20070131

Elevação no debate: Sim/Não?

O eng.º josé pinto de sousa veio afirmar que vota «sim» à despenalização do aborto porque prefere que as mulheres que querem interromper a gravidez sejam «assistidas por pessoal médico, em vez de serem assistidas por procuradores e polícias».

O patibular argumento passaria despercebido, se o seu autor não fosse o 1.º ministro de Portugal.
Uma tal declaração denota, desde logo, um soez desrespeito por instituições judiciárias e policiais, que o mais elementar sentido de Estado recomendaria que se evitasse.
Mais, esse argumento, ao arremeter para os "procuradores e polícias" toda a «injustiça» do processamento das mulheres que praticam aborto (criminalmente punível) é torpe. Além disso, esconde que (caso ganhe o «sim») há aborto que continuará a ser crime e aí, vai ter de explicar a essas mulheres porque é que não podem ter assistência por "profissionais clínicos". E alija as suas responsabilidades políticas e do seu próprio partido, que podia ter resolvido o assunto por via parlamentar (despenalizando a IVG através de opção legislativa).

Os profissionais visados têm o legítimo direito de considerar essa infeliz frase uma infâmia reflectida à sua honradez e brio profissional, para além de muitos deles se não reconhecerem na persistência de uma "lei injusta", que o será por exclusiva responsabilidade político-legislativa - e não dos magistrados do ministério público e dos polícias, que, como profissionais obrigados ao princípio da legalidade devem aplicar a lei vigente, que a cobarde atitude dos partidos (mormente do PS) tem permitido subsistir.

Alguém falou em elevação no debate?

20070130

Abortar sim, mas com moderação...

«Socialistas defendem que aborto, caso ganhe o "sim", pague taxa moderadora».

E será taxa progressiva?

20070129

Eu diria mesmo mais...

Ouvi dizer que «Lisboa não é Felgueiras».

Eu diria mesmo mais: «Felgueiras não é Lisboa».

20070127

No Centro do Insolúvel III (epílogo)

Ou como um documento apócrifo pode "incendiar" o meio cibernáutico. A pseudo estrevista já foi desmistificada no Brasil em meados de 2006.

Puore, se non é vero...

No Centro do Insolúvel II (cont.)

Ainda sobre a Estrevista de pseudo-Marcola:


Por Olívio Tavares de Araújo em 18/7/2006 no www.observatoriodaimprensa.com.br

Sinal dos tempos e da sina brasileira. Antigamente usávamos o adjetivo pseudo para textos clássicos aos quais durante algum tempo se atribuiu uma autoria que depois se verificou ser falsa: o pseudo-Plutarco, o pseudo-Plotino. No Brasil temos agora o pseudo-Marcola. Também eu fui vítima dessa confusão internética que – nunca descobriremos como, com que objetivos nem por quem – atribuiu ao bandido Marcola uma apocalíptica entrevista em O Globo. Agora sabemos que no original foi obra de ficção de Arnaldo Jabor – como tal, brilhante, irretocável. Inclusive nas improváveis mas afinal convincentes provocações estéticas. O pseudo-Marcola é quase um poeta: "Meus comandados ... são fungos de um grande erro sujo". "Chapeaux bas, messieurs!" – como disse Schumann diante de Chopin.
Entretanto, enquanto acreditei que a entrevista fosse verdadeira (felizmente, não mais que algumas horas), o que mais senti foi tristeza e medo. Tanta inteligência, tal precisão na anamnese e diagnóstico, domínio tão absoluto da palavra, conhecimento de causa, do ser humano e da história, porém num desesperado, convicto de que não existe solução e de que o inferno neste país é inevitável: seria esse, enfim, o nosso destino de líder revolucionário? Mas para os verdadeiros líderes revolucionários a esperança não constitui pré-requisito? Ademais um líder, lembremos, confessadamente criminoso e cruel, capaz de qualquer ato em função de seus propósitos, que reconhece mandar liquidar e colocar no ‘microondas’ as peças ineficientes de sua máquina de droga e morte? Um hitlerzinho porém com o sinal trocado – porque fundado em verdades?

