20050831

Recordar Sebastião Alba



Sinto que fui longe demais dentro de mim.

Sebastião Alba

20050830

Fim de Férias


Não há Férias decentes sem o Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim e sem ver filmes (pelo menos «Sonatine» e «Irmão») de Takeshi Kitano ou de Clint Eastwood.
Pernoitar numa Pousada de Portugal.
Evitar, a todo o custo, o Algarve.
Ir a Veneza.
Ler, entre outros, «A Lenda de Martim Regos», de Pedro Canais e reler «Trabalhos e paixões de Benito Prada» de Fernando Assis Pacheco.

Durante a estadia em Moledo, visitar a Bienal de V. N. Cerveira.

20050828

Banalidades

«Todo o rigor é banal».

René Thom

Pôr do Sol


Sombras do entardecer.

20050826

O Aborto de Vital

Vital Moreira, veio, em post recente no seu www.causanossa, reproduzir conclusões de estudos científicos (??) divulgados pelo Portugal Diário, segundo os quais, «o feto só sente dor nos últimos meses de gestação».
Depois, regozijando-se, faz, mais ou menos, o seguinte comentário (aliás, titulando o post):
«Lá se vai um dos argumentos Pró-Vida».

Não queria acreditar. Julguei que me tinha enganado no blog.
Apesar do preconceito, podia ter evitado uma lógica a roçar a boçalidade.

Cito de memória




«Basta»

Mário Soares, Festa de 80.º aniversário.

«Dá sempre uma segunda oportunidade às pessoas, mas nunca uma terceira»

H. Jackson Brown, Jr., Pequeno Livro de Instruções para a Vida.

20050825

Operação Octopussy


Paulo Morais, vice-presidente da Câmara Municipal do Porto e responsável do Pelouro do Urbanismo, concedeu uma entrevista à Visão de 25/08/2005, na qual se insurge contra as abordagens e «pressões» que diz ter sofrido por parte de interesses imobiliários, tendo tido um desassombrado discurso «anti-sistema» político-autárquico.
Trancrevem-se alguns excertos da entrevista:

"Nas mais diversas câmaras do país há projectos imobiliários que só podem ter sido aprovados por corruptos ou atrasados mentais"

"Os vereadores do Urbanismo que, pelo país fora, aceitam transferir bens públicos para a mão daqueles que dominam de forma corporativa os partidos estão a enriquecer pessoalmente e a destruir a democracia."

"Existe uma preocupante promiscuidade entre diversas forças políticas, dirigentes partidários, famosos escritórios de advogados e certos grupos empresariais."

"O urbanismo é, na maioria das câmaras, a forma mais encapotada e sub-reptícia de transferir bens públicos para a mão de privados. A palavra para isto é "roubo". É a subversão da democracia."

"Os partidos assumiram o papel de representantes das corporações que já funcionavam em Portugal no tempo da ditadura. As estruturas corporativas são hoje muito mais fortes porque têm uma aparente legitimidade democrática. Se os vereadores do urbanismo são os coveiros da democracia, os partidos são as câmaras mortuárias. Quando as corporações tomam o poder dentro dos partidos e estes se organizam como bandos de assalto ao poder, os dirigentes são marionetas ao serviço dessas corporações."

Nunca de dentro do sistema se foi tão longe na denúncia deste segredo de Polichinello...

Maria José Morgado, procuradora-geral adjunta (ex-Directora Nacional Adjunta do DCICCEF da PJ) comentando essa mesma entrevista de Paulo Morais, diz ser precisa uma «Política Nacional anti-Corrupção».

Porque é que me lembrei da famigerada extinta (vade retro) J.A.E.?

Pausa

O Estudo e o Estado actuais da Ciência

Os avanços da investigação científica parecem ter concluído que poderão vir a ser manipuladas células idênticas (ainda que com propriedades diferentes, com mais cromossomas) às estaminais, que não necessitam de ser extraídas de embriões.
Isso irá reduzir significativamente as condicionantes de natureza ética às manipulações de engenharia genética.
No entanto, nada adianta no que respeita aos embriões (excedentários congelados) existentes para fins científicos.

20050824

Ontem, hoje. Outro Islão é possível?

«El triunfo de la Santa Cruz», de Marcelino Santamaría.


Este óleo recria a decisiva batalha de Las Navas de Tolosa (Jaén, 16. VII. MCCXII), em que Alfonso VIII de Castela derrotou os Almohadas.
Julgava-se que a guarda do Califa al-Nasir (Miramol´in) eram escravos negros que estavam agrilhoados para não fugirem. Sabe-se, hoje, que eram «imesebhelen»(«fanáticos da Fé», em pobre tradução), isto é, voluntários que tinham jurado dar a vida pelo Islão.

