20071028

Hermitage ou o brilho "pós bolchevique" dos Czares.

Julgo, como muitos portugueses, que a despesa com a instalação da colecção do Hermitage é um perfeito desperdício financeiro, em tempo de obsessão com o cumprimento dos critérios do «défice orçamental».
Quanto mais não fosse, são verbas que seriam muito melhor aplicadas na promoção de novos valores artísticos nacionais.
Mas, o problema é que esse inesperado «novo riquismo cultural» esconde outra realidade. O espavento apologético com que Putin foi recebido em Portugal é revelador de uma subserviência que se julgava ultrapassada e de um deslumbramento bacoco.
Contrasta, aliás, de maneira flagrante com a forma vergonhosa como, sem qualquer subterfúgio diplomático, o ministro dos Negócios Estrangeiros recusou receber oficialmente o Dalai Lama (por causa das supostas ou reais ameaças chinesas, os dirigentes portugueses manifestaram uma das mais despudoradas faltas de elevação diplomática, a roçar o mesquinho alinhamento com uma potência mundial cujo respeito pelos mais elementares direitos humanos é o que se sabe, o que nos deveria envergonhar a todos).
Afinal, a baixa real politik da capitulação aos interesses dos poderosos ainda fala muito alto.
A agenda dos Direitos Humanos nunca foi o forte deste governo.

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