Tiro errado
Tive tristeza e medo. Medo de classe? Um pouco, sem dúvida. Nunca passei fome. Financiado por meu pai, pude aprender inglês, francês, espanhol, italiano. Acabo de ser curador de uma exposição das obras caríssimas de Volpi num museu cuja presidente é banqueira, ouço com gáudio Mozart, Beethoven, Brahms, Schubert, Corelli, e estou relendo Anna Akhmatova e Konstantinos Kaváfis, este na impecável tradução de José Paulo Paes. Tudo isso certamente não me credenciaria a ser querido num futuro Estado pseudo-marcolês. Sou um intelectual brasileiro, essa categoria que o pseudo-Marcola tão percucientemente ironiza: "Vocês intelectuais não falavam em luta de classes, em ‘seja marginal, seja herói’? Pois é: chegamos, somos nós!" (Em tempo: enquanto grito de guerra, "seja marginal, seja herói" nunca me pareceu senão a imbecilidade que é, e que só transitou incólume porque durante a ditadura militar talvez não fosse mesmo de boa tática investir contra ele).
Ah, sim, ia-me esquecendo: sou também – ou pelo menos me considero – de esquerda. Quem sabe, então, não deveria ficar mais tranqüilo – já que a esquerda, supõe-se, seria a aliada histórica natural do pseudo-Marcola?
Ah, não, infelizmente essa ingenuidade já não tenho. Nada, nem no discurso do pseudo-entrevistado nem na lição do passado, me permite supor que, por ser de esquerda, eu seria poupado. Ser ou não de esquerda não iria servir a ninguém para nada. Na implantação do estado pseudo-marcolês não haveria tempo para questões de justiça, aliança, lealdade, princípios, ideologia – essas inúteis sutilezas de classe dominante. Assim como, garanto-lhes, não houve tempo para que Hitler e sua tchurma examinassem prévia e criteriosamente a lista dos mortos no expurgo de Roehm. Foi como deu, e pronto. Nessas, o crítico musical Willi Schmidt levou um tiro enquanto tocava seu violoncelo, antes que o executor percebesse que o nome na lista não era exatamente aquele. Havia uma diferença de um L e um D a mais ou a menos, uma coisa qualquer, assim. Uma pequena distração. E o Willi errado se foi.

O holocausto dos intelectuais humanistas
Voltando um pouco atrás. Resta outra hipótese. Quem sabe não valeria a pena o holocausto de minha classe, dos intelectuais humanistas e iludidos como eu – animais pré-históricos, diante dessa "terceira coisa crescendo aí fora, cultivada na lama, se educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias", com toda propriedade (e de novo alguma poesia) descrita pelo pseudo-Marcola? Quem sabe não valeria a pena imolar tanto esquerdas como direitas, às tontas e às cegas, com a solene indiferença de um deus bárbaro, em prol do novo Estado pseudo-marcolês?
Mas será que temos motivos para crer que ele seria melhor e mais justo? Revoluções muito mais bem nascidas deram no que deram. Os 50.000 guilhotinados da Convenção deram em Napoleão, que deu nos 3,5 milhões de mortos do 18 de Brumário ao Grand Empire, que deu no Congresso de Viena, na reorganização reacionária da Europa, na restauração dos Bourbon na França, e na maravilhosa frase de Talleyrand sobre eles – que, essa sim, valeu a pena: "Não aprenderam nada, não esqueceram nada". Lênin, coitado, deu em Stalin, que entre as repressões no campo, os expurgos e o Gulag parece que ultrapassou a marca dos 39 milhões de assassinados. Por enquanto o verdadeiro Marcola e o PCC não chegaram sequer às centenas. Mas se Marx tiver razão quanto à história se repetir como tragédia, antes de repetir-se como farsa...
Há alguns dias, neste mesmo Observatório da Imprensa a psicanalista Anna Verônica Mautner, uma criatura adorável, afirmou da pseudo-entrevista [ver remissão abaixo]: "Amei". Declarou-a "maravilhosa", e diante de sua apocrifia lamentou: "Queríamos todos que fosse verdade". Todos quem, cara-pálida? Eu não, querida Anna Verônica. Não amei coisa nenhuma – e que maravilha que tudo era mentira! Estou agradecendo a Deus porque o pseudo-Marcola não existe. E a Arnaldo Jabor por toda a penosa mas excitante experiência.

No Centro do Insolúvel...