20050823

Muhe´din

























Hoje, não me apetece escrever nada.

Pobreza

A falta de dinheiro não é a causa da pobreza, mas a sua consequência.

Pedro Arroja

Quando tudo arde

As televisões portuguesas prosseguem na meticulosa e pedagógica tarefa de divulgação de imagens dos incêndios nacionais.
Os incendiários agradecem - reconhecidos - a inspiração oferecida.

Até quando se aguentará este pseudo-jornalismo de vómito?

20050822

Soares versus Zenha, digo, Alegre

A História, por vezes (muitas vezes), repete-se. As lógicas da amizade, do companheirismo e da solidariedade nunca foram tomadas a sério por Mário Soares, sobretudo quando se tratou de Poder.
Salgado Zenha que o diga.

Não tendo especial simpatia pela putativa candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República, creio que o mesmo não deve resignar-se a obedecer a ditames de uma impiedosa razão partidária, que vetou as suas veleidades ou ambições sinceras (e legítimas).

É certo que pode repetir-se com ele o episódio da eleição do 1.º mandato de Soares.

Mas seria estimulante e interessante assistir à disputa de eleições para PR em que Alegre conseguisse o apoio do PC e do BE, mesmo contra o PS oficial.

Terá coragem para isso?

20050821

Jornalistas

«Os jornalistas são uma classe com fraco poder de compra, mas com elevado poder de venda.»

Carlos Magno (o actual, claro),

O País dos dois (útimos) 1.ºs ministros comentadores televisivos

Dificilmente se imaginaria, há três meses, que o governo PS do eng.º José Pinto Sousa iria despediçar tão rapida e ingloriamemente o capital de confiança (e talvez mesmo de esperança) de que dispunha quando tomou posse.
Quem nele votou está, hoje, profundamente desiludido.
A cerca de cinco meses da tomada de posse, um dos principais ministros (de Estado e das Finanças) já foi «trucidado» por lógicas político-empresariais, o País está literalmente em chamas, e o governo preocupa-se com as magnas questões da venda dos medicamentos fora das farmácias e da redução das férias judiciais, como «varinhas de condão» para a defesa dos consumidores e o aumento da eficácia da Justiça.
Está na cara que o governo quer baixar o preço dos medicamentos, para acabar com as comparticipações. A ideia pode não ser má, mas era melhor testá-la, pimeiro. E, sobretudo, convertê-la em tema do discurso de tomada de posse, excedeu tudo.
Quanto às «férias judiciais», estou mesmo a ver a redução dos atrasos e a qualificação do sistema.

O País está seco e arde, mas o 1.º ministro tem o patriótico compromisso de cumprir a promessa aos filhos de os levar a um safári no Quénia. Mas, logo que regressa, pede apoio à UE para apagar os fogos.
É esta intrepidez que fazia falta.
Entretanto, as televisões (a pública incluída) faz as delícias dos incendiários com 20 minutos de imagens de incêndios, em «prime time». É d´homem...

O que esperar de um País em que a única eficácia é a dos incendiários e em que os dois últimos 1.ºs ministros foram comentadores televisivos?

20050819

(Des)ordenamento e Paroxismo

O governo tem prioridades: «modernizar o País» e beneficiar os consumidores, como disse o seu paladino eng.º técnico 1.º ministro José armani, digo, Sócrates Pinto Sousa. Para já, vai liberalizar o preço dos medicamentos sem receita médica, a vender em «cadeias de supermercados» (que ideia!!). Mas, atenção... não cede aos interesses do lobby das Farmácias (dos poucos sectores que funcionam bem em Portugal).
Se os preços baixarem como os dos combustíveis, depois da liberalização, está bem...

O défice continua a subir. Mas convém não se falar disso, agora que se «despachou» o outro ministro independente (o mau da fita). Veremos as contas no fim do ano...

Há projectos a carecer de decisões (exclusivamente) políticas: OTA, TGV. Com estudos (que é deles?) e nova administração da CGD, pois claro.

Há 100 mil novas casas viabilizadas (em projecto) no Algarve.
Os seus autarcas querem um «desenvolvimento adequado», mas sem cair em «fundamentalismos».

As altas temperaturas das chamas têm um efeito nefasto. Que maçada, terem que andar os ministros, os governadores civis e os presidentes das câmaras no meio dos incêndios.
Em grande parte, são culpa deles. Deixaram crescer - ou fomentaram - um território patético, onde o ordenamento é mera retórica de PDM e o mau gosto e a péssima qualidade de construção são regra.

Isto é um País?