20081231

Votos para 2009

Um «país ingovernável» com um governo de maioria absoluta, dr. soares?

Isso era o cúmulo! E é um grande cepticismo, face às comprovadas capacidades do 1.º ministro...

20081230

Dalida (e Alain Delon) - «Parole Parole Parole»

Música mágica, esquecida e ignorada. Música de sempre, mítica, da nossa juventude. Cosmopolita e de uma inaudita actualidade. Tema de sempre, que perdura no registo da memória.

A "cooperação estratégica" acabou (se é que algum dia existiu)

A cínica relação do aparelho político-governativo relativamente ao Presidente da República assume a sua verdadeira face.
Apesar de o Chefe de Estado acusar o Parlamento de «deslealdade» no relacionamento «entre órgãos de soberania», para bom entendedor, o recado era dirigido ao 1.º ministro.
Foi deste a iniciativa (com presumíveis dividendos político-partidários no ps açoriano) e a renovação da «afronta» ao(s poderes do) Presidente. É ele o seu responsável. Como bem sabemos, a orientação do grupo parlamentar do ps só a ele obedece.
Por isso, é josé pinto de sousa o visado na comunicação presidencial. Não podia ser outra pessoa. Os motivos são miseráveis. O pior é que o ps fica refém duma estratégia que até o "mullah omar do regime", o constitucionalista vital, vituperou.

Em 2009, estou em crer, assistiremos a episódios de luta política pouco edificante. Talvez seja necessário, para desviar as atenções do essencial.

20081228

Estação do frio


Bom Fim de Ano

20081227

Israel no seu labirinto

A (prometida) punição israelita perante as inábeis provocações do Hamas, pode significar o conforto pelo respaldo de Obama à posição do estado hebreu. O que, paradoxalmente, pode vir a constituir um dos maiores problemas do novo presidente americano.
As consequências deste ataque, que excedeu em muito o registo bélico de «baixa intensidade», são, agora, uma incógnita. Significa uma viragem, ou só tem a ver com a situação pré-eleitoral no estado de Israel?
Seja como for, tornar-se-á muito mais crítico qualquer avanço no sentido da estabilidade da região.
A Paz, isso é uma ficção.

«Fora da realidade...»

Bem me parecia.
Mas acho que não é só o orçamento que está «fora da realidade».

20081226

Excertos actuais

«O filho de Macário, o José Fístula, era caçador e fadista de tabernas sertanejas. Tinha andado para padre e esbanjara a herança materna em Braga, em orgias de frigideiras e na boémia das Travessas, onde mulheres de saias engomadas que rugem esfervilham, de penteados altos, untados, com muita caspa e fitas azuis, arrastam chinelos de ligas, com os calcanhares de fora a esbeiçarem, com clavículas esqueléticas mordidas das herpes e dos vampiros das noites vinolentas, cheias de delírios devassos e indigestões de iscas e cebolada».

[Camilo Castelo Branco, Eusébio Macário]

20081223

Bom Natal

Feliz Natal


NATAL


Mais uma vez, cá vimos
Festejar o teu novo nascimento,
Nós, que, parece, nos desiludimos
Do teu advento!

Cada vez o teu Reino é menos deste mundo!
Mas vimos, com as mãos cheias dos nossos pomos,
Festejar-te, - do fundo
Da miséria que somos.

Os que à chegada
Te vimos esperar com palmas, frutos, hinos,
Somos – não uma vez, mas cada –
Teus assassinos.

À tua mesa nos sentamos;
Teu sangue e corpo é que nos mata a sede e a fome;
Mas por trinta moedas te entregamos;
E por temor, negamos o teu nome.

Sob escárneos e ultrajes,
Ao vulgo de exibimos, que te aclame;
Te rojamos nas lajes;
Te cravejemos numa cruz infame.

Depois, a mesma cruz, a erguemos,
Como um farol de salvação,
Sobre as cidades em que ferve extremos
A nossa corrupção.

Os que em leilão a arrematamos
Como sagrada peça única
Somos os que jogamos,
Para comércio, a tua túnica.

Tais somos, os que, por costume,
Vimos, mais uma vez,
Aquecer-nos ao lume
Que do teu frio e solidão nos dês.

Como é que ainda tens a infinita paciência
De voltar – e te esqueces
De que a nossa indigência
Recusa tudo o que lhe ofereces?

Mas se um ano tu deixas de nascer,
Se de vez se nos cala a tua voz,
Se enfim por nós desistes de morrer,
Jesus recém-nascido!,o que será de nós?!

[José Régio]

20081211

Percy Sledge - «Whiter Shade of Pale»

Os deputados faltosos

O deputado do psd, jorge neto, declarou que só faltou à sessão do Parlamento de 5-12-2008 (em que a resolução sobre a suspensão do sistema de avaliação docente não foi aprovada por falta de deputados daquele partido), devido a «trabalho político».

Esse «trabalho» consistiu no jantar de «solidariedade» do Boavista F. Clube (no dia anterior), no Porto, ao qual se seguiu um leilão, que só acabou depois das 02H00 da madrugada. «Era desumano» estar a exigir-lhe que comparecesse no dia seguinte, na AR.

Eu também acho que este deputado bem mereceu o dia de descanso compensatório, depois de tanto trabalho suplementar nocturno.

Falta justificada.

Que fazer quando tudo arde?

Cimeira para salvar a Europa da recessão começa hoje.
(Quando a Europa começa a arder (literalmente), deve ser preciso algo mais do que uma «cimeira»).

E você? Acha que eles vão conseguir?

20081207

Máxima do dia

«Se fazemos testes [de alcoolemia] às pessoas que conduzem gruas, também devemos fazê-los àqueles que escrevem as leis».

[John Kaye, do Partido Os Verdes australiano]

20081206

Matt Monro - «Born Free»

Máxima da semana

«Eu acreditaria em mim»

[dias loureiro]

Explicações da «nossa» Cleptocracia

Um "bunker" na herdade de oliveira costa, parece ser, afinal, o único motivo para, em Portugal, se levar um suspeito de crime económico à prisão (preventiva).


Um fundo gestor em que participaram jorge coelho e dias loureiro, que se dedicava à lavagem de fundos de uma rede de facturas falsas, permitirá perceber porque foram salvos dois bancos por este governo.

Por isso, dias loureiro foi o cavalheiro que apresentou embevecidamente o livro do «menino d´ouro do ps».

Há muitos interesses que convém abafar, rapidamente e em força. Só que a "crise", talvez tenha gerado forças incontroláveis e não seja possível evitar danos colaterais. Que poderão ser extensos.

Talvez todo este ambiente geral permita a afronta do ps ao Presidente da República, por causa do... estatuto dos Açores (e da Lei do Divórcio).

Também o PR já deve ter, por este andar, as mãos carbonizadas.


Se isto não é um «pântano» exponencialmente maior do que o do Eng.º Guterres, vou-me reformar...

20081203

Gigliola Cinquetti - «Non ho l'età»

Um travo retro de um tema que, hoje, seria acusado de pedofilia. Outros tempos, outras concepções do amor romântico...

O preço da Justiça

De acordo com este estudo, o sistema de Justiça custa a cada contribuinte português a quantia de € 38,00.
Diria que é uma «módica quantia». Um valor quase insignificante.
Como a partir de 2009, esses custos vão ser mensalmente controlados pelo MJ, vamos assistir a uma drástica redução dos valores. Só pode.

20081202

A importância de um TC

Tribunal Constitucional ordenou a dissolução do partido no poder e a exclusão do 1.º ministro da vida política durante cinco anos.
Calma, foi na Tailândia.

20081201

Máxima do dia

«Ser tolerante, não significa aceitar o que se tolera»

[Mahatma Gandhi]

20081127

Carta aberta a um blogger «desistente»

José Pimentel Teixeira é o notável glosador da observação social, académica e política, responsável pelo blog «ma-schamba», uma referência na blogosfera, para muitos, entre os quais me permito incluir.
Aparentemente - a ajuizar pelo teor do seu seu último post naquele blog - terá perdido a «pachorra», face a um comentário que terá ouvido de alguém, a propósito de divulgar um evento seu.
Conhecendo o seu tipo de interesses e comentários, o blog de JPT tornara-se imprescindível para um sem número de aficionados no seu estilo e nos seus temas. Assumia extrema importância, por exemplo, em meios intelectuais e estudantis moçambicanos dentro e fora do País.
Não acredito, por isso, que tenha sido um infeliz (ou, porventura, excessivamente sobrevalorizado comentário) que o tenha feito perder a paciência. Penso, até, que isso terá servido de mero pretexto para pôr fim a um tipo de comunicação extremamente interessante e fecundo.
A menos que ele navegue já em qualquer outro sítio - para mim ainda desconhecido - ou queira legitimamente retirar-se da responsabilidade pela autoria e exposição blogosférica, peço-lhe, penhoradamente, que reconsidere a sua atitude e volte ao nosso contacto.

É precisa uma voz e uma visão como a sua. Por favor, não nos desiluda.

A "jihad" adormecida?

De novo, a barbárie, agora na milenar Índia.

20081123

Não havia necessidade...

O Presidente Cavaco viu-se obrigado a dizer algo.

Um narco-estado à deriva

Na Guiné-Bissau, há muitas «noites de facas longas».

A nossa cleptocracia

Em Espanha, também há interesse no «nosso Mário Conde».

O que não deixa de ser estranho, cá, é o interesse do PS - agora, aparentemente, em mudança de posição - em silenciar o problema do BPN, em «nacionalizá-lo para o reprivatizar», em negar uma investigação e esclarecimento cabal sobre o caso, e em revelar qual o valor que os contribuintes terão de suportar, para pagar a ineficácia e incompetência (ou, pior, conivência) da supervisão do Banco de Portugal.

Será para «manietar» o Presidente Cavaco - como «moeda de troca» para outras indulgências político-governativas -, que nomeou (pessoalmente) o dr. loureiro para conselheiro de Estado?

Do pé para a mão, o PS controla a administração de três Bancos. São três poderosos instrumentos para desígnios porventura pouco claros, sobretudo em tempos de crise.
Mas, isso, não interessa nada. Estão em boas mãos.

20081122

Azagaia - «A Marcha»

Cá não temos deste desassombro musical.

20081121

Lá se vai o PEC

O PEC vai «por água-abaixo». A culpa é da crise, pois claro (e pensava eu que, com as «contas em ordem», estávamos protegidos contra cenários de crise).
O irónico é que, depois de tanta propaganda, tanta «reforma», tanto desrespeito, tanta indignidade, com o pretexto de que se estava a «reformar o Estado» e o «tecido social», estamos bem pior hoje, do que em 2005.

E o mais patético, é que não há alternativas sérias a este poder desgastado e desgastante.

Cavalheiros exemplares...

...de um certo tipo de "arrivismo" social e económico.

manuel dias loureiro, por seu lado, não foi ouvido no Parlamento. Mas vai ser ouvido na praça pública.

Talvez seja melhor. Não estamos na era da democracia mediática?

20081120

a insolvência avalizada pelo governo

Há muita "volatilidade" no ar.
Começa com as inaugurações de «estadão» do governo, e acabam com os «burrinhos na água», meses depois: minas de Aljustrel, Livraria Byblos, etc.
Para estes casos, nada de avales, nada de nacionalizações. Porque será?

E o inenarrável ministro pinho não diz nada?

As suspeitas avolumam-se

Todo o atabalhoado processo da «nacionalização» do BPN foi uma história mal contada (como é possível o gestor da CGD vir dizer que a melhor solução é a "reprivatização"?). Ou muito me engano, ou este episódio vai ser o princípio do fim de muita gente e de muita prosápia impante de figurões sem escrúpulos, nem dignidade, nem vergonha.

O conselheiro de Estado dias loureiro já se disponibilizou para ser ouvido no parlamento.
Não o quiseram ouvir. Mas parece que, inequivocamente, há motivos para esclarecer certas coisas.
Porque será que a «palavra de ordem» do governo é de não hostilizar os responsáveis do BPN?
Porque será que o processo de investigação ao SIRESP está fechado "a sete chaves" na PGR, apesar de já não se encontrar em segredo de justiça?

20081118

Manuela, tem uma netinha à sua espera...

manuela ferreira leite defende a suspensão da democracia (por seis meses) para fazer as «suas reformas».
Designadamente, na área de Justiça, o que seria a sua prioridade para ajudar as empresas portuguesas.
O sistema judicial, além de todas as malfeitorias, é também, na opinião da venerável senhora, o responsável pela crise sócio-económica.

Escute, minha senhora, o seu netinho precisa de si,

20081117

A «democracia» virtual

sócrates entregou «magalhães» só para a fotografia.

20081115

Nojood, 10 anos, divorciada

No Iémen, uma menina de 10 anos foi obrigada a «casar», pelo seu pai, um pobre cidadão de Sanaa, com um homem de 30 anos.
Um juiz piedoso com a sua situação - cuja solução ela própria buscou - conseguiu que se demonstrasse as circunstâncias mais ou menos forçadas do «casamento» e a Justiça dissolveu o mesmo, também com a intervenção de uma interessada e activa advogada.

Nojood tomou, aos 10 anos, o seu destino nas próprias mãos. Mãos precocemente experientes de quem foi prematuramente impedida da viver a infância e poder, despreocupadamente, viver esse tempo de crucial importância na formação de uma personalidade equilibrada e harmoniosa. A história pode ser lida no Público de 14-11-2008.

Aspectos culturais de algumas sociedades contemporâneas remetem-nos para características hediondas de sociedades anacrónicas, o que é potenciado pelas difíceis condições de vida dos seus cidadãos.
É um problema de falta de solidariedade que atira as pessoas para comportamentos sociais censuráveis. Mesmo à luz do Islão, que - já o compreendemos -, serve de pretexto para justificar muitos atentados aos direitos humanos e à Civilização.

Bem prega «frei marinho»

O bastonário da Ordem dos Advogados revelou a verdadeira face, ao recusar arbitrariamente - ou prepotentemente, como ele próprio gosta de dizer de outros operadores judiciários - a entrega de duas certidões de alterações de sociedades de advogados, requeridas por um jornalista do Público.
Ignora-se quais sejam as sociedades de advogados em causa, e quais sejam os intuitos do jornalista.
Só se estranha que tenha sido o "indomável bastonário" marinho pinto a exercer tal atitude censória.
Este cavalheiro, que está investido de autoridade inerente a um chefe de cartório público (para efeitos de registo de sociedades de advogados; sinceramente, não sei bem porquê) e que, afinal, dirige uma ordem profissional com competências de poder público delegadas pelo Estado, está obrigado, como qualquer outro funcionário, a fundamentar os seus actos e as suas decisões.
Mas, neste caso, no seu afã de atalhar a questão, perante o requerimento do jornalista terá aposto, secamente, «Não autorizado».

Estamos entendidos.
Para quem não o conhecesse, aí está a demonstração do que é um monumental embuste.

Reitores «descartáveis»

As inimagináveis declarações de mariano gago, sobre os critérios de manutenção no cargo de reitores das Universidades portuguesas, deveria bastar para que os corpos representativos das Universidades se demitissem em bloco. Aparentemente, são pessoas mais civilizadas que os nossos governantes, que os tratam com a mesma impressionante sobranceria e desprezo com que sempre trataram todos os corpos profissionais de Serviço Público, sob o pretexto de estarem a «reformar o estado» (?!?).
Mas houve dois reitores que «bateram, sintomaticamente, com a porta na cara do ministro».

Quando um governante se permite desautorizar e amesquinhar o papel e a função dos reitores - que representam, afinal, democraticamente, a Universidade - está a faltar ao respeito a todo o esforço, empenho e vontade de superar os problemas que se colocam, actualmente, na gestão universitária.
Só nos faltava que os critério de gestão contabilística fossem erigidos em novos critérios de admissão e manutenção de reitores universitários.

Dito de outra forma, preparemo-nos para ter «reitores descartáveis», como qualquer c.e.o. que não atinge os "objectivos empresariais" fixados nos desígnios dos governantes.

Alunos descontentes, governantes desnorteados

O estado do nosso Ensino público e o ambiente insustentável criado na Escola Pública espelha o resultado das políticas autistas deste governo, no que toca à pretensa avaliação e métodos de «gestão empresarial» das escolas.
Será de admirar, quando os alunos alvejam a ministra da educação e "sus muchachos" secretários de estado (??) com ovos?
A soez, torpe e indemonstrada acusação de os alunos terem sido manipulados pelos sindicatos de professores é a rematada desvergonha de uns (des)governantes que não estão à altura da situação.
É bem possível que os alunos contestatários sejam filhos de professores...
Não se lembraram dessa?

20081114

Onde é que eu já vi isto?

Esta história faz-me lembrar outra...
Ah, afinal, já me esqueci.

20081111

Miriam Makeba - «Chove Chuva»

Adeus, Mamma Africa

A posição do Ministério da Justiça


Longitudinal. Diria mais oblíquo.

20081109

Vinicius de Moraes e Toquinho - «Tarde em Itapuã»

Chico Buarque e Caetano Veloso - «Você não entende nada» - «Cotidiano»

CLÃ - «O Sopro do Coração»

O autismo da ministra da Educação e o bloqueio da Escola Pública

A ministra da educação - cuja assombrosa carreira profissional e académica faz qualquer frequentador das Novas Oportunidades presumir que poderá chegar a catedrático de qualquer área - não deve andar no seu perfeito juízo, para dizer que a avaliação só exige dos professores o preenchimento de uma ficha (de duas folhas), para definição de objectivos, e outra, no final do ano, para avaliação de resultados (não se sabe de quantas folhas).
Das duas, uma: ou está a gozar com os professores, dizendo uma inverdade no que toca às exigências formais do processo de avaliação; ou está a gozar com a população, ao pretender convencer que um tal «processo de avaliação» é a tal coisa séria que anda a propalar.

O que se passa, neste momento, nas Escolas é mais um capítulo do triunfo dos clichés da «eficiência» e da «produtividade» pela pretensa avaliação dos educadores, que deixam de ter tempo para ensinar, em função da carga inutilmente burocrática.
É mais uma teimosia inqualificável de um poder político (que interpreta deficientemente a legitimidade da maioria democrática) que «divide para reinar», desacreditando, vilipendiando e menosprezando uma classe profissional de crucial importância no desenvolvimento do País.

O que conta são as estatísticas, os resultados martelados, as políticas improvisadas e irreflectidas, as medidas de «navegação à vista».

Bokassa, Jardins e cruzes «gamadas»

O avolumar da insanidade político-constitucional no arquipélago da Madeira tem-se tornado um «case study».
O funcionamento do plenário da Assembleia Regional está suspenso até que os tribunais decidam a queixa que o PSD apresentou sobre o deputado do PND (!!!).
O PS vem reclamar, agora, a pronta intervenção do Presidente da República.
Que me lembre, a última grande benção institucional ao farol da democracia atlântica do regime do «Bokassa» madeirense, foi, justamente, feito por Jaime Gama, alguém acima de qualquer suspeita, como se sabe.

P.S.: e o «Sr. Silva», a assobiar para o lado?

20081108

Felgueiras x 2

Em Felgueiras, fátima felgueiras suspirou (diria mesmo, rejubilou) com a "condenação" decretada pelo Colectivo de Guimarães, que a absolveu da maior parte dos crimes.

Um dos co-arguidos, e principal responsável pela denúncia dos casos sujeitos a julgamento, Joaquim Freitas - também co-arguido, e que admitiu vir a ser conjuntamente condenado - declarou estar «arrependido de colaborar com a Justiça», e aconselha «toda a gente que se souber de qualquer coisa não diga nada à Justiça».

Para que conste, o caso é exemplar. Embora não tenha terminado, pela imagem com que se fica, afinal, de que o processo serviu para o quase integral branqueamento da actividade da autarca.

20081107

Racismo,

ou só boçalidade?

berlusconi é o «guru» do pedro santana lopes. Chiça!

Novo capítulo da judicialização do Político

O inenarrável episódio da suspensão do deputado do PND da Madeira pela maioria do PSD, que suspendeu a actividade par(a)lamentar da Assembleia Regional da Madeira («até decisão judicial sobre as queixas apresentadas em Tribunal»!!!), culminou, como não podia deixar de ser, em mais um capítulo de judicialização da vida política.

Se o sistema judicial está assim tão desacreditado, é por alguma razão...

