Afinal, a notícia da morte do cão foi «um pouco exagerada».
Os donos da galeria afirmam que alimentaram o animal e que o mesmo fugiu.
Ninguém parece ter visto o seu cadáver. O artista terá dito que tudo não passou de uma encenação (happening) no sentido de avaliar o tipo de reacção das pessoas perante a iminência da morte de um animal à fome.
A iniciativa do protesto tem, por isso, contornos paradoxais. Sem dúvida que se deve denunciar um acto hediondo (a sujeição de um animal a maus tratos será um deles?). Sem dúvida que se deve condenar a gratuitidade dos maus tratos a animais, mesmo com fins artísticos.
Mas, os contestatários esquecem que, considerando o «direito dos animais» um direito absolutizante, ninguém se antecipou nem tentou impedir a provável consequência do acto (a morte do cão).
Todo este episódio não passou de um monumental exercício de hipocrisia de apaziguamento das (más) consciências.
20071030
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