20090830

Diabolizar as «corporações»

A imagem de marca do governo cessante foi a «intrépida» luta contra as "corporações" "nocivas", "preguiçosas", "oportunistas" e "parasitas" que paralisavam o país e eram causa do seu atraso: farmácias, funcionários públicos, militares e polícias, diplomatas, magistrados, professores.
Se tivesse havido uma estratégia de estímulo e de aproximação dessas classes profissionais, as reformas iniciadas e pretendidas teriam tido um efeito extraordinariamente reprodutivo e multiplicador, em que a massa crítica dessas classes seria o motor de uma transformação.
O efeito foi o contrário: as pessoas que integram essas classes não só foram agredidas no mais elementar da sua dignidade profissional, como dificilmente algum discurso político - por mais positivo e optimista que venha a ser - as irá convencer da necessidade da sua adesão à mudança, às transformações que são precisas (todos o reconhecem).

A «luta contra as corporações» não teve nenhum dos efeitos pretendidos, para além do populismo imediato de confrontar os «bons portugueses» com os «malandros» «parasitas» e «privilegiados».

Infelizmente, vamos todos pagar a factura desta arrogante e pesporrente posição do governo que cessa. Embora as corporações florescentes do regime não tenham razões de queixa. Essas, podem tratar de incensar o chefe e de tecer loas ao presidente do conselho. E acautelar o futuro, que, de qualquer maneira, lhes sorrirá.

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