20081105

Ah, o fétiche da «justiça»

«Mas tinha pena (...) sobretudo das juízas novas, saídas do CEJ, uma espécie de atracção sexual que não conseguia esconder de si mesmo quando uma delas se sentava, ajeitando os óculos, vestida de juíza, de negro, afastando o cabelo com a mão esquerda, a direita segurando a caneta, escrevendo, tomando notas - e ele imaginava o que estava escrito nesses blocos, que notas tomaria sobre os advogados de província, sobre aquele cheiro de fatos cinzentos usados duas vezes por semana, sapatos enfeitados de fivelas douradas, gravatas sóbrias de dois tons, anéis grossos, cabelo penteado com gel, sotaque do interior. Enquanto isso acontecia à sua frente, ele tentava adivinhar que roupa se escondia debaixo da farda de juíza, como seria o corte da saia, o decote da blusa, a lingerie, as meias, o pé, o sapato, como estaria sentada a juíza (ah, aquela covinha nas costas), imaginava um piercing preso ao umbigo ou ferindo um mamilo da juíza. E apreciava muito as juízas de meia-idade, gostava de vê-las sentadas, imagina o cadeirão recebendo traseiros moldados por vários anos de consultas a processos, leitura de dossiers, escrita de sentenças».

Francisco José Viegas, Longe de Manaus

Máxima do dia

«Pior do que assaltar um banco, é fundar um banco».

Bertold Brecht

20081104

Notícia verdadeiramente assombrosa

«Filho pacifista» de Bin Laden pede asilo político à chegada ao aeroporto de Madrid.

20081102

Por terras de França

Há coisas de rir, como o «boneco-voodoo Sarko».

Mas há, também, coisas sérias.

O Estado nacionaliza o BPN...

E não se passa nada?

O Estado vai nacionalizar o BPN. Esta notícia assume a banalidade das coisas correntes, mas o seu conteúdo é, actualmente, de uma inaudita gravidade (após a aprovação dos 20.000.000.000 - vinte mil milhões de Euros de aval do Estado, aprovado em tempo record).

A avaliar pela serenidade da instituição, até parece que no pasa nada. Nenhum aviso sobre tão dramática situação constava.

Espera-se, no mínimo que a intervenção da CGD não se faça, mais uma vez, impunemente. Será desta que os figurões dos órgãos sociais, os Revisores Oficiais de Contas, as entidades de «regulação» e de tutela vão ser responsabilizados?

Há um novo PREC (processo de "recapitalização" em curso) em marcha?
Algo de muito estranho se anda a passar no nosso sistema financeiro.
Primeiro, estávamos alheados do que se passou no BCP, mas a transição do CEO da CGD (Santos Ferreira) para o BCP, agora começa a fazer todo o sentido.
O «buraco» era tão profundo que só os fundos públicos (do Estado, isto é, dos contribuintes, das pessoas que pagam impostos), através da CGD, podiam salvar a situação. Daí a solução do "homem-forte" que poderia assegurar a salvação da instituição.

Mas, do BPN não havia suspeita. O Finibanco, a CCAM e o BPI vêm a seguir?

Obama e a «Esperança»

Confesso-me admirador de Barack Obama.
Votaria nele, se pudesse ser eleitor, como milhões de outros habitantes do Planeta, por considerar que a figura inspira, mais do que um conteúdo doutrinal consistente - porventura dispensável neste momento histórico -, um aspecto simbólico, em tempo de "crises" (não há uma crise, há muitas crises, que se agudizaram em simultâneo).
Obama pode parecer um símbolo do cruzamento multicultural e um resultado da própria globalização contemporânea (filho de emigrante africano e de uma "native american" caucasiana).
Esse é um símbolo que resume magnificamente as contradições actuais do povo americano, da interpenetração de valores, de credos e de culturas. Mas, também, do Mundo, onde essas contradições são até talvez mais evidentes, noutras latitudes.
É isso que dá força a uma figura que Colin Powell definiu de forma não traduzível. «transformational».
Mais do que a um programa acabado, adere-se, enfim, a um projecto cuja marca é a de se ir adequando às vicissitudes e problemas que irão surgir.

E, nisso, mais uma vez, os EUA foram inovadores, ao permitir a apresentação de uma tal proposta de governance, ao contrário das tradicionais linhas partidárias.

Não podemos incorrer com excessiva credulidade nesta expectativa. Por um lado, é do interesse (nacional) dos EUA uma descompressão internacional (o Mundo precisa dos EUA, mas de uns EUA que possam ajudar o Mundo).
E esta é a principal força mobilizadora, que daria a vantagem esmagadora a Obama numa eleição planetária.

Mas os EUA são algo cujo funcionamento não tinha as mesmas determinantes que o resto do Mundo.
Pode ser que estejam a mudar. E que isso viabilize um novo discurso, novas políticas e novas práticas. Num Mundo mais igual e sem medo.
Em que os EUA possam liderar, de novo.

Faço votos para que Obama ganhe. E que possa cumprir metade do que se espera dele. Já era muito bom.

20081101

credibilidade (com letra pequena)

Qual é a «credibilidade» de um josé pinto sousa para dizer que o FMI não tem credibilidade?

Que mal fizeram os portugueses para o seu 1.º ministro andar a fazer as figuras que fez na Cimeira latino americana?
Claro que isso compreende-se. Cada vez mais, o sr. pinto de sousa é o homem de mão do str. chávez na Europa.
Talvez daí venha algum benefício (petróleo ao preço da chuva na «hora H», porque os amigos são para as ocasiões). À parte a triste figura de andar a bajular o ogre chávez, tudo o resto é realpolitik.
E está para durar...Não se viu, ainda, foi grandes vantagens com essas atitudes.

Justamente agora, que o FMI se decidiu a travestir-se de «bombeiro» em «arquitecto», lembra-se o sr. pinto de sousa de dizer as alarvidades que disse.

Desde vender a banha da cobra do «Magalhães tintin» até este ataque bacoco à credibilidade do FMI, não há dúvida que, cada vez mais, é o nosso «homem da regisconta».
Alguém lhe compra o que quer que seja?

Duo Ouro Negro - «Amanhã»

Metade dos doentes com cancro não escapa à morte (do JN de hoje)

E a outra metade também não.

20081028

Os limites incompreensíveis da Lei

Um observador razoavelmente informado tem razões para ficar chocado com a absolvição de um marido que planeou (contratando dois indivíduos, que acabaram por não aceitar a «empreitada») matar a mulher, porquanto a especiosa argúcia dos doutrinadores (e julgadores) penais, considera que a «tentativa de instigação» não é punível. Isto, segundo autoridades dogmáticas com responsabilidades nas recentes revisões penais, por inexistir o tipo de crime de «conspiração» para homicídio (como acontece noutros sistemas, como, p. ex., nos arbitrários EUA) - tratar-se-ia de punir actos meramente preparatórios, que de acordo com as regras gerais da tentativa, não seriam puníveis (o que acontece já em situações como as de falsificação ou de contrafacção de moeda, note-se!!!).
O Supremo Tribunal de Justiça, aproximando-se do sentimento corrente do cidadão comum, decidiu, no entanto, em sentido diferente, num acórdão recente, através do qual o marido - que havia sido absolvido em primeira instância - veio a ser condenado. Dir-se-ia que o STJ fez, nesta fase, justiça «em nome do povo» (porque o caso pode não acabar aqui).

Que dizer da diferença de critérios, face à força da Sharia (lei penal islâmica), em que uma mulher pode ser lapidada por adultério?

O multiculturalismo pode assumir muitas formas. Não se deve é confundir, como parecem fazer algumas almas bem-pensantes, com barbárie.

20081025

O desmantelamento do Estado de Direito na República Sul Africana

Era uma vez um departamento especial de investigação e combate ao crime organizado e corrupção, constituído por polícias, investigadores, peritos (forenses, contabilistas, economistas) e procuradores, que tinham uma taxa de sucesso nas acusações que levavam a Tribunal superior a 90% (o nome era Directorate of Special Operations).
Este departamento era também conhecidos como «Scorpions», dada a sua probidade, isenção e alta especialização, o que lhe permitia elevada taxa de eficiência.
Só que, alguns dos condenados, eram políticos do próprio partido maioritário (ANC), culminando na acusação de Jacob Zuma, o provável próximo presidente da RSA, indiciado por corrupção (além de outros crimes, inclusivamente de natureza sexual). Foi o que bastou para começarem as acusações de «abuso de poder» por parte da DSO.
Foi extinta na quinta-feira, por deliberação do Parlamento Sul-africano. É uma directa consequência da demissão de Thabo Mbeki, seu promotor e apoiante.

Uma instituição de que o maior País de África se podia orgulhar, como símbolo do Estado de Direito, com a divisão de poderes, foi dissolvida, para acautelar alguns interesses de responsáveis políticos.
Cumpriu parcialmente a sua missão: incomodar os poderosos.
Por isso, tinha os dias contados.

Podia acontecer entre nós?.

20081020

Militante do MP com as quotas em dia...

... da facção idealista anti-laxista?

O Inspector do MP, Alípio Ribeiro, reiniciou funções com um discurso de tombo. O PGR disse ser «...necessário de uma vez por todas reformular o espírito das inspecções e abandonar o formalismo de puros relatórios jurídicos».

Chegou a hora de inspeccionar os inspectores?

Por um Mundo sem medo

O juiz Baltasar Garzón é um homem de princípios, de convicções e de causas. Nunca foi particularmente bem visto entre os seus pares.
A sua recente iniciativa de retomar a investigação da verdade histórica da Guerra Civil (página negra da História de Espanha, que provavelmente pode trazer dissabores a muito «boa gente») foi qualificada de «disparate jurídico».
O presidente do Tribunal Superior de Castilla Y León, disse mesmo que "La conducta estrafalaria de este señor está empañando a los ojos de la sociedad el rigor con el que trabaja la mayoría de los jueces de este país".
Mas, apelidá-lo de «inquisidor», é mais próprio de uma magistratura pouco interessada em fazer Justiça histórica.

20081019

Há que aproveitar bem as oportunidades...

«Presidente da Câmara de Pequim condenado à morte com pena suspensa».

20081018

Para acabar de vez com os «barulhos esquisitos»

«PGR vai ter 80 mil euros para trocar telefones».

Amália Rodrigues - «Estranha forma de vida» (1965)

Máxima do dia

«A coercibilidade é o Cristiano Ronaldo do direito».



[Aluno da cadeira de «introdução ao direito», de Marcelo Rebelo de Sousa]



O defeito será do aluno?

Quem é que não muda de ideias?

Há uns anos, quando M. Ferreira Leite foi ministra das Finanças de Barroso, acabou com a bonificação dos juros nos empréstimos da habitação.
Parece que, agora, aplaude a iniciativa do governo, de criar o Fundo de Arrendamento (?) de imóveis (de proprietários insolventes).
Compreende-se. O PEC este ano "não vale".

Mais uma medida de «justiça social» deste governo

Pensões de antigos combatentes reduzidas.

20081016

20081011

O folhetim anunciado do provedor de Justiça

Não sei se Laborinho Lúcio ambicionava, de facto, o cargo de Provedor de Justiça (que desempenharia exemplarmente).
Não sei que tipo de interesses, favores (??) ou ligações mantém com o poder político actual, que, de forma ignóbil, o tem impedido de aceder ao cargo.

Eu dava-lhe um conselho: mandá-los pr´a «puta que os pariu».

20081010

Zé Carlos - Gato Fedorento - Pino e Lino

Caros homossexuais,...

...se vos quereis amar,
porque vos quereis casar?

Cheguei à conclusão, depois de ler tantas opiniões favoráveis ao casamento homossexual, pelo beautiful people da nossa "paróquia" (v. Público de hoje), que quem o defende é por motivos tristemente bem conservadores.

20081007

Quando a América se constipa...

...a Europa [e o Mundo] apanham uma pnuemonia.
Pois, parece que esse festivo adágio se confirma, na realidade, para pior.
A Islândia, aliás, é um país pouco saudável, que provoca resfriados.

Agora, em vez de «profetas» da desgraça - como o patético ministro pinho -, o que eu gostava, era ver os rasgos providenciais dos iluminados teóricos neoliberais deste governo, que nos prometeram um futuro de excelência, «tipo modelo finlandês», lembram-se?

Os «socialistas» não param de me surpreender...

Em matéria de casamento homossexual, o PS tem a posição oficial de ser favorável, mas não dá liberdade de voto aos seus deputados.
O PSD tem posição oficial contrária, mas concedeu liberdade de voto aos seus deputados.
Alguém me explica (de preferência com um desenho)?

20081005

Viva a República

Mesmo que venha sofrendo tratos de polé, com uma clique dirigente que capturou verdadeiramente o Estado, e alardeia um pretenso monopólio da «ética republicana e socialista», há que lembrar a essa gente que a República - quer eles queiram ou não - é plural(ista).
Caso contrário, será algo mais parecido com uma ditadura.

20080930

Os crimes na Polícia

Secção de banditismo da PJ assaltada. A notícia está aqui.

Polícias matam companheiros. Ler aqui.

Não admira que a segurança dos cidadãos seja uma «lotaria».

Só nos faltava mais «este»

Manuel Pinho, travestiu-se de «profeta da desgraça».
Dupla desgraça, digo eu, por termos um «ministro» (?) destes...

Talvez os nossos «salários competitivos» ajudem.

20080929

Nos EUA não há disciplina de voto

Mesmo quando toca a votar numa questão essencialíssima, como é a do «salvamento do sistema financeiro».
Será que já nem os próprios congressistas acreditam no «sistema»?

20080927

Santana Lopes em conversa com o PGR

Consta que Santana Lopes «disponibilizou-se, em conversa com o Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro, para ser ouvido o mais rapidamente possível no inquérito à atribuição de casas da Câmara de Lisboa» (SOL de 27-9-2008).

Santana Lopes foi presidente da CML, a Câmara mais importante deste País.
Santana Lopes foi 1.º ministro deste País (!!!).
Santana Lopes é deputado deste País (!!!).
É natural que o facto de poder ser arguido num processo lhe estimule a convicção de que pode «conversar com o PGR» sobre um concreto processo criminal em que está envolvido.
Sabendo que isso não é uma prerrogativa de todos os arguido, e sabendo-se a presunção de impunidade de alguns políticos, acha-se estranho que o PGR tenha acedido a tal solicitação.
Mais, isso revela o nível de promiscuidade entre os meios políticos e empresariais e as suas tentativas de condicionamento do poder judicial (vejam-se os antecedentes do Casa Pia, da Operação Furacão, etc).
Já nada nos espanta.

Só é estranho que o encontro não conste da agenda publicada do PGR.

«Causas fracturantes»: o casamento homossexual II

Registo a reacção da Opus Gay à frenética defesa do casamento homossexual, designadamente por parte do Bloco (de esquerda?): «A pretensão de empurrar todos para o casamento é altamente eclesiástica», considerando que a proposta consagra a «sacristia da conservatória do registo civil».

Vendo bem as coisas, talvez a Igreja Católica deva rever a sua posição, nesta matéria.

Também me parece que andam por aí alguns sacripantas a arvorarem-se em defensores de uma causa que não é a dos homossexuais.

20080925

«Causas fracturantes»: o casamento homossexual.

Aceita-se que o ordenamento normativo republicano não estabeleça qualquer discriminação, no tocante à orientação sexual, nomeadamente no que respeita ao casamento de duas pessoas.
Antevê-se que o propósito (quase) assumido dos defensores do casamento homossexual seja o de, logo após, reivindicarem a adopção (não faria sentido um sem o outro...).
Acredita-se que a razão pela qual o 1.º ministro atirou esta «questão fracturante» para a próxima legislatura, seja, prosaicamente, a de não abrir uma frente incómoda em vésperas de um ciclo eleitoral.

Argumentos como os esgrimidos por um professor de direito de Família (?), Prof. Corte Real, no sentido de dizer que «o modelo de família assente no casal heterossexual “está completamente ultrapassado”», é algo que não se pode aguentar sem histriónica e perplexizante gargalhada, tal o insólito do argumentário.
Ficámos a saber que o modelo de família «in» e triunfante é o que assenta no casamento homossexual?

Este é o pecado mortal dos argumentos que provam demais. Estou em crer que os apaniguados desta causa, no afã de a defenderem com argumentos destes, se precipitarão, pelo menos, no ridículo.

Concordamos que não há mais um modelo único (oficial) de família . Muitas formas de organização e composição familiar escapam, hoje, ao modelo convencional do casamento heterossexual: famílias monoparentais, famílias adoptivas, uniões de facto, famílias compostas de membros com progenitores não comuns, famílias alargadas, etc.
Algumas destas formas familiares não são incompatíveis com o casamento homossexual.
No entanto, estatisticamente, sociologicamente, juridicamente, ao que parece, o casamento heterossexual é o modelo (para já) ainda dominante.
O que temos por certo é que não é, seguramente, o casamento homossexual que irá constituir o modelo de família que se quer como basilar.
Nem os seus defensores o devem pretender.

Por mim, subscrevo o que, sobre o assunto, já sentenciou, mui judiciosamente, o Dr. A. Sousa Homem: «Eu também concordo com o casamento de pessoas do mesmo sexo. Toda a gente tem direito à sua dose de infelicidade».

20080921

Prisão preventiva e «brandura dos juízes»

Quando é notícia a prisão preventiva de um cidadão (que se presume inocente até condenação transitada em julgado), e se alardeia com a suposta «brandura dos juízes» na sua aplicação, há que esclarecer se esse intuito não foi o que o «legislador» efectivamente pretendeu, quando no art. 219.º do Código de Processo Penal e no art. 15.º da Lei n.º 51/2007, de 31-8, se reza o seguinte:

Artigo 219.º
Recurso

1 — Só o arguido e o Ministério Público em benefício
do arguido podem interpor recurso
da decisão que aplicar,
mantiver ou substituir medidas previstas no presente
título.
2 — Não existe relação de litispendência ou de caso
julgado entre o recurso previsto no número anterior e a
providência de habeas corpus, independentemente dos
respectivos fundamentos.
3 — A decisão que indeferir a aplicação, revogar ou
declarar extintas as medidas previstas no presente título
é irrecorrível.
4 — O recurso é julgado no prazo máximo de 30 dias a
partir do momento em que os autos forem recebidos.

Artigo 15.º
Medidas de coacção

1 — O Ministério Público, de acordo com as directivas
e instruções genéricas aprovadas pelo Procurador -Geral da
República, requer, preferencialmente, a aplicação de medidas
de coacção diversas da prisão preventiva
sempre que a
realização do objectivo referido na alínea c) do artigo 2.º
não exigir a aplicação desta medida.
2 — O Ministério Público, de acordo com as directivas
e instruções genéricas aprovadas pelo Procurador -Geral da
República, propõe ao juiz, em qualquer fase do processo,
que as medidas de coacção de prisão preventiva e de obrigação
de permanência na habitação sejam associadas a
programas de acesso ao ensino, à formação profissional
e ao trabalho, sempre que o arguido se manifeste interessado
e esses programas se revelem adequados a prevenir
a prática de futuros crimes.
3 — Os programas previstos no número anterior são
desenvolvidos pelos serviços de reinserção social, no caso
de obrigação de permanência na habitação, e pelos serviços
prisionais, no caso de prisão preventiva.
Convinha que ali para os lados de S. Bento alguém lembrasse isto aos governantes e políticos (e jornalistas), que se queixam, ao que parece, do excesso de «brandura» na aplicação da prisão preventiva.

20080920

O «respeitinho» é muito bonito!

Diz-se que na Venezuela, qualquer estrangeiro que emita opiniões contra o país, é imediatamente expulso.

Só pode ser desinformação em véspera de escala de Chávez pelo nosso país...