Entrevista de «Marcola» ao Jornal Globo

- "Você é do PCC?"
- Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos. Eu era pobre e invisível... vocês nunca me olharam durante décadas... E antigamente era mole resolver o problema da miséria...O diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas, raras periferias.
A solução que nunca vinha...Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez alocou uma verba para nós?
Nós só aparecíamos nos desabamentos no morro ou nas músicas românticas sobre a "beleza dos morros ao amanhecer", essas coisas... Agora, estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de medo...
Nós somos início tardio de vossa consciência social... Viu? Sou culto...
Leio Dante na prisão...

- Mas... A solução seria...?
- Solução? Não há mais solução, cara... A própria ideia de "solução" já é um erro. Já olhou o tamanho das 560 favelas do Rio?
Já andou de helicóptero por cima da periferia de São Paulo? Solução como?
Só viria com muitos bilhões de dólares gastos organizadamente, com um governante de alto nível, uma imensa vontade política, crescimento económico, revolução na educação, urbanização geral; e tudo teria de ser sob a batuta quase que de uma "tirania esclarecida", que pulasse por cima da paralisia burocrática secular, que passasse por cima do Legislativo cúmplice (Ou você acha que os 287 sanguessugas vão agir? Se bobear, vão roubar até o PCC...) e do Judiciário, que impede punições. Teria de haver uma reforma radical do processo penal do país, teria de haver comunicação e inteligência entre polícias municipais, estaduais e federais (nós fazemos até Conference Calls entre presídios...) e tudo isso custaria bilhões de dólares e implicaria numa mudança psicossocial profunda na estrutura política do país.
Ou seja: é impossível. Não há solução.

- Você não tem medo de morrer?
- Vocês é que têm medo de morrer, eu não!
Aliás, aqui na cadeia vocês não podem entrar e me matar... Mas eu posso mandar matar vocês lá fora... Nós somos homens-bomba. Na favela tem cem mil homens-bomba... Estamos no "centro do Insolúvel", mesmo... Vocês no bem e eu no mal e, no meio, a fronteira da morte, a única fronteira. Já somos uma outra espécie, já somos outros bichos, diferentes de vocês.
A morte para vocês é um drama cristão numa cama, no ataque do coração... A morte para nós é o presunto diário, desovado numa vala... Vocês intelectuais não falavam em luta de classes, em "seja marginal, seja herói"? Pois é: chegamos, somos nós! Ha, ha... Vocês nunca esperavam esses guerreiros do pó, né? Eu sou inteligente. Eu leio, li 3.000 livros e leio Dante... Mas meus soldados todos são estranhas anomalias do desenvolvimento torto desse país. Não há mais proletários, ou infelizes ou explorados.
Há uma terceira coisa crescendo aí fora, cultivado na lama, se educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias, como um monstro Alien escondido nas brechas da cidade.
Já surgiu uma nova linguagem. Vocês não ouvem as gravações feitas "com autorização da Justiça"? Pois é. É outra língua. Estamos diante de uma espécie de pós-miséria. Isso. A pós-miséria gera uma nova cultura assassina, ajudada pela tecnologia, satélites, celulares, Internet, armas modernas. É a merda com chips, commegabytes. Meus comandados são uma mutação da espécie social, são fungos de um grande erro sujo.

- O que mudou nas periferias?
Grana. A gente hoje tem. Você acha que quem tem US$40 milhões como o Beira-Mar não manda?
Com 40 milhões a prisão é um hotel, um escritório...Qual a polícia que vai queimar essa mina de ouro, tá ligado?
Nós somos uma empresa moderna, rica. Se funcionário vacila, é despedido e jogado no"microondas"... Ha, ha... Vocês são o Estado quebrado, dominado por incompetentes.
Nós temos métodos ágeis de gestão.
Vocês são lentos e burocráticos. Nós lutamos em terreno próprio. Vocês, em terra estranha. Nós não tememos a morte. Vocês morrem de medo. Nós somos bem armados. Vocês vão de três-oitão. Nós estamos no ataque. Vocês, na defesa. Vocês têm mania de humanismo. Nós somos cruéis, sem piedade. Vocês nos transformaram em superstars do crime. Nós fazemos vocês de palhaços. Nós somos ajudados pela população das favelas, por medo ou por amor. Vocês são odiados. Vocês são regionais, provincianos. Nossas armas e produto vêm de fora, somos globais. Nós não esquecemos de vocês: são nossos fregueses. Vocês nos esquecem assim que passa o surto de violência.

Mas o que devemos fazer?
Vou dar um toque, mesmo contra mim…
Peguem os barões do pó! Tem deputado, senador, tem generais, tem até ex-presidentes do Paraguai nas paradas de cocaína e armas.
Mas quem vai fazer isso? O Exército? Com que grana? Não tem dinheiro nem para o rancho dos recrutas... O país está quebrado, sustentando um Estado morto a juros de 20% ao ano, e o Lula ainda aumenta os gastos públicos, empregando 40 mil picaretas. O Exército vai lutar contra o PCC e o CV?
Estou lendo o Klausewitz, "Sobre a guerra". Não há perspectiva de êxito... Nós somos formigas devoradoras, escondidas nas brechas... A gente já tem até foguete antitanques... Se bobear, vão rolar uns Stingers aí... Pra acabar com a gente, só jogando bomba atómica nas favelas... Aliás, a gente acaba arranjando também "umazinha", daquelas bombas sujas mesmo... Já pensou? Ipanema radioativa?

- Mas... não haveria solução?
Vocês só podem chegar a algum sucesso se desistirem de defender a "normalidade". Não há mais normalidade alguma. Vocês precisam fazer uma autocrítica da própria incompetência. Mas vou ser franco... na boa... na moral... Estamos todos no centro do Insolúvel. Só que nós vivemos dele e vocês... não têm saída. Só a merda. E nós já trabalhamos dentro dela.
Olha aqui, mano, não há solução. Sabem por quê? Porque vocês não entendem nem a extensão do problema.
Como escreveu o divino Dante: "Lasciate ogni speranza voi che entrate!" (Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno).

Nota: «Marcola» é o chefe dos "gangs" brasileiros que puseram S. Paulo aferro e fogo.

(Continua)

20070124

Que fartura!

«Inspectores da Polícia Judiciária (PJ) estão a confiscar material informático nas instalações do Sportugal e retiveram o director e sub-director do jornal desportivo on-line, revela hoje o semanário Expresso no seu sítio oficial na Internet.»

É caso para perguntar: e ninguém se indigna? E ninguém exige resultados em tempo record?
Cadê os críticos do costume?

«Manuela Eanes recebida pelo procurador-geral da República, para expor posição sobre o Habeas Corpus do sargento condenado por sequestro».

«O procurador-geral da República, Pinto Monteiro, recebe sexta-feira a eurodeputada socialista Ana Gomes, que pertence à comissão temporária do Parlamento Europeu sobre os voos da CIA na Europa, disse hoje à Lusa fonte da PGR.
Na agenda de Pinto Monteiro, no "site" da Procuradoria-Geral da República (PGR), figura uma audiência "com uma eurodeputada do Parlamento Europeu" para as 19:00 de sexta-feira.
Ana Gomes é eurodeputada do PS e pertence à comissão temporária do Parlamento Europeu sobre voos da CIA na Europa, que hoje aprovou o seu relatório final, em que encoraja as autoridades de Lisboa a investigar escalas suspeitas em aeroportos portugueses de aviões operados pelos serviços secretos norte-americanos.
A Procuradoria-Geral da República está já a avaliar a abertura de inquérito sobre a alegada utilização pela CIA de aeroportos portugueses para o transporte ilegal de prisioneiros suspeitos de terrorismo, disse hoje à Lusa uma fonte da PGR.»


A bicha à porta do Palácio Palmela é que tira o tempo ao procurador-geral de olhar para o que devia...

20070121

Não estava à espera disto !..

Diz-se que o despacho (assinado pela procuradora-geral adjunta Maria José Morgado) a ordenar a reabertura de um processo extraído do «Apito dourado» em que está indiciado Pinto da Costa e outros, está escarrapachado na net.
Confesso: não esperava nada disto.
Terá sido isso que o PGR queria antecipar quando foi ouvido na 3.ª-feira na A.R., dizendo que "não tinha solução para o segredo de justiça" (e que tanta polémica causou)?

Uma coisa é certa: o procurador (só um, e "adjunto") Carlos Teixeira e a equipa da PJ que investigou o processo principal parece que, afinal, conseguiram mantê-lo em segredo de Justiça (até onde puderam)...

