20061031

Lixo ocidental

Estava o Ocidente posto em sossego, nos finais do séc. XX, à espera de poder gozar tranquilamente os "direitos de 3.ª geração", de se dedicar à defesa do ambiente e das espécies em vias de extinção, quando, subitamente (ou nem por isso), se vê confrontado com a concorrência chinesa, com os novos perigos nucleares e com o cerco muçulmano.
Fernando Gil definiu, superiormente, a situação actual como um confronto, não entre civilizações, mas entre dois niilismos: o niilismo do conforto e o niilismo do martírio.

Outubro de 2006: 147 soldados americanos mortos no Iraque (o número mais alto de baixas mensais mortais após o Vietname), sem falar em feridos e estropiados.
Mas são mais, incomparavelmente mais, os mortos do «outro lado»: inocentes ou não.
Como sair do atoleiro?

20061030

Ele há coisas mais inquietantes, lá isso há...

277 veículos incendiados nas periferias urbanas de França, em três noites.

Há que fomentar a indústria automóvel gaulesa, pois claro!

20061029

Reeleição

De Kim Jong Il, com 97% dos votos expressos, perdão, de josé pinto sousa, como secretário geral do partido socialista.
É que este unanimismo significa qualquer coisa...

20061025

Tens p´ra troca?

Francisco Teixeira da Mota comentou no Público de dia 22/10/2006 um acórdão - creio que da Relação de Coimbra - em que os juízes desembargadores confirmaram uma sentença de 1.ª instância que condenara um cidadão por crime(s) de injúria (?), por ter dito a agentes da GNR em funções qualquer coisa como «Vocês são uns cromos!».
Parece que o articulista se indignou com o critério dos Tribunais e terminou o seu escrito a chamar «cromos» aos desembargadores.
É caso para perguntar: vale tudo?
Quando há, ao que parece, um genuíno esforço no sentido da educação para a cidadania, e perante uma situação em que não era sugerida qualquer violência ou abuso policial, será que queremos ver os agentes que presuntivamente devem velar pela nossa segurança, ser carinhosamente apodados de «cromos»?
É que a expressão «cromo», embora dependendo do seu contexto, raramente significará elogio, admiração ou dignificação.
Eu até acho que o Francisco Mota não é um cromo. Mas, desta vez, não tenho bem a certeza...

20061024

Porque será (?)

Que a tomada de posse (hoje, 24/10/2006, pelas 15H00) do juiz conselheiro Noronha do Nascimento, como Presidente do STJ, não está a despertar interesse à nossa nomenclatura e aos nossos media?

20061023

Nunca percebi

Porque é que no estrangeiro não se deve falar de política «interna nacional».

Pensava que não se devia era falar de política interna do País visitado.

20061019

IVG

Clínica dos Arcos.
Agora num franchising perto de si.

Eu sempre disse que era um bom nicho de mercado.

Corporati(vi)smo(s)

Anda tudo muito empertigado contra as «derivas corporativas» e contra os sindicatos. Em boa verdade, parece que todos foram acometidos por uma anti-sindicalite primária. Muitos deles ex-sindicalistas, note-se. Muitos mais, ainda, responsáveis políticos que apoiaram e fomentaram sindicatos, e que por estes foram robustamente apoiados.
Isto é tanto mais curioso quando, na semana passada, houve a maior manifestação dos últimos dez anos, organizada por uma confederação sindical.
Afinal, dizer-se que o Estado foi "capturado pelas corporações" (p. ex. discursos do eng. josé pinto sousa, do dr. alberto costa, do prof. vital, do dr. correia de campos e outros), ou seja, por magistrados, militares, funcionários públicos ou professores, é «cuspir na sopa», porque esse «estado de coisas», se é que alguma vez existiu, foi justamente criado por essa gente.

Eu cá, prefiro um sindicato ou uma corporação bem transparentes a um lobby opaco de interesses obscuros.

20061018

+ uma promessa eleitoral cumprida

Um ministro do Governo do eng.º josé pinto de sousa acabou de anunciar que vai cumprir mais uma das suas promessas eleitorais:
- instituir portagens em três Scut´s do Grande Porto.

Terei ouvido bem?

Um secretário de Estado (creio que da energia) veio dizer qualquer coisa como: a electricidade vai aumentar 16% «por culpa dos consumidores» (uma vez que a ERSE não podia autorizar aumentos superiores aos da inflação, impedimento que deixou de vigorar). Mas, simultaneamente, foi dizendo que as empresas «por estarem no mercado, precisavam de factores de competitividade» e, por isso, o aumento não as afectaria.
Não compreendo bem é por que razão o Estado tem de continuar a subsidiar as empresas e não autorizou o aumento real das tarifas, durante anos, vindo agora clamar contra a «culpa dos consumidores».
A vergonhosa verdade é que instituiram um pretenso mercado ibérico de energia eléctrica (estás a ouvir ó Pina de Moura??) para funcionar só para alguns. Isto é, liberalizaram o mercado para, supostamente, haver concorrência e baixarem os preços.

