Perante a falência das respostas institucionais aos problemas das crianças em perigo, abandonadas e negligenciadas, surge uma proposta inovadora, a «semi-adopção», para evitar a institucionalização e as situações de indefinição do acolhimento.
O responsável do Observatório da Adopção, Guilherme de Oliveira é alguém que garante a excelência da reflexão e a qualidade da proposta.
Veremos se não é apenas mais um capítulo do capitulacionismo do Estado.
20080328
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4 comentários:
Espero que as possíveis alterações na futura lei não interfiram em casos mediáticos, que estão a ser julgados nos nossos Tribunais, há anos, com decisões cujo cumprimento foi recusado pelos réus, e que levou à sua punição por isso. São casos que não compreendo até porque se arrastam ainda hoje.
Não pode ficar a suspeita de que estão a "criar leis à medida dos interesses de uma das partes". Isso seria um mau exemplo para a Justiça portuguesa.
Zé da Burra o Alentejano
Esta semi-adopção, que é uma coisa existente em vários países, parece-me ser afectada por duas questões:
Uma é que é difícil de ver como é que se adopta uma criança mantendo esta os laços com a família biológica, que é uma família problemática e por isso mesmo a criança está institucionalizada. Não me estou a ver a levar uma criança para casa e depois a minha relação com a criança ser espiolhada por uns gajos que não souberam tomar conta dela. Dividir afectos assim parece-me difícil. Quem quer adoptar uma criança quer ter o seu afecto.
A segunda questão é mais lata,não se coloca só com a semi-adopção:
A maioria das leis que regulam as matérias cíveis relativas a crianças, e até há pouco tempo mesmo a OTM na parte que foi substituída pela LTE, estão feitas na perspectiva de que ao atingir a maioridade a criança se torna autónoma, arranja um emprego, faz-se à vida.
Ora isso hoje já não é assim. Os filhos saem de casa dos pais quase lá para os trinta.
As pessoas vão arriscar ter uma pessoa em casa com cujo afecto não podem contar a 100% visto que há uma família biológica com quem o semi-aoptado tem de partilhar afectos?
Este instituto é simpático, tudo o que permita acabar com a institucionalização de crianças é simpático na minha perspectiva.
Não me parece é eficaz.
Caro Justa Causa
A adopção implica partilha de afectos. Uma adopção com sucesso é uma "doação" a quem pode criar - quem dá, dá por afecto.
Já temos uma partilha.
A realidade´muitas vezes não é esta, é a oposta - pois será então que podem surgir os problemas.
Todos nós sabemos de quem nascemos. Está gravadinho no inconsciente e não sai.
Os adoptados, os semi-adoptados ou outros que tais, deveriam sempre beneficiar de um "estatuto" de maior liberdade na família de acolhimento, no sentido de saberem quem são os seus pais biológicos e visitarem-nos, se quisessem.
Infelizmente, é o espectáculo subdesenvolvido da propriedade sobre a criança que se desenrola sob os nossos olhos.
A adopção deve imitar a natureza.
A família natural é um lugar de afectos e de ciúmes.
Não me parece que seja uma questão de propriedade mas de insegurança.
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