20060613

Hermes e Creonte:Opacidade/transparência

"O jogo hipercomplexo onde se insere a produção da informação e a sua distribuição pelos actuais meios de comunicação de massas (imprensa, rádio, telvisão, Net) não pode deixar de ser visto como uma variável - uma variável importantíssima, de eleição até - das forças que se desenvolvem no campo da luta pelo poder.

"(...).os utentes da rede - e aqui utente, como bem se compreende, não é só o utilizador passivo mas também e indesmentivelmente o utilizador activo, o que aumenta ou contribui com informação alimentando, assim, a rede global - são, em tantos casos, pessoas que querem mentir, que querem enganar e burlar, que querem ofender, que querem destruir, que querem satisfazer os mais sórdidos apetites, que querem, em definitivo, que o seu "eu" gigante e oco navegue sem limites e tudo isso, a maior parte das vezes, a coberto do mais exasperado anonimato. Que é o mesmo que dizer: a coberto da mais ostensiva opacidade. O que mostra, desde logo, também aqui, uma contradição. Salientemo-la. o meio comunicacional que se quer afirmar como o mais refinado defensor da transparência arrasta e carrega, dentro de si - como que o protegendo -, o seu exacto contrário: a opacidade mais profunda"

José de Faria Costa, «Entre Hermes e Creonte: um novo olhar sobre a liberdade de imprensa», in Revista de Legislação e Jurisprudência, n.º 3936.

1 comentário:

Justa Causa disse...

o poder é conhecimento
o meio determina a mensagem
penso que é mais uma questão estética, a estética da manupulação: pode fazer-se de uma maneira feia ou bonita, mas haverá sempre mais meios.