Desta vez, vi o Palácio dos Doges com bastante vagar. Devagar mesmo. E uma exposição interessante (e bem montada) sobre «Veneza e o Islão», dando conta das multiseculares relações privilegiadas da República dos Doges com o Islão, sobretudo de matriz otomana.
Tantas igrejas. Cento e oitenta canais, quatrocentas e cinquenta pontes, mil e uma calles, os fantasmas de Casanova e de Vivaldi, embarcações anacrónicas movidas a esforço humano.
O Café Florian estende-se debaixo de uma arcada emblemática da Praça S. Marcos. Esta, pareceu-me um pouco mais acanhada do que na primeira vez (talvez pela horda de turistas que a frequenta). Uma sala está em trabalhos de restauro. Já tem uma empregada nipónica, pois dá jeito para a clientela japonesa.Muitos pombos, demasiados pombos, a esboçar voos tangentes aos visitantes, que, não obstante os avisos de degradação pelos dejectos, os alimentam.
Cenários de inspiração. Ruelas desabitadas, canais silenciosos. Outros turbulentos.
O ambiente da Bienal nos Giardini e no Arsenale é diverso. Arte contemporânea de alguma inspiração e muito cânone. Mas não deslumbra. Talvez o pavilhão da Rússia me tenha supreendido. Pouco mais (e, acreditem, nem estou a ser exigente!).
Apesar de tudo, esta incursão mereceu-me estas linhas:
És mármore
E água
Nas tuas veias te percorremos
E nos deixamos perder
Nessa medina de líquidos labirintos
Sem a altivez dos Medici, mas, por isso mesmo, mais esforçada
e não menos aristocrataForjaram-te filigranas industriosas
de mármore e água e tijolo
Mas são de madeira as tuas fundações
Sem comentários:
Enviar um comentário