20060620

Retrocesso civilizacional

Num patibular painel de um qualquer programa de televisão para domésticas cujo principal protagonista é um tal Manuel (Luís?) Goucha, assistiu-se, no dia 19/06/2006, a um degradante espectáculo, digno de circo romano.
As «convidadas» do painel, quais representantes do mais esclarecido e idóneo que há em termos de vox populi, clamavam contra a excessiva brandura da justiça na punição da avó e pai de uma criança do Porto, pelos maus tratos e morte infligidos a esta (no ano transacto).
Que era preciso fazer-lhes, «pelo menos, o que eles fizeram à menina», «pô-los em água a ferver». Que nem se lhes podia chamar «pai» nem «avó». O «nosso lado sentimental diz-nos que lhes devíamos fazer o mesmo», concluíram em sintonia.

A triste boçalidade do espectáculo atingiu níveis de indigência intelectual.
Compreende-se a necessidade de atrair audiências, de conquistar «share». Mas, que diabo!Que o façam com o mínimo de decência e bom senso. Já nem se exige bom gosto nem pedagogia.
O atiçar do mau gosto, dos instintos mais baixos e mesquinhos das pessoas devia ter limites.
Recuso-me a acreditar que aquela seja a imagem (geral) de um País chamado Portugal.
Estarei enganado?

1 comentário:

Justa Causa disse...

A televisão é um aparelho destinado a vender detergentes, não se lhe pode exigir elevação.
Felizmente os autos de fé hoje são apenas virtuais.