o estado de coisas nalgumas áreas particularmente sensíveis da investigação criminal.
Vã ilusão.
Uma investigação criminal séria e consequente não se compatibiliza com o funcionamento - talvez deliberadamente, mas por, certo, sistematicamente - deficitário e insuficiente (apesar da boa vontade dos seus quadros) do Laboratório de Polícia Científica, do Núcelo de Assessoria Técnica da PGR e do Gabinete de Perícia Contabilística da PJ, entidades decisivas para a solução de inúmeros casos de criminalidade económico-financeira.
Uma investigação criminal séria e consequente não se compatibiliza com a demora nas traduções de cartas rogatórias e a falta de verbas para certas perícias.
Uma investigação criminal séria e consequente não se harmoniza com a falta de credenciação europeia de perícias laboratoriais solicitadas a entidades não oficiais.
É por isso que este quadro talvez seja muito conveniente a quem pretende descredibilizar o sistema de investigação criminal, apesar de ter responsabilidade directa (talvez exclusiva) nesse estado de coisas.
Desacreditada a "investigação criminal e a justiça", podem cometer-se todas as tropelias porque um sistema que as pretenda punir é, com efeito, um sistema caricatural, que não se pode levar a sério.
20090203
20090202
20090130
Uma "IVG" numa clínica ilegal é um aborto?
A PSP parece que interrompeu uma "interrupção voluntária da gravidez". Tanta invasão da privacidade só pode ser inconstitucional, não?
Aborto clandestino? Publicitado na Internet? Não me façam (rir, não) chorar...