20070713

Uma certa hora do dia

Convém atentar numa certa hora do dia
é a hora do fecho das lojas
a hora de saída das caixeiras
a hora em que elas lavam as vidraças dos estabelecimentos
que trabalham
e mostram - quero acreditar que inadvertidamente - o interior gostoso
dos decotes
e o fundo tatuado das costas

a chatice é que,
depois,
entram nos carros dos namorados.

3 comentários:

Anónimo disse...

convem atentar que essa bela hora do dia é a hora de poetas solitários.Os nao solitários dão a sopa aos filhos.

Justa Causa disse...

Sopa? Aos filhos? às sete?
Isso são os poetas desempregados.
E os poetas que trabalham no comércio?
E as poetisas do vento em popa que lhes enfuna as velas?
E as velas tatuadas que marcam o caminho dos Orientes, que desnorteiam os namorados e os respectivos carros?
E os carros parados embaciados das chuvas mornas de abraços de reencontros? Às sete da tarde. No Inverno. Ou de vidros abertos a deixar escapar tam-tans mecânicos de impaciência. No Verão, às sete?

Anónimo disse...

E isso também faz parte da vida.É.
Belinda