20080108

Entrevistas antológicas

«KAPA: Portanto a diferença aí é mais o assumir o que o devasso esconde..

Luiz Pacheco: Sim o devasso esconde e baralha, e….

K: Em A Comunidade ou outros textos há sempre este jogo autor/personagem e, já agora, há a questão do Limoeiro...

L.P.:Quando eu digo que fui para o Limoeiro três vezes, as pessoas podem ficar a supor que matei o pai, matei a mãe, matei a avozinha. Quando fui para ao Limoeiro, por exemplo, por dar um beijo a uma menina de 15 anos! Pregaram comigo no Limoeiro por atentado ao pudor e depois de estar lá um mês, cheio de medo, absolveram-me...

K: Foi denunciado por quem?

L.P.:Fui eu que me denunciei. Fui eu que disse na Judiciária. «O senhor teve alguma coisa com a menor?» «Sim beijei-a». «O senhor beijou-a?» O agente foi excepcionalmente simpático, disse-me: «Eu devo avisá-lo de uma coisa: a sua posição no processo permite-lhe mentir». Mas eu estava armado em D. Juan, em galã, «não, eu não venho aqui para mentir». Claro que também não disse a verdade toda. Não foi só o beijo, está claro. Mas nem o beijo comprometia a rapariga, e mostrava que tinha uma grande paixão por ela. Até tenho uma filha – a irmã mais nova deste chama-se Maria Eugénia por causa dessa rapariga.Portanto, quando se fala em Limoeiro não vão julgar que eu andei para aí a esfaquear pai e mãe. Por exemplo, eu fiz coisas muito mais perigosas cá fora pelas quais nunca fui preso. Fui para ao Limoeiro e à cadeia das Caldas das Rainha duas ou cinco vezes.»

Extracto da entrevista de Luiz Pacheco à KAPA de Julho de 1992

1 comentário:

Justa Causa disse...

sempre podiam fazer-lhe uma estátua em Campo de Ourique.
no Jardim da Parada.
Na esquina em frente à Livraria Ler.
ao lado da Maria da Fonte.
assim como o Fernando Pessoa a tomar café na Brasileira.
mas numa pose mais Luís Pacheco, mais autêntica.
ou em Braga, perto do quartel, talvez,