20090320

O preservativo «africano»

Bento XVI defendeu, em África, a castidade, como forma de combater o HIV-SIDA, dizendo que o preservativo não é solução.
Nada de novo; nada que não seja a doutrina oficial da Igreja católica no que diz respeito aos comportamentos sexuais aprovados.
Só se percebe o coro de «indignações», levantado um pouco por toda a Europa «bem pensante», por ser em África, continente assolado pela pandemia da SIDA.
Isto não é mais do que neocolonialismo assistencial e uma atitude de sobranceria ideológico-doutrinal.

O que não se disse, foi que a associação da posição oficial da Igreja católica (no que respeita ao preservativo) a posições de hierarcas locais e a responsáveis políticos, é explosiva.
Na verdade, bispos e arcebispos africanos têm denunciado o uso do preservativo, com a falsa alegação de que os europeus é que os contaminam com o vírus da SIDA, o que, num continente com tanta iliteracia e com tão elevado grau de aceitação das «autoridades» tradicionais e religiosas é preocupante. E mais preocupante ainda, a posição oficial do ex-presidente da África do Sul, que negava o carácter epidemológico da SIDA, sendo muito relutante em aceitar as evidências científicas na matéria (o que nunca levantou especial indignação pelos mesmos «bem pensantes» europeus).
Estas posições, de matriz racista e obscurantista, merecem muito maior censura, mas deve ser politicamente incorrecto criticá-las, por os seus autores serem africanos. Africanos, com especiais responsabilidades políticas e religiosas.
Mas os negócios estão primeiro. Foi sempre assim.

Sem comentários: