Lá isso há.
«Os marginais perceberam que passaram a viver num sistema de impunidade total. Antes, quando se faziam detenções, as pessoas iam para a cadeia e ficavam em prisão preventiva a aguardar a realização do julgamento. Agora não.
Em Crimes com molduras penais até aos cinco anos de prisão, ficam em liberdade a aguardar julgamento", salientou o sindicalista.Esta sensação é muito frequente entre as forças de segurança. Outro elemento das forças de segurança sublinha ao DN que "nesses longos períodos em que ficam cá fora à espera de julgamento, continuam a praticar crimes".
Segundo António Ramos, "há pessoas que viram crimes serem cometidos e recusam ser testemunhas, porque têm medo, pois os suspeitos ficam em liberdade e podem-lhes fazer mal".
Com o novo código, "também mandaram para fora das cadeias muita gente que estava a aguardar julgamento em prisão preventiva. Tudo para não terem as prisões tão cheias. Isto acaba por fazer aumentar a criminalidade".
António Ramos lembra que "antigamente, quase ninguém matava ninguém. E a violência dos crimes está a aumentar. Até 2003, quando havia um assalto a um banco, isso era uma situação fora do normal. Agora, todos os dias são assaltados bancos".
"E também aumenta a agressividade contra as forças de segurança. Cada vez há mais casos em que tentam atropelar agentes. Em média, são agredidos três polícias por dia", diz o sindicalista.Além disso, "é cada vez mais fácil adquirir armas de fogo. Há redes organizadas para as venderem, nos bairros problemáticos, como na Cova da Moura (Amadora), e em Lisboa, junto da Praça do Comércio, na Mouraria e até na Rua Augusta. As armas vêm de outros países, até de ex-militares do Leste europeu que ficaram com armas e as vendem", explica o presidente do SPP.
Recorde-se, a propósito, que, no final de Fevereiro, Rui Sá Gomes, secretário de Estado da Administração Interna, considerou o total de 6500 armas recolhidas em dois anos como «um sucesso muito importante», mas reconheceu não ser suficiente. Calcula-se que haverá 770 mil armas ilegais, número igual ao das legalizadas.
Por seu turno, o presidente do Observatório da Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo considerou ontem que os casos de criminalidade em Portugal são "pontuais", mas admitiu começarem a ser "repetitivos" e "mais violentos". O general Garcia Leandro disse à Lusa que a situação "não é de alarme", mas a população deve estar "atenta". Reconhece "um aumento da criminalidade nas áreas urbanas de Lisboa e Porto", apontando como causas a globalização, o tráfico de armas, máfias organizadas, problemas financeiros e sociais e as dificuldades de inclusão dos imigrantes.
Também o director do Gabinete Coordenador de Segurança, Leonel de Carvalho, reconheceu serem anormais estes crimes, mas disse à Lusa que a criminalidade em Portugal tem vindo a estabilizar desde 2003.»
Do DN on-line
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