20090103

O que fazer com a destruição do hamas?

A ofensiva israelita em Gaza não vai resolver, de nenhuma forma, o «problema palestiniano».
O estado de Israel e as IDF volveram-se de David em Golias. O avanço israelita não foi inesperado nem especialmente surpreendente. E - diria mesmo, sem cinismo -, nem sequer foi indesejada nalguns sectores palestinianos, para os quais o hamas se tornava um estorvo embaraçoso, num cenário em que ganhava cada mais simpatias populares. O quadro de caos e de violência de Gaza contrasta - e de que maneira - com a tranquilidade da Cisjordânia, o que é, também, uma mensagem subliminar.
É claro, no entanto, que a ofensiva obedece a desígnios eleitoralistas internos, e que foi avalizada pelos regimes «árabes moderados», aproveitando a vacatura da presidência dos EUA, sendo desencadeada num Sabbath, há precisamente uma semana (não se vê, aliás, muita contestação nos media internacionais, assistindo-se a um reforço da defesa da posição que invoca a legítima defesa da população civil israelita). Nem o Irão e a Síria se mostram particularmente incendiados com o «sangue palestiniano derramado».
Mesmo a posição oficial da União Europeia foi, uma vez mais, razoavelmente inconsequente, numa fase terminal da irrequieta presidência francesa.
Assiste-se a uma visão mais objectiva do conflito. Amos Oz, o escritor israelita adepto de uma solução pacífica, qualificou o hamas de «gang». Talvez pela primeira vez, desde há muitos anos (após um período de fascínio pelo carisma de Yasser Arafat, a causa palestiniana está estagnada, depois de ter ficado, de certa forma, refém, do fundamentalismo do hamas e do hezbollah).
Pode ser que, depois deste capítulo da história do conflito, as posições fiquem mais extremadas.
Pode ser que se definam alguns elementos de ambiguidade, a que urgia pôr fim.

O meu desejo - como o de todo o Mundo - é que se alcance a Paz. E sem dúvida que reconheço a Israel o direito de defender os seus cidadãos. Mas a minha convicção é a de que se vai cavar mais fundo o fosso da intolerância.

1 comentário:

Justa Causa disse...

A intolerância em relação aos gangs é uma coisa sadia.