20070609

«Diga a frase, p. favor»

«Há elementos da Polícia que deveriam ter mais contenção na relação com a comunicação social, pois isso, de alguma forma, vai causar transtornos à investigação, não só passando alguns conhecimentos da investigação para o exterior, mas dando a impressão de que esta está a ser conduzida tipo 'discos pedidos', em que as pessoas viram para Marrocos, depois viram para Rússia, depois viram para a Inglaterra, depois viram ainda não sei bem para onde», afirmou.Barra da Costa, que falava à agência Lusa à margem do I Simpósio de Psicologia e Crime, ressalvou que «ninguém está a pôr em causa o esforço, a perseverança e os conhecimentos da Polícia Judiciária».
(do SOL on line de 9/10/2007)

O excelso Barra da Costa, "à margem" de uma iniciativa científica séria, veio entornar mais um bocadinho (só um bocadinho) de veneno sobre o trabalho da PJ no caso do desaparecimento da crinça inglesa, afirmando que a investigação anda ao sabor das «dicas» e, se calhar - o que é pior - dos ditames de Downing st. 10, com a submissa aprovação do governo e da direcção nacional da PJ.
Já toda a gente percebeu que a PJ não consegue deslindar o caso. Anda literalmente "aos papéis", o que só vem renovar uma velha questão, que é a da adequação das polícias a novos métodos de investigação criminal e aos limites que a estes devem ser consentidos no âmbito da prevenção e do combate à criminalidade organizada, violenta e de carácter transnacional.
Mas também é precio dizer que polícia nenhuma do mundo é infalível. É certo.
Coisa diferente é a subserviência revelada pelas autoridades nacionais, ao cederem às exigências das britânicas no sentido de as deixar inteferir nas próprias investigações, o que me parece ser muito diferente da desejável cooperação policial e judiciária internacional naqueles domínios.
O governo e a direcção nacional da PJ deu um sinal de grande vulnerabilidade, incapacidade e servilismo que, a pretexto de captar a simpatia dos ingleses (!), irá custar muito caro: para já, saiu ferida a dignidade e o (justificado) orgulho da autonomia da PJ.

Para acompanhar a boutade de Barra da Costa, o pedido deverá ser George Michael ou Elton John?
Diga a frase! (como impunha o locutor num célebre programa de discos pedidos ...).

NOTA: Espera-se, apesar de tudo, que a criança inglesa, seja resgatada com êxito e em segurança.

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