Mas, se isso não acontecer, deve ser culpa dos consumidores.

20061016

É claro que há coisas mais preocupantes

Uma funcionária cristã da British Airways foi suspensa, depois de se recusar a retirar uma pequena cruz suspensa de um fio, ao pescoço. A empresa alega que violou as normas da companhia, que permitem aos muçulmanos e sikhs usar símbolos da sua religião, como o véu, os turbantes e as adagas. Só os cristãos estão proibidos de usar símbolos religiosos.

Farmacêutico muçulmano, em Inglaterra, recusou-se a vender a “pílula do dia seguinte” a uma mãe de dois filhos, de 37 anos de idade, por razões de carácter religioso.

Líderes muçulmanos querem alterar a data dos Jogos Olímpicos de 2012, a realizar em Londres, devido ao facto de o calendário dos jogos coincidir com o Ramadão, época em que os muçulmanos praticam o jejum.

Polícia britânico foi dispensado de prestar serviço na segurança da Embaixada de Israel. O polícia, muçulmano e de origem libanesa, terá manifestado aos seus superiores receio pela segurança de familiares no Líbano, caso fosse prestar serviço na Embaixada de Israel.

Rainha de Inglaterra instalou uma sala de orações para um elemento muçulmano do seu staff, no
Castelo de Windsor.

Empresa planeia “hospital muçulmano”, na Holanda. O hospital terá zonas distintas para homens e mulheres, com médicos e enfermeiros exclusivamente do mesmo sexo.

Gangs islâmicos aumentam na zona Sul de Londres.

Motoristas de táxi muçulmanos de Minneapolis, nos EUA, recusam transportar passageiros que levam consigo garrafas de vinho ou outras bebidas alcoólicas, alegando razões religiosas.Transexuais também são vítimas de discriminação pelos mesmos motoristas muçulmanos.

Estudante agredida à pedrada por não respeitar o Ramadão, numa escola francesa.
Abdul Rasheed Majekodumni, motorista de táxi em Londres, recusou transportar uma inglesa cega, que se fazia acompanhar pelo seu cão-guia. O motorista, muçulmano, alegou razões religiosas para o fazer. O Islão proíbe todo o contacto com cães, que considera animais impuros.

Cidade italiana planeia criar praia exclusivamente reservada a mulheres muçulmanas.

Extraído do Máquina Zero

20061009

Souto Moura

Souto Moura


Souto de Moura abandona o cargo de Procurador-geral da República.
Ele é, porventura, o caso mais paradigmático do assassinato de carácter de uma pessoa que, apesar de não estar imune à crítica, foi mais injustamente (mal)tratado e vilipendiado por fazedores de opinião de jornais falidos e por comentadores de covil , mas, também, por titulares de cargos públicos com responsabilidades, nomeadamente na área da Justiça.

Seis anos de mandato, fizeram-no ir do estado de graça à “desgraça do Estado”.
Acusado das “piores tropelias”, de ser o principal responsável pelo estado da justiça, a sua «verdadeira» falha foi a de ter levado a um nível insuportável (para alguns que se julgam acima da lei) o princípio da igualdade dos cidadãos perante a lei.

Estará por fazer o balanço da sua actividade e do seu mandato.
O exemplo de estoicidade e de verticalidade que demonstrou, arrostando com insinuações torpes, insultos soezes, processos de intenção, críticas boçais e ignorantes e alarvidades inconsistentes, será lembrado no futuro.
A História – estou certo disso – virá fazer-lhe justiça.

Terá havido, sem dúvida, aspectos passíveis de ser melhorados na estrutura e funcionamento do Ministério Público, sob a sua direcção. Todavia, não foi por nenhuma dessas razões que foi ostracizado.
A verdadeira razão pela qual foi objecto da mais insidiosa campanha de desacreditação pessoal e institucional de que há memória foi a de não ter sido permeável a pressões, em certo momento decisivo de determinado processo mediático.

Pode dizer-se que, pelo menos – o que já não foi pouco –, Souto Moura teve o mérito, o grande mérito, o inesquecível mérito de ser incómodo.
Não por vontade própria, mas por ter interpretado correctamente a Lei e os princípios do Estado de Direito.

Como se viu, pagou muito caro essa ousadia.

Por tudo isso, Bem haja, Senhor Dr. Souto Moura.

20061007

República e Corrupção

O dia 5 de Outubro de 2006 assistiu ao lançamento do novo tema coqueluche, a «corrupção».
O seu autor: o Presidente da República.
Logo a Dra. Maria José Morgado veio aderir ao repto, afirmando mesmo que, finalmente, o tema da corrupção não é mais um tema lateral, é um tema de Estado.

E eu que me lembro que esta senhora já teve especiais responsabilidades na investigação criminal nessa área e os resultados foram os que foram...

E eu que me lembro que o mesmo Presidente, quando era 1.º ministro, perante a acusação do então Procurador-geral Adjunto Rodrigues Maximiano, de que havia «...condições que favoreciam objectivamente o surgimento da corrupção», se limitou a dizer «Portugal não é um país de corruptos!».