Assino por baixo

Criticar, descredibilizar, instrumentalizar

«Vem a propósito o discurso do presidente da República no 175.º aniversário da criação do Supremo Tribunal de Justiça, o qual, na sua essência, foi interpretado como um aviso ao poder executivo pelos ataques que tem dirigido ao poder judicial. Também o do Prof. António Hespanha, que muito argutamente soube transpor de forma crítica a leitura do passado histórico para os tempos presentes. E antes dele, o do Prof. Correia Pinto, numa exposição infelizmente pouco concorrida também no STJ, em que pôs a nu o que verdadeiramente se acoberta debaixo de certos ataques a que temos assistido. Será que chegou a hora de se pôr cobro a essa desatinada campanha de descrédito (isto é, de deslegitimação) do poder judicial por parte do poder executivo, o qual não tem olhado a meios, inclusive socorrendo-se de manipulação de certos factos (veja-se o recente caso da «brandura na aplicação da prisão preventiva», a propósito da onda de violência neste Verão) para atingir fins que parecem nebulosos por porem em causa o próprio Estado de direito democrático?Uma coisa é o ataque às corporações, por criarem resistências a mudanças que urge implementar; outra é descredibilizar as instituições a pretexto desse ataque. Uma coisa é criar condições para corrigir disfuncionalidades do “sistema”, que terão causas objectivas, históricas, estruturais; outra, atacar a honorabilidade profissional de toda uma corporação (não tenhamos medo da palavra), como se fosse nas pessoas concretas que a compõem que residisse a raiz dessa disfuncionalidade. Uma coisa é criticar os erros, a indolência, a burocracia, a negligência, as faltas de serviço, a violação dos deveres deontológicos, para os quais há (ou é suposto haver) meios próprios de reacção, que têm a ver com o sancionamento de comportamentos, e outra servir-se disso para pôr toda uma corporação na lama. Uma coisa, em suma, é criticar (o que implica sempre critérios judicativos justos) e outra é “malhar” para instrumentalizar e condicionar. Infelizmente, o poder (neste caso o poder político) tem sempre quem, por receio, tibieza ou desejo de agradar (numa palavra, por falta de independência) esteja pronto a servir os seus propósitos, mais ou menos explícitos, mais ou menos camuflados.»

[Artur Costa* - blogsinedie, 18-9-2008]

Eis como os magistrados não têm que ser uma espécie na clandestinidade, nem fazer-se ouvir, apenas, pelas vozes das suas associações.

* Artur Costa é juiz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça.

20080919

«Os filhos vão ser armas de arremesso»

Confesso que, inadvertidamente, li «Os filhos vão ter armas de arremesso».
Não era mal pensado...

20080916

«Erros grosseiros» e «grosseria errática»

Para o presidente do STJ, os juízes não devem ser responsabilizados pelas suas decisões.
Eventualmente, nem por «erros grosseiros» de decisões de prisão/detenção ilegal.

Em boa verdade, há uma interrogação que fica no ar: e se «grosseiro» for o erro do Tribunal que decide da responsabilidade do Estado e do juiz?

Quem garante a correcção da decisão que reconhece o «erro grosseiro»?

20080912

Mas a «segurança está assegurada»

«A casa do Procurador-geral da República (PGR) em Porto de Ovelha, a sua terra natal, foi assaltada».

Maria José Morgado fala em «novidades criminais» e, pela primeira vez, critica a «fraca ajuda» das leis penais.

O governo continua autista, à espera de um relatório de observação do observatório da justiça (?), sobre a aplicação do novel código de processo penal, que será entregue em Fins de 2009, e que pagará a peso de ouro, a sair dos bolsos das vítimas dos crimes violentos e dos outros (que os criminosos, esses, estão isentos de impostos).

Alguém acredita nisto?
País fantástico, este.

20080910

«A segurança está assegurada»


É a enérgica mensagem do ministro da administração interna, confrontado com a alegada prática de um crime numa Esquadra da PSP de Portimão.

Convenhamos que não é inédito; mas começa a ser mais normal do que devia.

20080909

«Garota de Ipanema» - Tom Jobim e Vinicius de Moraes

Tragédia

Morreram ontem três trabalhadores, na derrocada de um prédio em obras de reabilitação no centro de Braga.
Passou-se isto no coração de um município cujos autarcas se ufanam de ser um concelho modelo, com uma qualidade de vida invejável e com um nível de equipamentos sociais e culturais incomparável.
Passou-se isto - dir-se-á - em pleno séc. XXI, no centro de uma das principais cidades do País, no mesmo dia em que, coincidentemente, se iniciaram as obras voluptuárias e megalómanas de prolongamento de um túnel rodoviário cuja única utilidade visível será valorizar um empreendimento privado num dos quarteirões principais, a intervencionar em breve.
O amadorismo, a falta de cuidado e qualidade, a negligência de empreiteiros e engenheiros, de técnicos fiscais camarários, sempre foi atributo deste tipo de trabalhos e operações em Braga. cidade tradicionalmente dominada pelos grandes interesses de construtores civis e imobiliários.
Desta vez, com resultados fatais e lamentáveis.
Os quais, os pretensos responsáveis pela «protecção civil» (ou pela desprotecção civil?) aproveitam ignobilmente para lamentar e endereçar os sentimentos às famílias, nos noticiários das 20H00, em directo, ao mesmo tempo que o edil sentenciava logo a «falta de cuidado» na execução da obra. Tudo isto enquanto os bombeiros, sem meios adequados, levantavam os escombros à mão, sob o pretexto de não atingiram nenhuma das vítimas soterradas.

É espantoso que esta situação possa não vir a ter consequências no plano da responsabilização empresarial e até político-administrativa, já que, ao nível infortunístico laboral e civil, essa responsabilização será inescapável.

Fica o lamento e a constatação de que nada se alterou. Numa época em que a estratégia aprovada contra acidentes de trabalho deveria reduzir em 25% a respectiva taxa até 2012, no último ano aumentou 10%.

Mas as tragédias não se lamentam. Evitam-se. Parece-me bem que esta é uma delas.

Assim vai o combate ao «crime violento»

Esquadra da PSP de Carnaxide sem um único carro a circular.
Ler aqui.

20080907

Crime violento «pícaro»

A onda de "criminalidade violenta", que consegue «dezenas de euros» como produto de roubos, tem também cenas pícaras, como esta ou esta.
Convém esclarecer que serão estes os casos de crimes «incaucionáveis».
O «direito penal do inimigo» em todo seu esplendor. Na República portuguesa, agora ao vivo e a cores.

20080905

O TC é «bom companheiro»

Se o governo não muda as leis penais, o Tribunal Constitucional dá uma mãozinha, e salva a «Operação Furacão», protelando o segredo de justiça, relativamente a terceiros.
Isto não significa que o TC faça «letra morta» do regime do segredo de justiça. Pelo contrário, afirma expressamente que o sigilo fiscal é mais intenso que aquele.
Mas não há dúvida que os juristas são muito criativos...

20080904

Continua a pressão (persuasão?) sobre o crime violento

As forças de segurança continuam na sua indómita luta contra o violento.
Na rusga de ontem, em Loures , os resultados foram visíveis, ao serem efectuadas cinco -detenções - cinco: três por falta de carta de condução, uma devida a condução com álcool e outra por permanência ilegal no país, segundo fontes policiais.

Entretanto, continuam a ocorrer pequenas incivilidades.
Podemos dormir descansados.

20080901

O crime intranquilizador

Um homem foi atingido pela «vaga de criminalidade violenta» perto do bar «Xanax», no Bairro Alto, em Lisboa.
O crime violento não conhece tranquilizante à altura; quais rusgas, quais operações de prevenção...

20080830

De novo, os «incaucionáveis»?

Por anúncio do ministro Rui Pereira, a lei das armas vai ser alterada, de forma a que os crimes cometidos com arma de fogo sejam passíveis de prisão preventiva e a detenção, para apresentação ao juiz seja efectiva.
Ignora-se se serão os crimes cometidos com armas de fogo legais. Presumindo que se refere apenas às armas ilegais (?!), na sua maioria, a tais crimes é já aplicável a prisão preventiva.
Não o é nos casos de mera detenção de armas de fogo ilegais mais vulgares (em que, nos termos do art. 86.º, n.º 1, al. d) da Lei n.º 5/2006, a pena máxima é de três anos de prisão).

Essa medida cheira, portanto, a uma satisfação da opinião pública e a uma pseudo-tranquilização da sociedade, através de um expediente legal manhoso, avulso, sem eficácia real e que esbarra num juízo de clara inconstitucionalidade (por frontal violação do art. 27.º, n.º 3, al. b) da Constituição), a menos que alterem a disposição incriminatória referida (aumentando a pena aplicável).
E tresanda a um discurso de patética desorientação, de medidas erráticas no combate ao crime violento, e de manifesta incapacidade política e de diagnóstico de prevenção dos fenómenos, invocando-se, uma vez mais, o arsenal do direito penal e a exasperação da punição, depois de alguns anos de tendências "hipergarantísticas" do arguido (PGR dixit) e de uma clara assunção de um programa político de desencarceramento e de cínico alívio da posição processual dos arguidos. Para além, claro está, da contradição intestina dos membros do governo responsáveis pelos sectores em questão.

Sempre que o governo assume que «estas não são as suas magistraturas», reconhece implicitamente a falência da suas políticas de segurança e de política criminal.
É que a política criminal não se esgota, como atabalhoadamente o governo e a sua maioria pretenderam fazer crer, com as Leis n.ºs 17/2006 e 51/2007 (que são, apenas, e quando muito, um esboço atamancado e atomístico de uma «lei da política-criminal do Ministério Público»).
A política criminal é algo de muito mais vasto e complexo, indo da política de prevenção do crime, à da reinserção social.
Mas o que, então, interessava era, apenas, «pôr o Ministério Público na ordem», de forma a impedir a repetição de "afrontas processuais" a notáveis e gente gra[ú]da do poder.

O resultado está à vista.
Quem semeia ventos...

O Secretário-Geral II

O juiz Conselheiro Mário T. Mendes foi designado para o cargo de secretário-geral do Sistema de Segurança Interna.
Parabéns sinceros a Mários Mendes e votos para que leve a «bom porto» o árduo trabalho que o deve esperar.

20080827

O secretário-geral

A temida figura de secretário -geral do Sistema [Integrado] de Segurança Interna, arrisca-se a ser mais um cargo de intendência, um mordomo de protocolos, do que outra coisa.

A publicação da Lei n.º 49/2008, de 27-8, veio desfazer todas as dúvidas, a esse respeito.
O cargo - que não se diz como será provido - inclui uma inaudita forma de definição de competências. São mais as coisas que não pode fazer do que as que deve fazer. Veja-se o que dipõe a lei a propósito das suas competências, enquanto orgão coordenador das polícias.

