20050825

Operação Octopussy


Paulo Morais, vice-presidente da Câmara Municipal do Porto e responsável do Pelouro do Urbanismo, concedeu uma entrevista à Visão de 25/08/2005, na qual se insurge contra as abordagens e «pressões» que diz ter sofrido por parte de interesses imobiliários, tendo tido um desassombrado discurso «anti-sistema» político-autárquico.
Trancrevem-se alguns excertos da entrevista:

"Nas mais diversas câmaras do país há projectos imobiliários que só podem ter sido aprovados por corruptos ou atrasados mentais"

"Os vereadores do Urbanismo que, pelo país fora, aceitam transferir bens públicos para a mão daqueles que dominam de forma corporativa os partidos estão a enriquecer pessoalmente e a destruir a democracia."

"Existe uma preocupante promiscuidade entre diversas forças políticas, dirigentes partidários, famosos escritórios de advogados e certos grupos empresariais."

"O urbanismo é, na maioria das câmaras, a forma mais encapotada e sub-reptícia de transferir bens públicos para a mão de privados. A palavra para isto é "roubo". É a subversão da democracia."

"Os partidos assumiram o papel de representantes das corporações que já funcionavam em Portugal no tempo da ditadura. As estruturas corporativas são hoje muito mais fortes porque têm uma aparente legitimidade democrática. Se os vereadores do urbanismo são os coveiros da democracia, os partidos são as câmaras mortuárias. Quando as corporações tomam o poder dentro dos partidos e estes se organizam como bandos de assalto ao poder, os dirigentes são marionetas ao serviço dessas corporações."

Nunca de dentro do sistema se foi tão longe na denúncia deste segredo de Polichinello...

Maria José Morgado, procuradora-geral adjunta (ex-Directora Nacional Adjunta do DCICCEF da PJ) comentando essa mesma entrevista de Paulo Morais, diz ser precisa uma «Política Nacional anti-Corrupção».

Porque é que me lembrei da famigerada extinta (vade retro) J.A.E.?

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