20081102

Obama e a «Esperança»

Confesso-me admirador de Barack Obama.
Votaria nele, se pudesse ser eleitor, como milhões de outros habitantes do Planeta, por considerar que a figura inspira, mais do que um conteúdo doutrinal consistente - porventura dispensável neste momento histórico -, um aspecto simbólico, em tempo de "crises" (não há uma crise, há muitas crises, que se agudizaram em simultâneo).
Obama pode parecer um símbolo do cruzamento multicultural e um resultado da própria globalização contemporânea (filho de emigrante africano e de uma "native american" caucasiana).
Esse é um símbolo que resume magnificamente as contradições actuais do povo americano, da interpenetração de valores, de credos e de culturas. Mas, também, do Mundo, onde essas contradições são até talvez mais evidentes, noutras latitudes.
É isso que dá força a uma figura que Colin Powell definiu de forma não traduzível. «transformational».
Mais do que a um programa acabado, adere-se, enfim, a um projecto cuja marca é a de se ir adequando às vicissitudes e problemas que irão surgir.

E, nisso, mais uma vez, os EUA foram inovadores, ao permitir a apresentação de uma tal proposta de governance, ao contrário das tradicionais linhas partidárias.

Não podemos incorrer com excessiva credulidade nesta expectativa. Por um lado, é do interesse (nacional) dos EUA uma descompressão internacional (o Mundo precisa dos EUA, mas de uns EUA que possam ajudar o Mundo).
E esta é a principal força mobilizadora, que daria a vantagem esmagadora a Obama numa eleição planetária.

Mas os EUA são algo cujo funcionamento não tinha as mesmas determinantes que o resto do Mundo.
Pode ser que estejam a mudar. E que isso viabilize um novo discurso, novas políticas e novas práticas. Num Mundo mais igual e sem medo.
Em que os EUA possam liderar, de novo.

Faço votos para que Obama ganhe. E que possa cumprir metade do que se espera dele. Já era muito bom.

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