Artigo 15.º
Sistema de coordenação

1 — A coordenação dos órgãos de polícia criminal é
assegurada pelo secretário -geral
do Sistema de Segurança
Interna, de acordo com as orientações genéricas emitidas
pelo conselho coordenador dos órgãos de polícia criminal
e sem prejuízo das competências do Ministério Público
.
2 — Compete ao Secretário -Geral, no âmbito da coordenação
prevista no número anterior e ouvidos os dirigentes
máximos dos órgãos de polícia criminal ou, nos diferentes
níveis hierárquicos ou unidades territoriais, as autoridades
ou agentes de polícia criminal que estes designem:
a) Velar pelo cumprimento da repartição de competências
entre órgãos de polícia criminal de modo a evitar
conflitos;
b) Garantir a partilha de meios e serviços de apoio de
acordo com as necessidades de cada órgão de polícia criminal;
c) Assegurar o funcionamento e o acesso de todos os
órgãos de polícia criminal ao sistema integrado de informação
criminal, de acordo com as suas necessidades e
competências.
3 — O secretário -geral não pode emitir directivas, instruções
ou ordens sobre processos determinados.
4 — O secretário -geral não pode aceder a processos concretos,
aos elementos deles constantes ou às informações
do sistema integrado de informação criminal.

Esperava-se que esta figura pudesse funcionar como uma "charneira", entre as polícias, o governo e o Ministério Público, para o que teria um inegável interesse e, mesmo, justificação.
Afinal, nem poderá aceder a informação que estará acessível às entidades que vai coordenar...

Secretário-geral para quê?

20080820

Mas...«a segurança está assegurada» (governadora civil de Lisboa dixit)

Uma carrinha de valores atacada na Auto-Estrada A2 por 5 indivíduos em três veículos de alta cilindrada, e aberta com uso de explosivos.

Diversos ourives assaltados nos últimos dias.



Está cada vez mais claro que, há um ano, alguns deputados, no afã de aprovar fotograficamente medidas no Cód. de Processo Penal que impedissem a repetição de ocorrências do «processo CasaPia», se esqueceram de que havia outra criminalidade...

20080819

A vida, como ela é?

«Uma juíza de Felgueiras disse que estilo de vida dos ciganos era “pouco higiénico”.
A Comissária para a Imigração vai queixar-se de sentença sobre comunidade cigana» -
30.07.2008 - 19h47 (Lusa);
O Alto-Comissariado para a Imigração e o Diálogo Intercultural vai queixar-se ao Conselho Superior da Magistratura da sentença de uma juíza de Felgueiras que considera o estilo de vida dos ciganos como pouco higiénico e “subsídio-dependente”.
A Alta-Comissária para a Imigração e o Diálogo Intercultural (ACIDI), Rosário Farmhouse, escusou-se a comentar a sentença, mas disse que as considerações “genéricas” sobre a comunidade cigana têm um “teor marcadamente xenófobo”.
“Fiquei, estou absolutamente perplexa como é que numa sentença se fazem acusações tão genéricas relativas a uma comunidade, tomando a parte pelo todo. Uma coisa é adjectivar a conduta dos arguidos (da qual me abstenho) e outra coisa é tomar toda uma comunidade com cerca de 50 mil pessoas pelo comportamento destas cinco pessoas, destes cinco arguidos”, disse Rosário Farmhouse.
A Alta-Comissária avançou ainda que, depois de recebida e analisada a sentença, o ACIDI vai remeter uma queixa da juíza ao Conselho Superior da Magistratura, órgão de gestão, administração e disciplina dos juízes. “Assim que tivermos a sentença, e depois de analisada, ponderamos a hipótese de fazer uma queixa ao Conselho Superior da Magistratura”, afirmou a responsável, que disse ainda ser a primeira vez que o organismo que dirige apresenta uma queixa semelhante.
“Só tenho a lamentar que neste Ano Europeu do Diálogo Intercultural, em 2008, seja possível assistirmos em Portugal a afirmações deste teor, marcadamente xenófobo”, reforçou Rosário Farmhouse. “Realmente estou espantada, estou perplexa e assim que tiver a sentença vamos de certeza tomar uma posição mais frontal. Assim que tivermos a sentença e depois de analisada iremos remeter uma queixa”, frisou.
A juíza Ana Gabriela Freitas, do Tribunal de Felgueiras, proferiu ontem uma sentença em que considera que a comunidade cigana tem um estilo de vida com “pouca higiene”, é “traiçoeira” e “subsídio-dependente”. “Pessoas mal vistas socialmente, marginais, traiçoeiras, integralmente subsídio-dependentes de um Estado a quem pagam desobedecendo e atentando contra a integridade física e moral dos seus agentes”. Foi desta forma que a juíza Ana Gabriela Freitas, do 2º Juízo do Tribunal Judicial de Felgueiras, se referiu aos cinco elementos de etnia cigana acusados de agredir diversos agentes da GNR.
Ana Gabriela Freitas, na leitura da sentença, teceu considerações não só aos cinco acusados da agressão aos agentes da GNR de Felgueiras, mas também generalizou a toda a comunidade cigana. “Está em causa o desrespeito da autoridade e, por arrastamento, a própria administração da Justiça como flui com particular ingência dos recentes acontecimentos da Cova da Moura, Aziaga do Besouro, Quinta da Fonte e ainda culminando com a agressão selvática dos agentes da PSP em Abrantes”, referiu a juíza na fundamentação da sentença.
Na base da sentença estão acontecimentos ocorridos no dia 7 de Janeiro de 2006. Um grupo de cidadãos de etnia cigana estava a fazer uma festa no Bairro João Paulo II, em Felgueiras, com música alta e disparo de tiros com armas de fogo. A GNR foi chamada ao bairro, a que a Juíza chama “Cova da Moura cigana”, para pedir silêncio. Contudo, moradores e agentes da GNR envolveram-se em agressões físicas e verbais.
Na sentença, Ana Gabriela Freitas deu como provado que, durante os acontecimentos, “as mulheres e as crianças guincharam selvaticamente e bateram e chamaram nomes” aos agentes. Os cinco homens de etnia cigana foram todos condenados a penas de prisão efectiva e ao pagamento de indemnizações mas recorreram da sentença. Para elaborar a sentença, “socorreu-se o tribunal das regras de experiência no que toca ao elemento intelectual e volitivo do dolo inevitavelmente associado aos useiros e vezeiros comportamentos desviantes e percursos marginais dos arguidos e do seu pouco edificante estilo de vida”.
No levantamento sócio-económico da vida dos arguidos, Ana Gabriela Freitas escreveu no processo que as condições habitacionais “são fracas, não por força do espaço físico em si, mas pelo estilo de vida da sua etnia (pouca higiene)”. Desta forma, Ana Gabriela Freitas salientou ainda não se vislumbrar “a menor razão para acolher a rábula da ‘perseguição e vitimização dos ciganos, coitadinhos!”.



Uma sentença não é um artigo de opinião.
A fundamentação de uma sentença deve ciscunscrever-se aos factos que ficaram provados no processo e a factos notórios. Serão as afirmações produzidas, relativamente à «comunidade cigana», factos notórios?
Seja como for, para além de algumas incorrecções científicas e apesar do excesso de generalização e da conclusividade de muitas das afirmações - que poderão vir a resultar em sancionamento disciplinar da magistrada - há que reconhecer que o tema deve ser debatido.
Não no sentido da justeza ou adequação das considerações, mas no sentido da liberdade de expressão das peças judiciárias.

Máximas

Cada uno es como Dios lo hizo, y aún peor muchas veces.

[Miguel de Cervantes]

20080809

O «morro» de Lisboa

Não se ouve nem vê particular crítica ou indignação, relativamente à operação do GOE que pôs termo ao sequestro do BES (está tudo a banhos, aparentemente mais preocupado com as férias ou a crise).
Não serei dos que, apressadamente, irei criticar essa actuação, provavelmente necessária.
O que aqui gostava de salientar é a anterior e subliminar «preparação» da opinião pública para a inevitabilidade de situações idênticas: foi o relembrar de uma situação anterior do GOE, que acabou com a morte de um cadastrado, há alguns anos, foi a ampla propaganda feita ao grupo de operações especiais do filme «tropa de elite», enfim, um adensar de elementos que levem a opinião pública a aceitar, acriticamente, este tipo de acontecimentos.
Foi, também - e isso há que reconhecê-lo - a oportunidade de dar o sinal de que as forças de segurança não fraquejam, nos momentos decisivos e que o crime - este tipo de crime - não compensa.

De facto, é correcta a afirmação de um princípio de intolerabilidade de pôr em perigo a vida de pessoas inocentes, através de actuações criminosas, como a que se assistiu. Se necessário, através da eliminação física dos agressores.
Mas, numa época em que tudo é escrutinado, será conveniente averiguar e esclarecer os termos em que foram dirigidas e conduzidas as negociações deste «incidente táctico», neste caso, levadas a cabo por parte da PSP, força tutelada pelo ministro da Administração Interna, que terá de prestar contas sobre a correcção da actuação e, de acordo com a avaliação, extrair daí as consequências.

20080729

Cenas da vida conjugal

Jaime Ramos, o detective da PJ do Porto, há muito que avisava (nos romances de Francisco José Viegas): «Mata-se muito em Portugal.».

Eles vivem do «rendimento mínimo»

Quem?
- Os talibãs.

À atenção do Sheik Munir (desculpando-me a blague; - ).

Máximas

«O PSD andava um bocadinho no vaudeville e agora passou para a comédia dramática».

Filipe La Féria (Sol de 26-07-2008)

Olha quem fala!

Sócrates afirma que “o país precisa de regressar à escola”.

[Do Público on-line]

Proverbial

«Justiça de Fafe».

Grandes «novidades»

«PSP: Indícios de envolvimento de polícias em segurança ilegal detectados em três distritos». (Lusa on-line)

20080727

«Luta anti-corrupção»: último folhetim.

João Cravinho lá terá as suas razões para questionar o conteúdo da lei «anti-corrupção» que está na forja do PS.
Quando o grupo parlamentar do PS - pela voz do seu dirigente -, acometido de inaudito autismo, reage desta forma contra outro emérito socialista, é caso para perguntar: alguém está, mesmo, interessado em lutar seriamente contra a corrupção?

20080725

Maddie - arquivamento condiciona, ou "condição de arquivamento"?

