20100130

Diversão industrial

Confesso que tenho simpatia por eles, os chamados empresários das diversões. Esta "nova classe profissional", agora descoberta pelos media, e que parece ter-se descoberto a si própria, no confronto com o poder.
Eles são uma espécie de sucessores dos saltimbancos medievos, dos funâmbulos e dos jograis. Agora, oferecem um serviço mais actualizado, mais mecânico. E, por isso, diz-se, mais perigoso. Mesmo que não haja tantos acidentes como na estrada, ou, sequer, tantos resultados aleatórios como num hospital.
Tenho saudades do circo (seria, inevitavelmente, o circo Mariano). Tenho saudades de quando andava de carrossel e de carrinhos de choque, sem que ninguém pensasse nos "perigos" e na qualidade dos materiais, ou nos riscos de curto-circuito. Sim, saudades da despreocupação da infância. Esses tempos não voltarão mais.
Agora, é o tempo das marchas lentas, monitorizadas e dispersadas pela polícia de trânsito.
Porque há empresários que insistem - anacronicamente, paradoxalmente, contra o sentido da mainstream - em oferecer os seus serviços. De diversão.

20100128

Orçamento

Pois, a questão não é o 1.º ministro «saber como se baixa o défice». A questão é, mesmo, saber porque não o soube manter baixo...

20100126

Maradona cantando «La mano de dios»

Maradona, personagem complexa, contraditória, que arrasta multidões devotadas, num mundo contemporâneo carente de referências.
O filme de Emir Kusturica é um documento de toda essa realidade.. A não perder.

20100119

Calor da noite

As histórias pouco edificantes do folhetim «calor da noite» continuam neste capítulo. A não perder.

20100116

Estado laico

Aí está uma notícia que alguns "sectores fracturantes da sociedade" não devem apreciar especialmente.

20100112

Ponto de situação

Já houve tempos em que nos impingiram o modelo do «milagre irlandês», lembram-se? Não sei se estariam a referir a isto. É provável.
Depois, foi a Finlândia, o que, afinal, foi um grande embuste.
Agora, que os modelos já não servem, os mesmos, governantes e empresários de um compromisso qualquer, andam como baratas tontas, agenciando programas à d. fátima campos ferreira, a ver se arranjam ideias para sair da crise.
Seria apenas triste e desavergonhado, se não fosse mesmo dramático.
Já se esperava um governo cuja imaginação se esgotasse no casamento homossexual. No resto, evidencia alguma escassez de ideias. Ninguém parece querer ajudar (que chatice). Ainda por cima, sem maioria, não se pode vender a imagem de ter solução para todos os problemas. O discurso oficial é difícil de vender, o povo está, finalmente, desconfiado.
Como balanço de 5 anos de (des)governação com maioria absoluta, a situação não está famosa. Sem maioria, em processo acelerado de retrocesso em todas as principais reformas (educação, justiça, administração pública, orçamento) cujo ímpeto era a imagem de marca dos "anos da graça" de josé pinto de sousa, teme-se o pior. Melhor, o pior está ainda para chegar.
Nem o clima ajuda.

20100107

Máximas

«O processo penal não deve, em princípio, ser público, porque torná-lo público desde o primeiro momento pode pôr em questão não só o interesse de toda a sociedade na perseguição do crime mas também os próprios direitos das pessoas. Há interesses a acautelar que exigem como princípio que a primeira fase dos processos penais seja secreta, no sentido de permitir, na mais plena objectividade, ao Ministério Público chegar à decisão sobre se deve acusar ou arquivar».

«Tem-se cultivado na opinião pública uma espécie de dicotomia, que reputo completamente errada, entre órgãos persecutórios, MP e polícias, que são, por essência, "maus" e "repressores", e os arguidos, que são, por definição, "bons" e inocentes (...) A ideia errada é a de que a MP é um polícia e o juiz de instrução a primeira barreira para defender direitos, liberdades e garantias. Não há razão nenhuma para ser assim; do ponto de vista formal, o MP também é um magistrado, depois o MP tem a obrigação de esclarecer contra mas também a favor do arguido. Os franceses resumem esta ideia numa frase interessante: " instruction à charge et à décharge" (contra o arguido mas também a favor dele).

[Professor Doutor Figueiredo Dias, Entrevista ao BOA, N.º 59, Outubro de 2009]

20100105

O Casamento impede a adopção

Os ventos não sopram de feição aos homossexuais. Parece que, afinal, pode não haver referendo sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo, mas haver uma flagrante e incompreensível inconstiucionalidade na proposta de lei que admite o casamento entre pessoas do mesmo sexo e impede a adopção ... por pessoas do mesmo sexo.

A acreditar neste post do cachimbo de magritte, a delirante proposta de lei do Governo terá a seguinte redacção:

Art.º 1 - Objecto
A presente lei permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Art.º 2 - Alterações ao regime do casamento
Os artigos 1577.º, 1591.º e 1690.º do Código Civil passam a ter a seguinte redacção:
(...)
Art.º 1577.º do Código Civil
O casamento é o contrato celebrado entre duas pessoas que pretendem constituir família, mediante plena comunhão de vida, nos termos das disposições deste código.
(...)
Art.º 3.º - Adopção
1- As alterações introduzidas pela presente lei não implicam a admissibilidade legal da adopção por pessoas casadas com cônjuge do mesmo sexo.
2- Nenhuma disposição legal em matéria de adopção pode ser interpretada com sentido contrário ao disposto no no número anterior.

Eu, que sou «agnóstico» em matéria de casamento homossexual - acho, como o preclaro Dr. Sousa Homem, que "todos têm direito à sua quota de infelicidade" - penso que os homossexuais têm razões para se indignar e sentir ultrajados.
Trapalhada maior era difícil conceber.

Lhasa de Sela - «Con toda palabra»

Lhasa de Sela calou-se. Para sempre.
Perdeu-se a beleza de uma mulher e da sua música.
Até ao nosso reencontro.

20100103

2009 - Balanço e prospectiva - 2010

Comecei 2010 ainda em 2009, com um telefonema de um amigo moçambicano, a dizer-me que tínhamos duas horas de atraso para entrar no Novo Ano.
Fiz o meu "flasback" do ano que terminou; além das viagens, do trabalho, de novas amizades, nada de muito perturbador (felizmente, um percalço de saúde logo no início do ano, não tomou proporções mais preocupantes). No entanto, dois amigos morreram.
Um livro e um artigos editados. Contributo noutro volume luso-brasileiro. Mais umas quantas páginas escritas para outras aventuras.
O balanço não é famoso? Poderia ser pior.
Espero que 0 Novo Ano traga a Saúde, a Paz e a Solidariedade que precisamos. Era bom.

20100101

Face oculta; «erro grosseiro»?

Parece-me estar na forja outro «erro grosseiro» (?!?). Acautelem-se, senhores magistrados. Os tempos não estarão fáceis...