20061129

Bem vistas as coisas...

... a peregrina ideia de criar o "procurador especial privativo da A.R." (ou lá o que seja) não é mais do que a «garantia administrativa» (do Estado Novo; quem se lembra?) invertida.

José Esteves, o autêntico (não confundir com o "estebes")


José Esteves, explica, finalmente, na Focus de hoje (29/11/2006), qual a composição do «engenho explosivo que provocou o atentado» a Francisco Sá Carneiro, Amaro da Costa e acompanhantes.
«Foi» assim: «...Agora, se pegar no cloreto de potássio, misturado com açúcar e juntar o ácido sulfúrico e acrescentar ainda piri-piri em pó, isso é o suficiente para provocar uma grande confusão dentro do avião».

Deve ser com provas destas que o "Procurador especial (da A.R.)» vai sustentar "a sua acusação" em julgamentos.

Eu também acho que Camarate é um assunto sério.

20061128

Flexisegurança

Dava-se conta, na comunicação social de hoje, que o governo parece «fascinado» por implementar o esquema «flexisegurança», vigente - ao que se crê com bons resultados - nos países nórdicos.
Contra a flexibilização dos despedimentos, do abaixamento de salários, da redução de horário, os trabalhadores aceitariam maiores indemnizações, melhores condições de formação profissional, blá, blá, blá...

E eu que pensava que o «Estado social» tinha falido...

«Derrapagens»

Parece que o «novo aeroporto da Ota» est(ar)á atrasado cinco - anos - cinco.
Por isso, vai custar mais uns milhões de Euros. Penso que a todos nós.
Para além do disparate financeiro, estratégico e, porventura, ambiental, o governo tem de dar explicações sobre o que se passa.
O rigor e a exigência são só para alguns, sr. eng.º pinto de sousa?

IVG II

«...A questão dos prazos não se reveste, em boa verdade, de qualquer relevância ética. Doze, dezasseis, vinte e duas ou vinte e quatro semanas como limite para a intervenção abortiva, que significado têm, no ponto de vista ético?
Nenhum. De facto, a decisão de eliminar a vida humana intra-uterina é que é eticamente séria e constitui a questão de fundo...».

Parecer do CNECV de 10/02/1997

Há muito a aprender na doutrina do CNECV (Conselho Nacional da Ética para as Ciências da Vida).

20061126

Posto móvel

Vou correr o risco de parecer xenófobo, mas aqui vai:

A comunidade chinesa (?) do Parque industrial (?) de Varziela - Vila do Conde veio exigir a instalação de um posto móvel da GNR, na sequência de um assalto a um dos armazéns de quinquilharia ali existentes. Os cidadãos chineses no País sentem-se inseguros. Não eles, os seus bens, mais propriamente.
Em seu tempo, os empresários portugueses e de outros países (a trabalhar em Portugal) também passaram pelo mesmo. E tiveram que se socorrer de segurança privada (sector em franca expansão, aliás). Que remédio!...
Os «empresários chineses» preferem ter por lá um "posto móvel" da GNR. Afinal, é dissuasor, oficial e barato, pois então. Sempre será mais uma ajuda gratuita. E, com grande probabilidade vão conseguir o que muitas comunidades de cidadãos tanto ambicionam e não conseguem: a simples protecção das suas próprias pessoas, em tantas zonas negras da criminalidade, da toxicodependência e da sinistralidade.
Que mil postos móveis (da GNR) floresçam!

20061124

O estranho caso do «procurador especial»

Surgiu a insólita revelação que uns deputados da maioria (ps) tinham proposto a figura de um «procurador especial».
Já que não pode haver «tribunais especiais» haveria, ao menos, um «procurador especial».

Mais de perto:
Essa figura - compatível com o proverbial e eugénico instituto do "jurista idóneo e de mérito" - teria a salvífica intervenção na sequência de inquéritos parlamentares cuja deliberação de existência de «indícios de crime» não ousasse convencer o Ministério Público a exercer a acção penal (deduzindo a acusação).
Interviria, assim, numa fase em que, goradas as tentativas normais através do sistema judiciário, se "tornasse imperioso" o exercício da acção penal e a representação em juízo de uma putativa acusação.
Tudo muito asséptico. Mas sem explicar o essencial: o como, o quando, o quem, com que meios, a harmonização com o princípio da separação de poderes, etc., enfim, "coisas menores".

Até aqui tudo bem. Como dizia Montaigne, qualquer idiota pode propor e fazer leis.

O grave é que o ministro da justiça tenha vindo, precipitada e irresponsavelmente, admitir a ideia.
Isso é que é grave. Foi mesmo o ministro da justiça?

Haiku

Brande
os brandos
costumes

Porque será...