Gonçalo Amaral, ex-investigador (coordenador operacional da investigação, como gosta de precisar) do caso Maddie, até Outubro de 2007, lançou livro em que pretende relançar a discussão sobre as teses alternativas ao rapto, maxime, a de acidente mortal e ocultação de cadáver.
O ex-investigador pode ter sido incompreendido e não ter tido o necessário apoio institucional (com ou sem as insinuadas pressões político-mediáticas do caso).
No entanto, o livro tem o travo de um ajuste de contas com os defensores da "versão oficial".
Creio, no entanto, que seria preferível, neste momento, que o ruído à volta do caso não fosse amplificado por quem deveria ter alguma reserva.
Afinal, o que fez, não foi mais do que expor conjecturas e hipóteses, credíveis, mas sem confirmação. Que, como ele próprio disse, «não fazem prova de nada».

Excessos virtuais do «Simplex»

Desapareceram 43 mil pedidos de cartas de condução, no processo de sucessão das competências da ex-DGV para o IMTT.
A empresa responsável já declinou responsabilidades.
É apenas mais uma maravilha do «choque tecnológico», ou mero caso de polícia?

Causas rentáveis...

...ou a exemplar reposição da «justiça internacional» [europeia, no caso].
A não perder, aqui.

20080724

Sensibilidade e Bom senso

Há muito tempo que não via tanta sensatez num governante.
Nem tudo é desesperante, neste País. É claro que João Ferrão, secretário de Estado do Ordenamento do Território não é um político profissional; é um profissional geógrafo que faz política, circunstancialmente.
A propósito, ele é "tutelado" por que ministro?

20080723

Parlamento italiano dá imunidade a Berlusconi

O ambicionado sonho de muito bons governantes.

20080722

Profissões emergentes


«Carrasco de Srebrenica» trabalhava como terapeuta de medicina alternativa.

"Higiene social" e o triunfo do politicamente correcto

As famílias ciganas, acampadas frente à Câmara de Loures já foram removidas, por ordem da nova intendência do regime. Havia que, no assomo higienista e asséptico dos nossos governantes, devolver a "normalidade à situação", até porque o ajuntamento configurava uma «manifestação ilegal».
Espera-se que se siga, à semelhança do que sucedeu com manifestações sindicais anteriores, o respectivo processo crime, a instaurar aos organizadores de tal desmando.
Afinal de contas, «a segurança está assegurada» no Bairro da Fonte.

O "ex" do futuro

Alípio Ribeiro, ex-director nacional da PJ, veio, sibilinamente, dizer que o caso Maddie “não devia ser fechado tão cedo”.
Foi o mesmo que disse, ainda em funções de director nacional da PJ, que a constituição dos pais da menina tinha sido "precipitada".
Alípio Ribeiro, o grande paciente, «mata dois coelhos com uma só cajadada»: afronta, ao mesmo tempo, o Procurador-Geral da República e o seu sucessor, Almeida Rodrigues. Invocando o seu know-how de ex-inspector, veio alimentar - ainda que possivelmente, com razão - a fogueira mediática do caso, quando tudo recomendaria que se remetesse a um prudente silêncio.
Mas, Alípio, sempre primou por falar quando não devia, e não falar quando devia.

20080719

O "legado" de Pedro Bacelar de Vasconcelos.

Enquanto a inenarrável governadora civil de Lisboa (já alguém atentou bem no "perfil tipo" das governadoras civis deste país?) «assegura a segurança» no bairro da Quinta da Fonte, em Loures, foi encontrada a solução para os problemas que opõem as comunidades cigana e negra naquele bairro: distribuição de flores brancas e pintura de um mural.
Nem mais, nem menos.

Isto, enquanto o nosso Presidente da República alerta para que «não se criem guetos étnicos» (já ouviu falar da Cova da Moura, Prof. Cavaco Silva?).

Será que os nossos governantes andam assim tão desfasados das realidades sociais?

Pedro Bacelar de Vasconcelos: volta, estás perdoado!

Os segredos e os disparates.

«Britânicos não querem revelar identidade de referenciados por pedofilia no Algarve».

Continuar a ler aqui. Têm razão as autoridades britânicas em acusar-nos de deslealdade processual. Fornecem-nos elementos sensíveis, à luz do sistema que os protegia, pelo segredo de justiça. No decurso da investigação, Portugal muda o sistema e revoga o segredo de justiça, num processo legislativo leviano, atamancado e tecnicamente errado.

Pois, pois. Não temos nós o "melhor regime de (não-) segredo de justiça"?
Quando se altera numa noite de "insónia" parlamentar um sistema de segredo de justiça (que até poderia funcionar coerentemente), e perante as evidências do colapso das investigações sensíveis, os mais responsáveis são os que não admitem o erro (e deixam tudo na mesma).

Pinto da Costa, igual a si próprio.

«Sabe se a Maria José Morgado já constituiu arguido o Bastonário da Ordem dos Advogados?» , questionou o presidente do FCPorto, para acrescentar: «Se souber, avise-me, porque eu não sou tão importante como ele».

Pinto da Costa, nisto, até tem alguma razão.

[Sol online]

20080718

Johnny Clegg (With Nelson Mandela) - Asimbonanga - 1999 Fran

Long, long live, Madiba.
Precisamos de mais jovens destes, mesmo que ele já tenha dito que «é tempo de outras mãos segurarem o fardo».

A voz do bastonário (dos Advogados)

Marinho Pinto sempre disse o que queria dizer. É uma qualidade rara, sobretudo nos tempos que correm. Por vezes, acho que não diz bem o quer dizer, mas o que outros querem que ele diga.
Mas, isso não é relevante; se ele assume a autoria das suas palavras, nada a objectar.
A sua grande fragilidade é a "generalização" das imputações que faz.

Na cerimónia de tomada de posse do presidente da Relação de Lisboa, a judicatura institucional "desforrou-se" das suas constantes diatribes (e convenhamos que apodar todas uma classe de ter tiques de esbirros da ex-pide não é nada agradável) com um apoteótica ovação ao discurso do Presidente do STJ, que o invectivou de forma directa e nada diplomática.
Esta permanente guerrilha é inconsequente; mesmo sem medir a "legitimidade democrática" do bastonário dos Advogados e do presidente do STJ (a 4.ª «figura do Estado» é eleita por um colégio de 70 pares), o bastonário consegue, apesar de tudo, levar a melhor.
O discurso autovitimizador e autocomplacente das instituições judiciárias não pode ser um «discurso oficial».
Noronha do Nascimento não pode ter um discurso como o que teve; há que confrontar o bastonário com as suas próprias responsabilidades no estado do sistema (mesmo sem questionar a sua incoerência no discurso contra os «privilégios» dos magistrados, quando reclama o mesmo estatuto remuneratório do presidente do STJ). Há que perguntar-lhe se, perante os alegados "desmandos" e "prepotências" dos magistrados, tem feito chegar essas queixas concretas aos órgãos disciplinares; há que indagar sobre o encaminhamento que tem feito das queixas que recebe ("às centenas", segundo diz) sobre as injustiças dos cidadãos, sobre as queixas relativas ao patrocínio de alguns advogados, etc, etc.

Está a terminar o ciclo da gestão do sistema judiciário por uma geração forma(ta)da noutro tempo e noutros valores. Nela se incluem o presidente do STJ e o bastonário, que são, aliás, faces da mesma moeda.
O sistema precisa, urgentemente, de mudar de protagonistas e de se projectar no futuro.
Não se conseguirá fazê-lo com os discursos dos dois.

Já agora, não há outros advogados com ideias interessante? Estou certo que sim.

20080717

Pretos e ciganos (sem aspas)

No post anterior, um leitor interroga-se por que razão no título do mesmo, os termos «pretos» e «ciganos», apareciam entre aspas.
Justifica-se uma explicação.
Falava sobre o fenómeno da violência social, que eclodiu na periferia desfavorecida de Lisboa (Loures). Acontece que a mesma foi protagonizada por grupos de indivíduos de origem étnico-cultural cigana, por um lado, e luso-africana, por outro.
Contudo, o que realmente importa é que foram cometidos actos delituosos; os cidadãos (portugueses) pretos ou ciganos envolvidos, não foram notícia por serem pretos ou ciganos, mas por terem praticado crimes, deixando muitos outros honrados cidadãos residentes no Bairro da Apelação, comprometidos e envergonhados com esses acontecimentos. Sendo eles também pretos e ciganos, pretende-se, por isso, distinguir as questões: o que importava, era, não divulgar a "cor" dos intervenientes, mas a natureza criminal dos actos.
Sem generalizações, sempre abusivas, já que pensamos conseguir distinguir as situações.
O que importava, enfim, era denunciar o envolvimento de franjas indignas de uma população, que, ainda por cima, é «subsidiada» pela Segurança Social, e que foi notícia, não pela sua origem étnico-cultural, mas pela natureza dos actos.
Ainda que o pretexto para o eclodir da «guerra», fosse uma "banhada" ou um roubo de droga...

P.S.
Entretanto, a Norte, a notícia verdadeiramente estimulante, da inadiável implosão das torres do Bairro do Aleixo, e da disseminação da sua população pela cidade.
Não poso deixar de aplaudir esta iniciativa da autarquia de Rui Rio. Trata-se de uma das medidas de cariz social mais coerente e com maior sentido de integração que se tem visto. Acaba-se com um não-território urbano (ainda por cima num local privilegiado), de onde os reticentes e críticos, que de lá não querem sair, deverão ter os seus motivos bem fundamentados: acalentar uma putativa «guerra» a pretexto de uma qualquer "banhada" de droga, ou coisa que o valha...

20080713

«Pretos» e «Ciganos»

A violência que estalou entre «Ciganos» e «pretos», num bairro de Loures - apressadamente construído para acolher a esmo desalojados da zona da Expo 98 (esse "grande desígnio nacional"!) -, é estigma de um novo ciclo de relações sociais, nas periferias urbanas desfavorecidas, que irá, provavelmente, agravar-se. Não irei teorizar sobre a questão, embora haja estudos sérios em Portugal, sobre o problema.
A irrupção de fenómenos de criminalidade violenta (vulgo, banditismo) entre grupos de delinquentes rivais, com os mais variados interesses e fins, tomou contornos inquietantes, amplificados por uma gravação vídeo, o que tem sempre como efeito, um exponenciar da situação.
O lastro criminal do fenómeno, no entanto, tem génese em erros (deliberados ou não) e omissões de gestão político-urbanística governativa e autárquica, que, hoje, perante o aparecimento das consequências, ninguém ousa mencionar e, muito menos, assumir.
Com efeito, num contexto em todos exigem responsabilidades uns dos outros, ficarmo-nos pela responsabilidade dos directamente implicados, não será redutor?