20070120

As danças de Paulo Casaca

Paulo Casaca e outros eurodeputados foram filmados numa confraternização com elementos do grupo Mujaehdin Q´alq, organização de resistência iraniana, incluída (vá-se lá saber com que critérios) na Lista das organizações terroristas da União Europeia, mas mandada retirar da mesma por decisão do TJCE. E parece que alguém, da Comissão (?) terá dito que a organização não saiu nem sairia da «Lista».
À primeira vista, o facto até poderia parecer grave. Mas o certo é que foi o Irão, no tempos dos governantes «moderados» que convenceu a UE a incluir a dita organização na falada lista (onde se encontram outros verdadeiros grupos terroristas).
A questão, portanto, resume-se assim:
Em nome de que autoridade e com que critérios de democraticidade e contraditoriedade se estabelecem as referidas listas?
A jurisprudência do TJCE é letra morta para as demais instituições comunitárias?
Quem é que ameaça, hoje, a Europa e o Mundo com a iminente produção de energia nuclear para fins bélicos?

IVG vs ABORTO

José A. Pinto Ribeiro, esse extraordináro especialista em produção avícola, veio declarar que «um ovo não é um frango», a propósito de rejeitar a mesma dignidade jurídica a um feto e a uma criança.
Ele que o diga: "pinto" como é, lá saberá do que escapou...

Não se pode abortar o referendo?

20070118

Não me lembro, já não sei...

Carolina Salgado, afinal, já não se lembra quem agrediu Ricardo Bexiga, contrariamente ao que afirmara no seu best seller (no qual assumira ter sido a "intermediária" nessa agressão).
Parece que o livro era, isso sim, um mero exercício de memória e recordação, face a uma crise aguda de amnésia.
Para «documento autêntico» (qualidade que invocou para si própria) é uma fraude.

O grave é que continue a haver quem acredita em alternadeiras deste jaez...e a ouça durante 9 (nove?) horas, no âmbito de um inquérito criminal...

20070110

Acção de Graças

Consta (ao que parece foi noticiado no Jornal de Negócios) que o Director Geral das Contribuições e Impostos, Paulo Macedo mandou celebrar uma missa de Acção de Graças.
O dito director-geral é o mesmo que foi nomeado por Manuela F. Leite e mantido pelo eng. José Pinto de Sousa no cargo, e cujo vencimento está a ser uma dor de cabeça para o governo, por ser dificilmente sustentável que, face ao quadro actual de contenção, um membro de um serviço da administração fiscal continue a ser pago como ele é.
Mas o caso é que o governo tem também adoptado uma atitude laicizante que, sendo conforme à Constituição, tem sido algo controversa e militante, porventura devido às influências de certas agremiações não confessionais, laicas, e ateístas, mandando retirar crucifixos de Escolas, serviços públicos, etc, embora, convenha-se, com a proverbial tolerância e bonomia indígena.
Porém, uma missa mandada celebrar por um director geral do Ministério das Finanças é algo anómalo.
Será que, afinal, para cobrar impostos o Estado já pode contar com os «santinhos todos»?
Espera-se um esclarecimento da tutela ou, eventualmente, do chefe do governo (que até tinha aí um bom «pretexto» para resolver o problema do dito director).
É que não é um de Abril...

20070108

Sete - Sapatos - Sete

O escritor Moçambicano Mia Couto, fez uma oração de sapiência, no dia 7 de Março de 2006 na abertura do Ano Lectivo do Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique.
(Excertos desta oração foram publicados no "Courrier Internacional" de 2 de Abril).
Destacam-se "Os Sete Sapatos Sujos":
«Não podemos entrar na modernidade com o actual fardo de preconceitos. À porta da modernidade precisamos de nos descalçar. Eu contei “Sete Sapatos Sujos” que necessitamos de deixar na soleira da porta dos tempos novos. Haverá muitos. Mas eu tinha que escolher e sete é um número mágico:

Primeiro Sapato
A ideia de que os culpados são sempre os outros.

Segundo Sapato
A ideia de que o sucesso não nasce do trabalho.

Terceiro Sapato
O preconceito de que quem critica é um inimigo.

Quarto Sapato
A ideia de que mudar as palavras muda a realidade.

Quinto Sapato
A vergonha de ser pobre e o culto das aparências.

Sexto Sapato
A passividade perante a injustiça.

Sétimo Sapato
A ideia de que, para sermos modernos, temos que imitar os outros.

20070102

De hoje em diante...

...eu vou modificar o meu modo de vida...».

Reza assim parte de uma canção do Roberto Carlos, que é um it dos anos 60, mas que pode bem ser um ícone destes dias que correm.