...que, num momento em que o ministro libanês Pierre Gemayel foi assassinado cobardemente pelo eixo Irão-Síria(-Hezbollah), a única referência que o 1.º ministro pinto de sousa faz sobre militares (portugueses) é para os ameaçar de «procedimentos disciplinares»?

Será inconveniente lembrar que há portugueses naquelas bandas?

20061123

homo oeconomicus

Eu, que nada sei
de contabilidade e concorrência,
nem de processos de convergência

eu, mero basbaque,
que a esmo pasmo
ao saber do entusiasmo
nos futuros do nasdaq.

eu, que simplesmente ignoro
as tendências do mercado,
mas ouço sempre calado
o seu anúncio sonoro

eu, que nunca aprendi
os factores, juros e rácios,
os razões e os diários
e os valores mobiliários

confesso que sobrevivi
quer de noite, quer de dia,
sem saber patavina
dessa nobre disciplina
que se chama economia.

20061122

Hai ku

Larvar
o lavrar
do lar.

20061121

Pensava eu...

Quando se investigam (criminalmente) infracções decorrentes de práticas bancárias, é suposto que um 1.º ministro - ou um governo -, se preocupasse(m) com a eventual fraude (nas receitas fiscais) em que essas práticas consistem.
Afinal, parece que estão preocupados com que a «imagem da Banca» não seja afectada com essas investigações.
Palavra que pensava que com isso se preocupavam os Conselhos de Administração e as Auditorias internas.
Pensava eu...

20061120

Por este andar...

No dia 14 de Novembro de 2006, o PGR só tinha previsto na agenda uma audiência com o Dr. Garcia Pereira, ao cair da tarde.
Parece que, afinal, teve um outro encontro nesse dia, com o 1.º e outros ministros, a fim de «falarem» sobre a «Operação furacão».
Porque será que só pelo fim de semana alguns jornais noticaram a reunião?

Em primeiro lugar, tratando-se de uma vulgar reunião de trabalho, o caso nem é notícia (apesar de dever constar da agenda do PGR, por uma questão de coerência e transparência).
Mas, em segundo lugar, segundo creio, a «Operação Furacão» já se inciou por alturas de Outubro de 2005.
Durante um ano, o mesmo governo - agora presuntivamente preocupado com "a imagem da Banca" - poderia ter falado com o anterior PGR. Tê-lo-à feito?

Não sabemos. O anterior não divulgava a agenda...

Extractos

«...
5. Quantas pessoas deveria mencionar aqui! Provavelmente o Senhor Deus chamou a Si a maior parte quanto aos que ainda estão deste lado, as palavras deste testamento os recordem, a todos e em toda a parte, onde quer que se encontrem. Durante os mais de vinte anos em que desempenho o serviço Petrino "in medio Ecclesiae" experimentei a benévola e muito fecunda colaboração de tantos Cardeais, Arcebispos e Bispos, tantos sacerdotes, tantas pessoas consagradas Irmãos e Irmãs por fim, de tantíssimas pessoas leigas, no ambiente da Cúria, no Vicariato da Diocese de Roma, e também fora destes ambientes. Como não abraçar com a memória agradecida todos os Episcopados no mundo, com os quais me encontrei no suceder-se das visitas "ad limina Apostolorum"!
Como não recordar também tantos Irmãos cristãos não católicos! E o rabino de Roma e tantos representantes das religiões não cristas! E quantos representantes do mundo da cultura, da ciência, da política, dos meios de comunicação social!

6. À medida que se aproxima o limite da minha vida terrena volto com a memória ao início, aos meus Pais, ao Irmão e à Irmã (que não conheci, porque morreu antes do meu nascimento), à paróquia de Wadowice, onde fui baptizado, àquela cidade da minha juventude, aos coetâneos, companheiras e companheiros da escola elementar, do ginásio, da universidade, até aos tempos da ocupação, quando trabalhei como operário, e depois na paróquia de Niegowic, na paróquia de São Floriano em Cracóvia, à pastoral dos académicos, ao ambiente... a todos os ambientes... a Cracóvia e a Roma... às pessoas que de modo especial me foram confiadas pelo Senhor. A todos desejo dizer uma só coisa: "Deus vos recompense".
"In manus Tuas, Domine, commendo spiritum meum".
A.D. 17.III.2000 »

Do Testamento de João Paulo II

20061118

Hai ku

Há vida
ávida
de vida

20061112

S. Martinho

Ah! É verdade, hoje é dia de S. Martinho.
Por sinal, uma edificante história.


