Os crimes de Loures

Estou «siderado» com os crimes de Loures.
E nenhuma «Equipa Especial de Investigação» na forja...?

20080711

Um Estado «salteador»?

A imaginação chegou, enfim, ao poder. Nem mais, nem menos, do que pela inspirada ideia de josé Robin pinto dos Bosques sousa.
Finalmente, encontrou-se a «receita» para a crise. Vai haver receitas extraordinárias dos lucros da GALP.
Verdadeiramente extraordinárias.
Estonteante, mesmo!
O que não é explicado é que, todas essas receitas (que hoje são lucros), já saiu do bolso dos consumidores, e não se sabe para que bolsos vão.
Com um governo destes, não há crise que resista...

20080710

G 8: trufas e caviar.

Quando a indignidade destes dirigentes mundiais começa na barriga, o que não sucederá noutros capítulos.

O que se pode esperar desta gente?

A PJ que se cuide!

Se esta notícia é sensacionalismo, é bom que a PJ o demonstre rapidamente.
Se é verdadeira, então, o caso é tão sério que o Presidente da República tem de exigir, pelo menos, a demissão do ministro da justiça. Por menos, muito menos, quando um pasquim insinuou que Souto Moura tinha mandado a «escutar» o PR, esteve com a cabeça a prémio.
Os tempos são outros, os intuitos e destinatários das «notícias» são outros.

Por mim, prefiro continuar a pensar que é mais um acto de desestabilização e descredibilização da PJ, com vista à sua dissolução no "Corpo de Polícia Nacional" único que se projecta.
Ou estarei enganado?

20080708

Operação Furacão: último capítulo

Já sabíamos que o País estava «afundado» em "esquemas até ao pescoço" .
É um bom sinal que o Ministério Público e os Tribunais não temam o poder económico e empresarial, se este incorrer em práticas ilícitas.
Mas é bom que saibam o que estão/vão fazer. Para credibilizar a sua actuação, e para que se vejam resultados.
A Operação Furacão "foi a jogo" nos Casinos de Stanley Ho.
Trata-se de uma jogada de fortuna ou azar?

20080705

Desirmanados?

"A falta de respeito pelos juízes e a degradação da sua imagem foram alimentadas por este Governo" - Rui Rangel, no CM

O que pensará disto, o mano Emídio?

Afinal, também há «Crimes de Lisboa»...

Dos jornais de hoje:

- Director da PJ da adiou busca a casa de Jorge Coelho.
-PSP investiga PJ envolvido com detective particular.

Porquê esta obsessão com os «crimes do Porto»?

20080628

TGV, para quê?

As «grandes obras públicas» (como o «novo aeroporto» e o TGV), têm aparecido como uma das bandeiras do desenvolvimento do País, numa atabalhoada tentativa neo-Keynesiana de promoverem o desenvolvimento de outras actividades económicas.

No que respeita ao TGV, os estudos e as comparações revelam que o nosso País não tem mercado nem escala e, por outro lado, as obras necessárias para o TGV irão ter um impacto ambiental e infra-estrutural francamente negativo e desproporcionado para as finalidades que se propõe. Ganhar 30 minutos numa viagem Lisboa-Porto, não merece o investimento, por muito que pretendam demonstrar o contrário.
Países como a Holanda, os nórdicos e a Itália, com recursos suficientes para idênticos empreendimentos, abdicaram deles, por os considerarem demasiado dispendiosos. Mas, também, por considerarem que o investimento não teria retorno viável: seria, para a dimensão e para o mercado desses países, um empreendimento insustentável.

Quem, agora, se deu conta disso, foi - imaginem - o governo de Madrid.
Já que nesta paróquia, o novo-riquismo triunfante do governo [e dos interesses económicos] não reconhece o seu ridículo, haja, ao menos, o bom senso dos espanhóis para impedir megalomanias como o TGV.
Felizmente, do outro lado da fronteira, parece que há gente responsável.

20080626

Ossos do ofício dos juízes?

Os salões de bombeiros, sempre foram palco de cenas de pugilato.
A propósito da agressão a dois juízes, no tribunal da Santa Maria da Feira, será que o CEJ se esqueceu, deliberadamente, de contemplar no seu currículo, a disciplina de «Kickboxing»?

Atenção: o caso é sério. À atenção das autoridades (quais?).

20080623

This Mortal Coil - «Song to the Siren»

Por mim, pode berrar à vontade

«PSD: Luís Filipe Menezes reafirma silêncio até Outubro de 2009»

Lusa online

20080622

Razões de Rio

O intrépido Rui Rio, continua imparável na sua cruzada contra o «estado da justiça». A última atoarda foi lançada, com júbilo geral da plateia, no congresso do PSD, em Guimarães.
Eu confesso: também me sentiria chateado, se fosse presidente de uma junta de freguesia (não teria veleidades para mais), e os fregueses que não gostassem de mim, estivessem sempre a apresentar queixas contra a minha pessoa, na justiça.

Rio, no entanto, confunde uma coisa: o «estado da justiça» - como ele diz -, não é mais do que a aplicação do sistema jurídico, como ele se encontra concebido, o que é uma coisa distinta.
O sistema jurídico é o complexo de princípios e normas jurídicas, que regulamenta e disciplina os conflitos de interesses dos cidadãos e das colectividades, possibilitando, com maior ou menor amplitude, a tutela desses interesses em juízo.
Esse sistema é projectado e aprovado pelo legislador «politicamente autorizado», no caso, a AR ou o Governo, dentro das respectivas competências.

O que hão-se dizer os funcionários e magistrados, perante a recente aprovação de um regime de responsabilidade civil por actos no exercício das funções, pelo qual, virtualmente, podem ter que se defender permanentemente, em relação a queixas e acções sem fundamento, sob pena de serem condenados, mesmo sem terem qualquer responsabilidade?

Portanto, Rio, anda equivocado. Equívoco esse, que, também, é ambíguo. Para se esclarecer, bem podia pedir umas explicações ao seu actual «n.º 2», Aguiar Branco, que até já foi ministro da justiça.
Eu até nem concordo com os que dizem que Rio pretende uma "imunidade judicial" democraticamente legitimada, emergente de uma concepção de altivez moral ou que não compreende o princípio da igualdade perante a lei. No fundo, compreendo Rio. Só que ele, ao pretender não ter percebido a "nuance", pode parecer ter interesses ocultos.
Não há nada a temer. A discussão suscitada por ele, é uma discussão salutar.
Haja quem o apoie. Já agora, não só a bater palmas...

20080621

Crimes da «noite do Porto»: a investigação criminal, como ela é

Por falar em escândalos sobre «escutas», violação do segredo de justiça, da intimidade e da privacidade, é interessante ouvir estas edificantes gravações.

«Ouça novamente a confissão».

Quem pôs a circular estas gravações???
Talvez não interesse a ninguém que se saiba!

A taxa «robin dos bosques»: um Estado salteador?

Ouço falar e leio sobre as intenções de lançar uma taxa robin dos bosques, sobre os lucros das empresas petrolíferas: tratar-se-ia de lançar uma taxa adicional sobre os lucros das petrolíferas, e (re)distribuir essas receitas para fins sociais.

«Piedosa intenção», parece ser. Mas, vendo de mais perto, não tem ponta de razoabilidade.

Parece-me, em primeiro lugar, que isso colide com o tão propalado mercado concorrencial, e de liberalização de preços dos combustíveis.
Depois, pensar que casusisticamente, se pode "tirar aos ricos para dar aos pobres" - agora é nos combustíveis (e porque não nos bancos?) -, é ignorar a finalidade do sistema fiscal, que não é senão o instrumento, por excelência, de redistribuição da riqueza.
Quem assumiria os custos da taxa robin dos bosques, seriam sempre os consumidores, que pagariam mais essa taxa; as empresas, essas, só aumentariam o preço final.

Mais uma operação de «soma zero», como se referia o frei Tuck Mário Lino, a propósito do IVA sobre as portagens?

Enfim, trapalhada sobre trapalhada...

A desgraça de pinto de sousa

Começo a ter piedade de pinto de sousa. Depois do aumento dos combustíveis, do bloqueio dos camionistas, do «não» irlandês ao tratado de Lisboa, das críticas internas dos camaradas socialistas, de uma nova direcção "oposicionista", só lhe faltava o cavalheiro Júdice bater com a porta do projecto da zona ribeirinha de Lisboa, mesmo antes de o aceitar.

pinto de sousa, que no início foi incensado pelos media, pelos bem pensantes opinion makers, por todo o escol de economistas de pacotilha, que têm afundado economicamente o País, capitalizando o discurso de hostilidade (injustificada, em muitos casos) para com os "privilegiados", julgando que iria ter um seguro de vida caucionado pelos "não privilegiados", vê-se ironicamente, acossado por estes, que são, afinal, os mais prejudicados com o rumo das suas políticas erráticas, inconsistentes, de «fuga para a frente», de «fazer de conta».

pinto de sousa revelou-se o que é: um colossal embuste, uma fraude. É penoso quando se vê invectivar a oposição, a apresentar alternativas: ele é que devia ter as alternativas. Se as não tem, devia um pouco de decência, e demitir-se.

Chegaram os dias negros da governação »socialista«. Para mal de todos nós, vão querer dourar a pílula até às eleições, para as tentar vencer. Depois, ganhem eles ou outros, irão apresentar a «factura». Que nós pagaremos, pois claro!.

20080617

Um «não programa»: nenhum recluso aderiu à troca de seringas

Mas o IDT insiste.
Como um banal observador destas questões, diria que o IDT não precisa destas «bandeiras» para justificar a sua existência.
Se o quer fazer, realize um inquérito, para se perceber quantos reclusos contraíram alguma infecção por não trocar seringas, durante o programa da (não) troca. Se não houver nenhum caso, desista.
Se houver algum, diagnostiquem-se as causas, e estude-se as condicionantes do que sucedeu, agindo-se em conformidade, sem recorrer ao facilitismo e capitulacionsimo do Estado.

Será que o IDT ainda não percebeu que os reclusos (hipotéticos) consumidores têm pânico em ser estigmatizados, como os «da troca», com todas as implicações internas do meio prisional?
E mais, não haverá aqui um incentivo claro ao consumo de droga?