Souto Moura
Souto de Moura abandona o cargo de Procurador-geral da República.
Ele é, porventura, o caso mais paradigmático do assassinato de carácter de uma pessoa que, apesar de não estar imune à crítica, foi mais injustamente (mal)tratado e vilipendiado por fazedores de opinião de jornais falidos e por comentadores de covil , mas, também, por titulares de cargos públicos com responsabilidades, nomeadamente na área da Justiça.
Seis anos de mandato, fizeram-no ir do estado de graça à “desgraça do Estado”.
Acusado das “piores tropelias”, de ser o principal responsável pelo estado da justiça, a sua «verdadeira» falha foi a de ter levado a um nível insuportável (para alguns que se julgam acima da lei) o princípio da igualdade dos cidadãos perante a lei.
Estará por fazer o balanço da sua actividade e do seu mandato.
O exemplo de estoicidade e de verticalidade que demonstrou, arrostando com insinuações torpes, insultos soezes, processos de intenção, críticas boçais e ignorantes e alarvidades inconsistentes, será lembrado no futuro.
A História – estou certo disso – virá fazer-lhe justiça.
Terá havido, sem dúvida, aspectos passíveis de ser melhorados na estrutura e funcionamento do Ministério Público, sob a sua direcção. Todavia, não foi por nenhuma dessas razões que foi ostracizado.
A verdadeira razão pela qual foi objecto da mais insidiosa campanha de desacreditação pessoal e institucional de que há memória foi a de não ter sido permeável a pressões, em certo momento decisivo de determinado processo mediático.
Pode dizer-se que, pelo menos – o que já não foi pouco –, Souto Moura teve o mérito, o grande mérito, o inesquecível mérito de ser incómodo.
Não por vontade própria, mas por ter interpretado correctamente a Lei e os princípios do Estado de Direito.
Como se viu, pagou muito caro essa ousadia.
Por tudo isso, Bem haja, Senhor Dr. Souto Moura.
20061009
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