Manuel Amado

20061111

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam
como estas árvores que gritam
em bebedeiras de azuleles
não sabem que sonho
é vinho, é espuma, é fermento
bichinho alacre e sedento
de focinho pontiagudo
que fuça através de tudo
em perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela é cor é pincel,
base, fuste ou capitel,
arco em ogiva, vitral.
Pináculo de catedral
contraponto, sinfonia, máscara grega, magia
que é retorta de alquimista
mapa do mundo distante
Rosa dos Ventos, Infante,
caravela quinhentista
que é cabo da Boa-Esperança.
Ouro, canela, marfim
florete de espadachim
bastidor, passo de dança
Columbina e Arlequim
passarola voadora
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva
alto-forno, geradora
cisão do átomo, radar
ultra-som, televisão
desembarque em foguetão
na superfície lunar
Eles não sabem nem sonham
que o sonho comanda a vida
e que sempre que o homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos duma criança.

A. Gedeão

Bem haja, Kamikaze (pela referência imerecida).

Kamikaze, do www.incursoes.blogspot.com, fez a fineza de referir naquele blog, este esconderijo blogosférico de reflexões mais ou menos assistemáticas, mais ou menos inconsequentes (onde se «fala» com um leitor, rectius, com uma "mão cheia deles").
Ficamos sensibilizados e desvanecidos com tal menção. Certamente imerecida.
Quanto ao debate sobre o anonimato na blogosfera, não vou, para já, entrar nele.
Direi, apenas, haver razões para, num tal ambiente, o anonimato ter uma justificação (ou justificações). Já que um dos seus traços distintivos é, precisamente, a admissão do anonimato e a falta ou impossibilidade de (hetero)regulação é uma fatalidade.
Nesse aspecto, apesar de assumir a minha condição de anónimo (com nick, vá), julgo que é tudo uma questão de bem senso e de bom gosto. É favor ler o primeiro post deste humilde blog.

20061110

Amanhã, os nossos dias...

...serão melhores?

Depois da derrota de Bush nas legislativas dos EUA (para a Câmara dos Representantes e Senado), com a vitória dos Democratas, uma euforia festiva acometeu certos sectores do pensamento «politicamente correcto».
Pensam que tudo vai mudar, com o afastamento de Rumsfeld e com o «cartão vermelho» do «povo americano» (que reapareceu, como que por artes mágicas) às políticas de George W. Bush.

Saberão que, a despeito de o Mundo estar mais inseguro depois do 11/9, os EUA estão, de facto, mais seguros?

Bom...esta conversa deve ser continuada dentro de um ano.

20061106

O destino dos (ex) ditadores

Um problema de crucial - e actualíssima - importância, no cenário das relações internacionais contemporâneas, é o destino dos ditadores caídos em desgraça.
Recentemente, pouco antes de morrer, Milosevic estava a um passo de ser condenado por crimes contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional (da ONU) para a ex-Jugoslávia (de Haia).
O ex-ditador Pinochet foi sujeito a prisão domiciliária pela Justiça chilena, para, finalmente, se apurar a sua responsabilidade em crimes contra a humanidade (a propósito de assassinatos a seu mando directo).
Ontem, Saddam Hussein foi condenado a pena de morte (por enforcamento) por um tribunal iraquiano (?), por crimes contra a humanidade cometidos sob o seu regime e mediante ordens suas (massacre de 148 civis em Dujail, após uma tentativa de assassinato).

São dois modelos possíveis. Um - o da «Justiça internacional» -, parece oferecer, inegavelmente, maiores garantias de imparcialidade e de isenção do que o outro.
O que não evita é que seja sempre uma justiça de vencedores. E que continue a haver (ex) ditadores subtraídos a tais "incómodos". E que, enquanto se mantêm no poder, continuem impunes os seus crimes.

Eis uma boa questão para o debate sobre a Justiça penal internacional. Que nos deve interessar a todos.

Demasiadas contra-informações?

O Procurador-geral da República disse, na China, que os métodos especiais de investigação da corrupção deviam contemplar intensamente as escutas telefónicas.

O Director nacional da PJ afirmou que as escutas telefónicas se deviam reduzir e pautar por critérios muito exigentes (acrescentando, estranhamente, que não sabia quantas escutas havia em Portugal; e eu - hélas - que pensava que ele era justamente uma das poucas pessoas que poderia saber isso com fiabilidade!).

O relatório da IGJ e da IGAI disse que no incidente do «sequestrador de Setúbal» não houve qualquer problema de articulação entre a PJ e a PSP e que a acção correra com «cordialidade».

O Director nacional da PJ disse que nesse incidente tinha havido «problemas de articulação».

É impressão minha ou pode não haver qualquer contradição nestas (contr)afirmações?

20061103

Equador ou Sol a mais ?

MST disse que ia resolver a questão da acusação anónima de plágio (parcial) do seu best seller «em tribunal e à paulada».
Confesso que fiquei sem saber por onde ia começar.
Parece que foi pelo tribunal, no que respeita à queixa por «violação de direito moral de autor» (?). Talvez por ser(em) desconhecido(s) o(s) agente(s).
Deve seguir-se a «paulada». E depois, outra vez o tribunal, não?
Isto p´ra quem disse que «já não acreditava na justiça», não está nada mal!