20070506

A morte, depois de amanhã...

A morte era, antes, invariavelmente mais acidental, mais doméstica, mais testemunhada.
Isto vem a propósito de ter ouvido dizer: "Amanhã, talvez vá a um funeral!...". Dito assim, parece que a morte é coisa programável. E é, de facto.
Alguém, em estado vegetativo e sem retorno a este mundo dos viventes, aguardava que desligassem as máquinas de suporte e apoio à vida.
Só que - desagradável contrariedade - o médico que deveria proceder à operação de «switch off» da máquina não pôde comparecer à hora aprazada. Resultado: a dita intervenção teve de ser adiada para um dia depois.
E, na verdade, o funeral só se realizou no dia seguinte.

1 comentário:

Justa Causa disse...

Ao oitavo dia ganhámos a poesia e o conhecimento.
Mordemos a maçã do saber e o sumo escorreu-nos pelo queixo e molhou-nos o peito.
Crámos o Titanic e vimo-lo inafundável a afundar-se.
Percorremos um caminho duro até aqui.
Nada nos garante que venha a ser menos duro para a frente.
Nada nos garante nada.