No seu programa, que dá pelo nome de «Prós & prós» (perdão, contras), a d. fátima c. ferreira exibiu mais uma vez a sua colossal falta de conveniência e a sua monumental ignorância sobre inúmeras questões sobre a Justiça e o sistema judiciário.
Sobre o problema da corrupção, uma chuva de banalidades, fomentada por Maria José Morgado, encontrou uma única posição sustentada e informada, por parte de Paulo Morais. Tem ele absoluta razão, ao dizer que o tema vem oscilando entre «a moda e o tabu». É interessante lembrar que o próprio Cavaco Silva, que agora se declarou inimigo jurado da corrupção, dizia, quando 1.º ministro, que «não somos um país de corruptos». Mas talvez tenhamos evoluído....
«Tabu» continua a ser o financiamento dos partidos, tema incómodo que importa esconjurar rapidamente.
Relativamente à «escandalosa» - mas «desculpável» - declaração do DN da PJ, Alípio Ribeiro, sobre a «precipitação» da constituição de arguidos do casal McCann, a dita sra. esqueceu-se de que o seu mesmíssimo programinha contribuiu de uma das formas mais abjectas para o avolumar da ideia de «culpabilização» dos pais de Maddie, ao convidar e dar crédito a um inenarrável e patibular «especialista» espanhol, que dissertou da maneira mais inquisitória, anti-científica e irresponsável, sobre o comportamento dos McCann.
P.S.: o dr. Ricardo Bexiga, que foi agredido selvaticamente, deixou uma marca de despeito e quase de sobranceria para com alguns agentes do sistema (alguns magistrados do DIAP do Porto) que, segundo ele, foram negligentes, indiferentes e inoperantes, em suma, incompetentes. O dito sr., que é agora "responsável político" (como ele próprio disse), é também advogado. Durante a semana passada, teve privilégios de prime time para comentar o destino do processo em que foi investigada a sua agressão («atentado», como ele prefere). Teve, mais uma vez, oportunidade de discorrer sobre o tema, fazendo questão de distinguir o seu processo «antes» e «depois» da intervenção da ECPAD.
Só não disse que o processo foi «ressuscitado» depois de [a responsável por] esta Equipa decidir avocar o processo após a consagrada escritora carolina salgado ter assumido ser a pessoa que agenciou a sua agressão. O que, inexplicavelmente, de facto, não foi suficiente para fundamentar uma acusação contra a mesma e os respectivos mandantes e mandatários.
O dr. bexiga, que normalmente até devia ser alvo de alguma compreensão, optou por discutir o seu processo nos media, na praça pública, sujeitando-se a tudo o que isso comporta, de melhor e de pior.
Perdendo a face, pois enquanto «responsável político» - com a vida «centrada em Lisboa» à sombra do governo -, devia ter feito tudo para evitar alimentar a especulação jornalística.
Enquanto advogado, devia saber que os processos têm regras.
Como cidadão, é pena que os seus privilégios lhe tenham permitido colonizar ("parasitar", como gosta de dizer o seu colega de partido José Lello) um programa de uma televisão pública em horário nobre, a propósito do seu caso pessoal (tão respeitável como milhares de outros).
Uma nota final: o programa teve a virtualidade de demonstrar que os tempos da Justiça e o real time dos media são incompatíveis.
E terão sempre de o ser. Compreendam-no os jornalistas e os comentadores. A bem da informação e do rigor da formação cívica.
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